O perfil está traçado: serão 742 camas, 18 salas de bloco operatório, 74 gabinetes de consulta, três aparelhos de TAC e muito mais valências. A “Revisão do Perfil Assistencial e Dimensionamento” do Hospital Central do Algarve foi publicada pelo Governo, esta segunda-feira, 12 de Fevereiro, em Diário da República, mas o timing está a gerar polémica. Com datas muito apertadas e eleições à porta, há quem acuse o Governo de julgar que os algarvios «são estúpidos».
O despacho, assinado pelo ministro Manuel Pizarro, explica que esta revisão teve como referência «um conjunto alargado de informação demográfica e assistencial no âmbito da população a servir pelo Novo Hospital Central do Algarve».
«Esta revisão valorizou a intensificação da ambulatorização da atividade cirúrgica, e o significativo alargamento da incorporação e renovação tecnológica. Ao mesmo tempo, a experiência entretanto acumulada no conjunto dos hospitais públicos aconselhou também a revisão do perfil assistencial em regime de internamento, com aumento do número de camas, dando resposta também ao aumento da duração média dos internamentos médicos, resultado do aumento da longevidade, da complexidade das patologias e das situações de múltiplas comorbilidades graves», lê-se também.
Assim, o perfil apresenta como «requisitos mínimos de capacidade um total de 742 camas».
Segundo o despacho, «inclui-se nesta dimensão 619 camas de internamento convencional, 36 camas de internamento em psiquiatria, 10 camas de internamento em psiquiatria da infância e da adolescência, a que se somam 77 camas de internamentos especiais (39 de medicina intensiva de adultos, 6 de medicina intensiva de pediatria, 6 da unidade de cuidados intensivos de cardiologia, 9 da unidade de AVC e 17 dos cuidados de neonatologia)».
São ainda considerados a hospitalização domiciliária, os cuidados paliativos, um total de 18 salas de bloco operatório, 74 gabinetes de consulta, o bloco de partos com 10 quartos e os diversos hospitais de dia.
Finalmente, o equipamento prevê três aparelhos de TAC, três de ressonância magnética nuclear, três angiógrafos, 1 PET/CT, uma câmara gama, dois aceleradores lineares e um equipamento de braquiterapia. Serão ainda previstos espaços de reserva para adicionar novos equipamentos das diferentes tipologias.
A polémica surge mais abaixo no documento.
É que, publicado a 12 de Fevereiro, o ministro da Saúde determina que a equipa de projeto tem de apresentar à tutela o programa funcional do Novo Hospital Central do Algarve… durante a primeira quinzena de Fevereiro. Ou seja: num prazo de três dias.
Cristóvão Norte, presidente do PSD/Algarve e segundo na lista de deputados da Aliança Democrática (AD) pelo Algarve nas Legislativas de 10 de Março, já veio a público criticar estes timings.
«Contado ninguém acredita! O Governo PS vem agora com um despacho em Diário da República de 12 de Fevereiro a querer avançar com o novo Hospital do Algarve. Um despacho que dá três, sim, leram bem, 3 dias para a equipa de projeto apresentar o programa funcional do novo hospital. A este ritmo ainda está construído antes das eleições!», diz, numa publicação nas redes sociais.
O social-democrata vai mais longe e acusa mesmo o PS de fazer «política rasteira».
«Esta gente, por vezes, julga que nós somos estúpidos. O despacho dá até vontade de rir: isto só serve para enganar as pessoas. Fizeram o despacho para dizer que o Hospital vai ser uma realidade quando estiveram anos a fio sem fazer nada», conclui.
O despacho tem ainda uma particularidade: apesar de publicado a 12 de Fevereiro, está assinado com a data… de 2 de Fevereiro de 2023.
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