Selo “Save Water” vai distinguir empresas turísticas do Algarve que poupem água

Certificação tem associada um programa de apoio para financiar as medidas de adaptação que as empresas implementarem

Foto: Hugo Rodrigues | Sul Informação

O objetivo é promover a poupança de água em unidades hoteleiras e no setor do turismo, em geral, oferecendo, em troca, um selo que reconhece o esforço e o contributo das empresas para o desígnio regional de reduzir em 15% o consumo de água no setor urbano.

O selo “Save Water”, que atestará que as empresas turísticas do Algarve estão a fazer o seu papel na luta contra o desperdício de água e em prol do uso eficiente deste precioso recurso, foi apresentado esta segunda-feira, dia 18 de Março, na sede da Região de Turismo do Algarve, em Faro, numa sessão que contou com a presença de Nuno Fazenda, secretário de Estado do Turismo.

Para obter o selo e a certificação de eficiência hídrica que ele confere, as empresas parceiras comprometem-se a adotar, de forma faseada, 30 medidas de poupança de água, de uma lista de 60. Caso as empresas já tenham implementado medidas que constam da lista, elas podem ser incluídas no plano de ação, ainda que com limitações.

Segundo André Gomes, presidente do Turismo do Algarve, estão em causa «medidas de eficiência hídrica que foram trabalhadas de uma forma muito premente, quer do ponto de vista técnico – aqui com uma grande contribuição por parte da Agência para a Energia (Adene) -, quer com os representantes do setor».

«As empresas do alojamento turístico estiveram envolvidas desde Dezembro, em muitas horas de reuniões de trabalho com a Adene», a associação parceira do Turismo do Algarve e do Turismo de Portugal neste programa.

 

André Gomes – Foto: Hugo Rodrigues | Sul Informação

 

Em causa, estão medidas de eficiência hídrica ligadas aos dispositivos (torneiras, bocas de chuveiro e outros), a origens alternativas, à rega, às piscinas, aos equipamentos, à limpeza, a comportamentos e à gestão e manutenção.

As 60 medidas dividem-se entre prioritárias, que são as que «podem dar resultados de uma forma mais premente e mais imediata», que são 18 no total, e as estruturantes (42), que são «aquelas que levarão mais tempo a ser implementadas», segundo André Gomes.

Estas últimas, por serem de maior complexidade, são também aquelas para as quais «foram criados, em grande medida, os mecanismos de apoio por parte do Turismo de Portugal para ajudar as empresas».

Estes apoios dividem-se em duas linhas, segundo Carlos Abade, presidente do Turismo de Portugal: uma dedicada exclusivamente ao Algarve, com dotação de 10 milhões de euros, e outra de âmbito nacional, com 50 milhões de euros, mas que tem vantagens extra para as empresas que implementarem no Algarve projetos de promoção da eficiência hídrica.

Exclusivamente para a projetos a implementar na região algarvia, foi criada a linha “+ Eficiência Hídrica Algarve”, à qual podem candidatar-se micro, pequenas e médias empresas, desde que sejam estabelecimentos hoteleiros, de turismo no espaço rural ou parques de campismo e de caravanismo.

Nesta linha, que estará aberta em contínuo a partir de 1 de Abril até a dotação terminar, cada empresa pode apresentar uma candidatura com um valor máximo de 50 mil euros, beneficiando de um apoio a fundo perdido de 50%.

O financiamento desta linha virá de «capitais próprios do Turismo de Portugal».

 

Carlos Abade – Foto: Hugo Rodrigues | Sul Informação

 

A outra linha de apoio já existia e chama-se “Turismo + Sustentável», destinando-se a PME, mas também a grandes empresas.

Neste caso, trata-se de um empréstimo junto da banca, com garantia do Estado (80%), que terá de ser reembolsado pelos candidatos, ainda que com condições vantajosas. O valor máximo por candidatura é de 750 mil euros.

Neste programa, há um prémio de desempenho que converte parte do valor em apoio a fundo perdido, que, no caso do Algarve e para operações ligadas à eficiência hídrica, pode ascender aos 30% (no resto do país é de 20%).

Esta é uma medida de adesão voluntária, mas André Gomes antecipa que haverá «uma adesão, esperamos, massiva, por parte das unidades de alojamento turístico na região».

«É com muito agrado que registamos, neste processo de preparação do modelo do selo e das próprias medidas em si, uma participação muito ativa por parte das empresas de alojamento turístico na região, através das associações que as representam», afirma o presidente do turismo do Algarve.

Na sala estavam, de resto, representantes das principais associações do setor, nomeadamente a Associação dos Hotéis e Empreendimentos Turísticos do Algarve (AHETA), a Associação dos Industriais Hoteleiros e Similares do Algarve (AIHSA) e a Associação da Hotelaria de Portugal (AHP).

«Algumas das empresas estão já, inclusivamente, a implementar muitas destas medidas. Seja a aplicação de redutores de caudal nas torneiras, a mudança da tipologia de chuveiros, a redução dos espaços verdes – e essa, de facto, é uma medida que cremos que vai ter eficácia e vai dar um grande contributo para os objetivos a que nos propusemos -, o facto é que vemos todos os dias empresas e empreendimentos turísticos da região a aplicar medidas», reforçou André Gomes.

«Creio que hoje foi dado um passo muito importante para a afirmação do Algarve como um destino sustentável à escala internacional. O Algarve é um destino turístico de excelência e hoje deu mais um passo importante para a sua reafirmação ou constituição como um destino sustentável, porque há aqui um compromisso de vários atores, de entidades locais, regionais, instituições empresariais, internacionais, para uma melhor gestão, poupança e uso de água», disse o secretário de Estado do Turismo.

Nuno Fazenda salientou ainda a «mobilização de recursos financeiros para apoiar as empresas na transição e adaptação para uma melhor poupança e gestão do uso de água», bem como a campanha de sensibilização do Turismo de Portugal a apelar à poupança de água, dirigida a turistas estrangeiros e nacionais, que foi igualmente lançada esta segunda-feira.

 

Fotos: Hugo Rodrigues | Sul Informação

 

 

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