OrBlua dão voz a «Retratos Cinéticos» no Teatro das Figuras

No início tudo foi Azul, um Sul Azul. O projeto discográfico da Rádio Universitária do Algarve (um desafio a bandas […]

Orblua3No início tudo foi Azul, um Sul Azul. O projeto discográfico da Rádio Universitária do Algarve (um desafio a bandas algarvias para que cantassem o sul) serviu de gatilho, em 2011, para que os Orblua iniciassem a sua carreira.

Dois álbuns depois, esta quinta-feira, dia 19, os OrBlua dão a conhecer o seu novo trabalho, com um concerto de estreia de «Retratos Cinéticos» no Teatro das Figuras, em Faro, às 21h30.

«Começámos com o Sul Azul. Na altura, a ideia era gravar uma música para a coletânea, também era uma homenagem ao Algarve. A gravação e a preparação da música correu tão bem que deu início a um projeto que continua no ativo», recorda Nuno Murta, responsável pelas percussões da banda, numa entrevista à RUA FM e ao Sul Informação.

O início fez-se com mais dois elementos, mas, por razões diversas, os OrBlua tornam-se num trio, o que obrigou a uma adaptação musical.

Inês Graça: Os concertos são diferentes do álbum, «já que, quando estamos a gravar, podemos acrescentar mais um pormenor, mais um miminho…»

O primeiro registo do grupo, «Trihologia Noctiluca», saiu em Dezembro de 2012. Para Inês Graça, o elemento feminino do trio, o EP «foi uma aprendizagem. Chegámos a um ponto que tivemos de escolher que caminho musical íamos tomar. Foi o nosso tempo de aprendizagem até definirmos realmente OrBlua como somos hoje».

A apresentação do «Trihologia Noctiluca» levou o trio aos primeiros concertos e à descoberta de
um novo amigo – o pedal de loop, «que nos permitiu explorar mais ao vivo», reforça Inês. A banda assumiu, desde o início, que os concertos seriam diferentes do álbum, «já que, quando estamos a gravar, podemos acrescentar mais um pormenor, mais um miminho…»

Orblua2O lançamento do primeiro registo é feito em nome próprio – edição de autor – mas chega aos ouvidos de Tiago Pereira, mentor do projeto «A Música Portuguesa a Gostar dela Própria», que, com eles, produz dois vídeos e os convida para o documentário «O povo que ainda canta», com um pedido especial para criarem uma música, que deu nome ao episódio sobre o Algarve – «Quem manda aqui sou eu».

É também com o «Trihologia Noctiluca» que o som dos OrBlua chega às mãos da Ocarina, uma agência de Lisboa que, além de passar a representar a banda, se torna, como refere Carlos Norton, parte integrante do grupo – «já conhecíamos o trabalho da Ocarina, de imediato aceitámos e tem sido um parceria fabulosa. Estamos aqui os três para uma entrevista, mas nós somos três músicos, mais um técnico de som e a nossa agente, a Ana, é aqui o 5º elemento. É uma parceria que tem corrido muito bem e tem dado os seus frutos».

«Houve muitas coisas que aconteceram em simultâneo, as gravações para a Música Portuguesa são pré Ocarina. O que é certo é que o nosso trabalho chegou a mãos e ouvidos que gostaram do nosso trabalho e isso facilitou muita coisa», reforça Carlos Norton, multi-instrumentista.

Os OrBlua têm já presenças em festivais de música, em diversos programas de rádios e televisões nacionais. Estes concertos, acrescenta, ajudaram a que o público passasse a conhecer a banda, «às vezes mais do que a parte musical direta, acaba por funcionar como propaganda. Se há dois anos, quando se falava em OrBlua, ninguém sabia o que era, até porque é um nome complicado, hoje já começa a ser conhecido e esperemos que, daqui a um ano, toda a gente conheça o que é Orblua».

OrBlua_JorgeJubilot p03_smallO grupo parece conseguir contrariar algumas das queixas das bandas algarvias de que a Serra do Caldeirão é muito complicada de ultrapassar. «A distância é sempre um impeditivo. É difícil ir daqui para Lisboa quando sabemos as despesas da deslocação, bem menor para uma banda de Coimbra, com mais salas e bem mais perto. Essa é uma grande barreira para as bandas algarvias. Acima de tudo, existe um hiato entre as poucas salas do Algarve (e Alentejo) e as grandes salas do resto do País».

Serem representados pela Ocarina deixa-os «bem mais descansados. O que seria o papel da banda, de andar a fazer contactos e à procura de concertos, ficamos de braços cruzados. Apenas temos de nos preocupar com a parte musical. Ainda por cima, sendo uma agência nacional, sediada em Lisboa, torna-se mais fácil fazer os contactos com essas salas e com esses promotores para nós tocarmos», acrescenta Carlos Norton.

