PRR reforça verbas destinadas aos Polos de Inovação Agrícola de Faro e Tavira

O investimento global é superior a 2,2 milhões de euros

O financiamento que estava previsto no Plano de Recuperação e Resiliência, destinado aos Polos de Inovação Agrícola de Tavira e de Faro foi reforçado em quase 120 mil euros, na sequência de uma portaria de 22 de Março, anunciou a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR) do Algarve, onde foi recentemente integrada a entretanto extinta Direção Regional de Agricultura e Pescas.

Esta verba vêm reforçar os mais de 2 milhões de euros que o programa já havia destinado a diversos projetos a ser realizados nestes dois polos de inovação que «visam promover e apoiar o desenvolvimento experimental, demonstração e transferência de conhecimento e tecnologia, privilegiando para tal as parcerias com várias entidades, públicas e privadas, da administração, sistema científico e tecnológico, educação e formação, associações e empresas do setor agroalimentar», segundo a CCDR Algarve.

Fruto da desatualização dos custos projetados inicialmente na candidatura face às novas realidades emergentes, quer pelo nível da dificuldade na aquisição de matérias e equipamentos, quer pela subida drástica de preços em resultado das alterações da conjuntura económica foi efetuado um pedido de reforço financeiro no montante de 119.860 euros.

O Polo de Inovação de Tavira, também conhecido como Centro de Experimentação Agrária de Tavira (CEAT), viu a verba que lhe estava destinada (1.568.382 euros) ser aumenta em 88 mil euros. Já para o Polo de Inovação de Faro, há mais 30.911 mil euros disponíveis, que se võ juntar aos 646 mil euros originais.

No Polo de Tavira, a candidatura «prevê a reabilitação do edifício-sede da delegação dos serviços regionais de agricultura e desenvolvimento rural com a renovação total da rede de rega, substituição da vedação da propriedade e pavimentação da via principal. No que diz respeito a equipamento a candidatura inclui a aquisição de: mobiliário e equipamento de escritório e para apetrechamento do auditório e do laboratório; aquisição de máquinas e equipamentos agrícolas; equipamento informático e analítico de laboratório».

«Os serviços desconcentrados da Agricultura e Desenvolvimento Rural mantiveram no Polo de Inovação de Tavira, coleções de várias fruteiras e de castas de vinha, que ocupam uma área total 7,51 hectares (ha). Este património genético, constituído por espécies como a alfarrobeira, amendoeira, figueira, oliveira, nespereira, macieira, romãzeira e vinha, congrega cerca de 700 variedades, castas e acessos. A caraterização de variedades tradicionais incluídas nas coleções é fundamental para determinação do seu potencial agronómico e ambiental e para efeitos de registo e certificação do material vegetal», acrescenta a CCDR Algarve.

Quanto à vinha, «tem sido mantida uma importante coleção de clones da emblemática casta algarvia Negra Mole, constituída por 198 clones, para os quais há necessidade de relocalização, pretendendo se instalar esta coleção no Polo de Inovação de Tavira, para preservação deste único e valiosíssimo património. Fazem também parte do Polo de Inovação de Tavira, vários pomares de citrinos, com utilizações diversas, que serão mantidos durante o período de vigência do projeto, num total de 2,45 ha. Numa das repetições da coleção de alfarrobeiras, será instalado um ensaio de consociação com pitaia, uma espécie com baixo consumo de água, em que será estudado o sistema de suporte».

Já o Polo de Inovação de Faro, sediado no Patação, é uma infraestrutura que pretende ser «como referência nacional para a produção frutícola e hortofrutícola, com particular ênfase em práticas agrícolas sustentáveis, como o Modo de Produção Biológico, na preservação da biodiversidade, na gestão racional dos recursos hídricos, no desenvolvimento da agricultura social, na área da experimentação, inovação, divulgação e transferência da tecnologia».

Esta unidade «dispõe de uma área aproximada de 12 ha, que integra edificado com várias valências, onde se destaca o edifício-sede dos serviços desconcentrados da área da Agricultura, Desenvolvimento Rural e Pescas que reúne os serviços de atendimento, técnicos e administrativos e outras estruturas de apoio à atividade agrícola».

«Os citrinos assumem-se como a principal cultura agrícola regional e representam cerca de 80% da produção nacional. Neste Polo encontra-se instalada a maior coleção de citrinos do País, com mais de 214 entradas, onde se destacam 91 acessos de laranjeiras, 41 de tangerineiras e seus híbridos, 60 limoeiros, limeiras, toranjeiras, pomeleiros, cunquatos e outros. Encontra-se também instalado um ensaio de citrinos em Modo de Produção Biológico, único no País», descreve.

A atividade do Polo de Inovação de Faro engloba também ensaios no âmbito do projeto PRR “Valorização de recursos genéticos tradicionais, novas culturas e gestão de água de rega em contexto de alterações climáticas”, com projeto também já em execução. Assim, «está prevista a instalação de um ensaio de rega deficitária, num pomar de laranjeiras, e a manutenção, em abrigo, de pés mãe de variedades de citrinos, objeto de saneamento para obtenção de material vegetal livre de vírus».

No âmbito da agricultura social, os serviços desconcentrados da área da agricultura e desenvolvimento rural disponibilizam um terreno para culturas hortícolas, ao Banco Alimentar Contra a Fome do Algarve, cuja produção se destina aos beneficiários da instituição. Resultante de um protocolo de cooperação com o Município de Faro está também previsto o desenvolvimento de um projeto para a criação de hortas sociais, com vista à produção de bens agrícolas para autoconsumo pela população mais desfavorecida.

Também se procederá à modernização da Rede de Inovação, «através da renovação e requalificação de infraestruturas e equipamentos, constituição de unidades de demonstração em modo de produção biológico e com vertente educativa e social e na preservação e estudo de germoplasma de citrinos».

No âmbito deste projeto, serão constituídas duas novas estruturas de demonstração, uma das quais dedicada ao Modo de Produção Biológico, denominada “Unidade de Demonstração, Desenvolvimento e Divulgação da Agricultura Biológica”, que inclui «um ensaio de citrinos, um campo de abacateiros e ensaio de hortícolas».

Está também programada a “Unidade de Demonstração Pedagógica e de Divulgação Agrícola” «que integra um arboreto e o Jardim Algarve, compostos por espécies mediterrânicas, parcelas de anoneiras, feijoeiras e damasqueiros, campos de estrelícias, catos e suculentas, espaços verdes e plantas ornamentais dispersas».

Estas unidades «pretendem divulgar o trabalho e atividades do Polo e abrir a estrutura a visitas da comunidade educativa e sociedade civil, em geral, devendo o investimento estar concluído até 31 de Dezembro de 2025.

 

 



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