Livro quer pôr todos a olhar para as rochas em Loulé

Obra sobre a geologia urbana de Loulé foi escrita pelos fundadores da GeoWalks & Talks, a primeira empresa de geoturismo algarvia

Quem ler este livro «nunca mais vai olhar para as rochas da cidade de Loulé da mesma forma». Quem o assegura é Hélder Pereira e Francisco Lopes, os autores do livro “Histórias Gravadas nas Rochas. Guia de Campo: à Descoberta das Rochas e Fósseis em Loulé”, que foi apresentado na passada semana, nos Paços do Concelho louletanos.

A obra, uma edição da Câmara Municipal de Loulé/Museu Municipal, convida a passear pela cidade e descobrir rochas e fósseis, com milhões de anos.

«Esta é uma ideia bastante antiga, que começou a materializar-se com alunos da Escola Secundária de Loulé. Foi isso que serviu de base ao trabalho que acabámos por desenvolver e aprofundar», disse ao Sul Informação Hélder Pereira, que, à semelhança de Francisco Lopes, é professor de biologia e geologia.

Os dois autores do livro são, igualmente, os fundadores da GeoWalks & Talks, empresa algarvia de geoturismo.

«Percorremos as ruas da cidade, com um olhar um pouco diferente, um olhar treinado, no sentido de perceber as histórias que estão escondidas à vista de todos, nos materiais rochosos usados na construção da cidade – as muralhas, os monumentos, os pavimentos e as paredes dos edifícios», acrescentou.

No fundo, trata-se de «encontrar as histórias que existem nas rochas, seja a que é contada pelos fósseis de seres vivos que viveram há milhões de anos, em oceanos, alguns deles, já desaparecidos, seja a rocha mais antiga de Loulé ou outras que vieram de outros continentes».

 

 

O livro é uma ferramenta que permite «explorar a cidade de uma forma que não é habitual, valorizando e promovendo o património. A perspetiva é sempre chegar ao público em geral, mas também pode ser utilizado por públicos mais específicos, nomeadamente pelas escolas», explicou, por seu lado, Francisco Lopes.

«Este recurso pode ser explorado ao nível pedagógico, da divulgação científica – se alguém quiser aprofundar o trabalho que foi feito ao nível científico, também pode fazê-lo – e pelos turistas que visitam a cidade», acrescentou, em declarações ao Sul Informação.

A versão que foi lançada do livro é bilingue – português e inglês – a pensar nos visitantes e, de certa forma, naqueles que têm negócios na cidade.

«Um turista que vier cá não se limitará a fazer o percurso. Vai entrar num café ou num restaurante, poderá ficar para a noite e até pernoitar. Vai-se criar na cidade uma dinâmica que não existia antes. Pode ser uma forma de atrair mais pessoas que dinamizem a economia local», acredita Francisco Lopes.

Para que o livro pudesse chegar a todos, os autores tiveram o cuidado de utilizar «uma linguagem simples, mas cientificamente correta, no sentido de desmistificar a ciência por detrás daquilo que podemos observar nas rochas da cidade».

«Aquilo que queremos, no fundo, é colocar as pessoas a olhar para os materiais pétreos com uma perspetiva completamente diferente. Os nossos alunos, no caminho entre as suas casas e a escola, passam por sítios e dizem-nos: “passo aqui todos os dias e nunca tinha reparado que existia este fóssil de uma concha” ou algo do género. Ouvir esse tipo de comentários deixa-nos plenamente realizados», resumiu Hélder Pereira.

 

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