Inês Graça: «Em vez de fazermos um CD simples, que muitas vezes as pessoas olham e não ligam nenhuma, porque não fazer um objeto que seja interessante de se adquirir? Por isso, decidimos fazer um livro de fotografias, que, por acaso, tem um CD com as nossas músicas, o nosso álbum»

Esta quinta feira, os OrBlua dão a conhecer o seu novo trabalho, com um concerto às 21h30 no Teatro das Figuras, em Faro. «Retratos Cinéticos» é, como explica a sorridente Inês Graça, um livro de poemas, de fotografias e um álbum de música.

«No ano passado, começámos a trabalhar com um amigo novo, o Jorge Jubilot, que tem umas excelentes fotografias, começámos a incluí-las como cenário dos nossos concertos, mas decidimos não ficar por aí. Em vez de fazermos um CD simples, que muitas vezes as pessoas olham e não ligam nenhuma, porque não fazer um objeto que seja interessante de se adquirir? Por isso, decidimos fazer um livro de fotografias, que, por acaso, tem um CD com as nossas músicas, o nosso álbum», acrescenta Inês.

Este novo registo tem 11 músicas, algumas delas já tocadas ao vivo ou registadas nos vídeos do Tiago Pereira, mas, como afirma Carlos Norton, «quando olhamos para o Sul Azul e Trihologia Noctiluca temos um orgulho no que fizemos, a par do sentimento de que, se fosse agora, faríamos muito melhor. Não fizemos nada de errado na altura e orgulhamo-nos muito, mas evoluímos como banda».

OrBlua_Jorge Jubilot_2Alguns destes novos temas foram compostos pouco tempo depois do EP, «mas não estavam gravados, uns têm uma roupagem nova, outros foram compostos há pouco tempo. Retratos Cinéticos acaba por ser a fase de OrBlua que passa, desde o lançamento de Trihologia Noctiluca até há um mês».

Estes Retratos trazem também convidados em dois temas. Quando, há dois anos, foram convidados para participar no Festival Sérgio Mestre, o grupo escolheu fazer um versão de «Calendário». Agora, para a sua gravação, «decidimos convidar um amigo do Sérginho, tanto por ser amigo dele, tocaram e gravaram juntos diversas vezes, mas também porque encaixava no timbre de voz que nós queríamos: convidámos o Janita Salomé para gravar o dueto com a Inês».

Quanto aos outros convidados, resultam dos diversos convites que surgiram para programas de rádio. Neste caso, uma junção no programa Passado ao Presente da Antena1, entre uma banda nova e outra com alguma carreira. A relação com os Gaiteiros de Lisboa manteve-se fora dos estúdios da rádio e, quando estavam a gravar o álbum, «decidimos, porque não? Fizemos a entrevista, damo-nos bem, porque não?» O convite foi aceite e as vozes dos Gaiteiros de Lisboa podem ouvir-se no tema «Tempo Estado».

Carlos Norton: A banda já não mantém a tradição dos primeiros concertos, com novas músicas a cada atuação, mas «compomos muito e temos sempre novidades musicais».

Esta quinta-feira, no Teatro das Figuras, os OrBlua vão tocar o novo trabalho na íntegra, mas estão prometidas «algumas novidades musicais já pós Retratos Cinéticos». A banda já não mantém a tradição dos primeiros concertos, com novas músicas a cada atuação, mas, reforça Carlos Norton, «compomos muito e temos sempre novidades musicais».

Em palco, a banda utiliza cerca de 20 instrumentos étnicos e contemporâneos para falar sobre o Algarve, o seu passado e tradições, do património, das gentes e das paisagens.

O concerto tem início marcado para 21h30, os bilhetes custam 7 euros e pode ser assistido por maiores de 6 anos.

Depois da apresentação no Teatro das Figuras, os OrBlua são um dos seis nomes que representam a Música Portuguesa no Ciclo Exploratório de Música Tradicional, no dia 1 de Abril, no Teatro de S. Luiz, em Lisboa.

 

Os Orblua são:
Inês Graça – Voz, bouzouki, guitarra, baixo, concertina, cana rachada, violoncelo
Nuno Murta – Cabaça de água, adufe, darbouka, glockenspiel, percussões variadas
Carlos Norton – Voz, gaita-de-foles, gralha, banjo, harpa, bodhrán, piano, melódica, concertina, duduk, sanfona, loop station

 

Pode ouvir a entrevista na íntegra, no sábado, dia 21, às 14h00, na Rádio Universitária do Algarve (RUA FM), que pode ser ouvida em 102.7 ou clicando aqui.

 

 

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