O Algarve consumiu menos água em Fevereiro último, em comparação com o mesmo mês do ano passado, com a redução a ser mais significativa no setor agrícola e no golfe, mas a acontecer, também, no setor urbano, embora em muito menor escala.
Segundo dados da Agência Portuguesa do Ambiente (APA), recolhidos junto das entidades algarvias responsáveis pelo fornecimento de água em baixa (até à porta do consumidor), houve uma redução total de 0,5% no consumo urbano de água.
Trata-se de uma redução que fica bem aquém da que foi exigida aos municípios algarvios pelo Governo, na ordem dos 15%.
Bem diferente foi o panorama no setor agrícola e nos campos de golfe, nos quais a água é destinada, sobretudo, à rega. Nestes deois setores houve uma significativa redução de 69% no consumo de água – pese o facto deste não ter sido um mês exigente, no que às necessidades de rega diz respeito.
Este é um indicador positivo, associado a uma poupança real, mas que, ainda assim, é uma gota nas necessidades hídricas do Algarve.
António Eusébio, presidente da Águas do Algarve, revelou há uma semana, em Alcoutim, que a região tinha, a 23 de Fevereiro, «água para 9 a 10 meses», referindo-se ao volume armazenado nas barragens do sistema multimunicipal algarvio – Odelouca, Odeleite e Beliche, bem como o Funcho, em caso de emergência, como a que se vive atualmente.
Fazendo a soma do volume útil destas quatro barragens, havia 83 hectómetros cúbicos (hm3) armazenados à superfície, a que se juntam 14 hm3 que podem ser retirados dos aquíferos subterrâneos e 1 hm3 de Águas para Reutilização, ou seja, esgotos tratados e próprios para rega.
Tudo somado, dá cerca de 98 hm3.
No lado do consumo, por ano, os gastos estimados ascendem a 111 hm3 – 70 para abastecimento público, 25 para a agricultura, 4 de caudal ecológico e 12 na evapotranspiração.
E se, no início do ano, a perspetiva é que houvesse água para abastecimento, apenas, até final de Agosto, com a chuva que caiu desde então as disponibilidades “esticaram” até final do ano.
Sem perspetiva de que caia chuva em abundância até ao Verão, no Sul de Portugal, a poupança é mesmo uma necessidade, não apenas uma escolha.
Voltando aos dados da APA, depois de, no mês de Janeiro, se ter registado um aumento homólogo de 4,6% no consumo – mais 200.000 metros cúbicos (m3) -, no Algarve, em Fevereiro consumiram-se menos 20.000 m3 de água na região.
Mas há realidades bem diferentes.
No lado dos bons exemplos, destaca-se Alcoutim, com uma redução de 26,91% no consumo, mas também Castro Marim, onde a diminuição foi de 16,04%. Seguem-se Silves (-9,14%) , Vila do Bispo (-5,23%), Lagoa (-2,26%), Loulé (-0,49%) e Albufeira (-0,85%)
Quem também conseguiu reduções foram as empresas municipais do concelho de Loulé Infralobo (-20,07%), Inframoura (-11,97%) e Infraquinta (-17,18%).
Com consumos superiores estão os municípios de Aljezur (+4,19%), Lagos (+9,24%), Monchique (+18,36%) e São Brás de Alportel (+7,39%).
O aumento verificou-se também noutras empresas municipais: Águas de Vila Real de Santo António (+9,98%), AmbiOlhão (+0,23%) EMARP, em Portimão (+1,79%), Fagar, em Faro (+5,73%) e Tavira Verde (+1,61%).
Ainda este mês, deverá decorrer uma reunião entre a APA, a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR) e a Comunidade Intermunicipal do Algarve (AMAL) de acompanhamento da aplicação das medidas para atenuar os efeitos da seca e da escassez hídrica.
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