Cristóvão Norte, recandidato à liderança da Comissão Política Distrital do PSD e cabeça da única lista a votos, promete ser «exigente com o Governo» liderado pelo social-democrata Luís Montenegro e que não irá mudar de discurso em defesa da região, apenas porque o seu partido está agora no poder, a nível central.
A garantia de que fará a defesa da região, que já tinha sido dada na segunda-feira na apresentação oficial da sua recandidatura, foi reiterada por Cristóvão Norte em declarações ao Sul Informação, já depois de saber que seria candidato único nas eleições internas de dia 20.
«É importante dizer que os algarvios, neste momento, não acreditam em nada do que os políticos dizem e isso explica em larga medida os resultados das últimas Eleições Legislativas, na região», começou por salientar o atual e futuro presidente do PSD/Algarve.
A pensar «nos algarvios que acham que a região é maltratada», Cristóvão Norte promete «liderar uma distrital cujo mote é ser exigente para com o Governo, até porque confio que o Governo tem capacidade e vontade de resolver os problemas do Algarve»
«Há muito que tínhamos perdido a esperança de ter um novo hospital, vimos os esforços de requalificação da EN125 cair por terra, o atraso nas obras de eletrificação da ferrovia e a ausência de uma política de interligação dos diferentes meios de transporte e de uma verdadeira política de mobilidade na região», porque o anterior Governo PS, acusou, «nunca elegeu o Algarve como prioridade».
Apesar de estar «muito seguro de que a visão do Governo para a região se enquadra com as ideias e com aquilo que vem sendo defendido pelo PSD Algarve», Cristóvão Norte compromete-se a defender a região, tanto na condição de líder da distrital, como na de deputado à Assembleia da República.
«Não há um Cristóvão Norte presidente da Distrital e outro Cristóvão deputado. Eu tenho, para o bem e para o mal, o histórico de ser o deputado do PSD que mais vezes votou desalinhado com a maioria da bancada», recorda.
Antecipando já os desafios que terá no próximo mandato, o líder dos social-democratas algarvios elege as Autárquicas de 2025 como sendo o maior.
«Queremos furar a muralha socialista, aqui no Algarve. Acreditamos que podemos apresentar um conjunto de candidatos e de propostas políticas fortes e capazes de convencer as populações dos diferentes concelhos», acredita.
O atual e futuro líder do PSD Algarve considera que a conquista de mais Câmaras Municipais pelo PSD será benéfica para a região, uma vez que, «principalmente nos últimos dez anos, se acentuou a hegemonia do PS nas autarquias e entidades públicas da região», situação que acredita ser «lesiva para o Algarve».
Isto porque, alega, nos últimos anos «o PS abdicou de ter um caderno reivindicativo» em prol da região e «subjugou-se aos ditames do Governo e do Poder Central».
E quanto a alianças e coligações, nomeadamente com partidos mais à direita do PSD, até que ponto é que Cristóvão Norte está disposto a ir?
«A minha visão, no que toca a alianças e coligações, é a mesma que foi assumida pelo partido nas Legislativas. Luís Montenegro entendeu que não haveria espaço para alianças com o Chega, por se tratar de princípios, valores e projetos políticos irreconciliáveis. Eu concordo plenamente com a política de alianças traçada para as últimas eleições».
«Agora, ninguém pode saber como será daqui a dois anos. Caberá à Comissão Política Nacional definir a política de alianças», diz ainda.
No que toca à saída de militantes para outros partidos, como aconteceu com Rui Cristina, que foi deputado do PSD na última legislatura e, em 2024, concorreu e foi eleito pelo Chega, Cristóvão Norte não considera que obrigue à adoção de medidas, uma vez que este – como os casos ocorridos a nível nacional envolvendo outros militantes social-democratas – foram «situações pontuais, motivadas por projetos políticos pessoais, que nada têm que ver com a convicção do que seria melhor para o Algarve».
A apresentação da recandidatura de Cristóvão Norte a presidente do PSD/Algarve foi feita no Estádio Algarve, perante cerca de centena e meia de militantes, mas sem a presença de figuras nacionais do partido.
A nível regional e dos antigos presidentes da Comissão Distrital do Algarve, apenas marcou presença Mendes Bota, que é o candidato a presidente da Assembleia Distrital, que disse ter aceite o convite para ser candidato ao cargo por querer «ajudar o PSD e Luís Montenegro a continuar a ser primeiro-ministro e a fazer o que é necessário pelo Algarve e por Portugal».
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