Monumento à Aleluia eterniza «a alma são-brasense» 

Primeira das três peças do Monumento à Aleluia foi desvendada no passado domingo, 21 de Janeiro

Foto: Mariana Carriço | Sul Informação

Uma peça que pretende «tornar visível todo o ano aquilo que é a maior festa e o maior momento da alma são-brasense», para os locais, mas também para quem não consegue visitar esta vila no Domingo de Páscoa, quando a procissão de Aleluia sai à rua. Estes foram os principais objetivos da criação do Monumento à Aleluia, cuja primeira fase foi desvendada no passado domingo, 21 de Janeiro. 

Agora, quem passar no início do troço sul da Avenida da Liberdade depara-se com uma imagem que representa muito da história deste povo.

«No município de São Brás de Alportel, nós há muito tempo que gostamos de mimar a nossa memória. Achamos que é fundamental respeitarmos o nosso passado se queremos construir um futuro mais harmonioso com a comunidade», explicou ao Sul Informação Marlene Guerreiro, vice-presidente da autarquia, reforçando que este monumento irá também «estimular a atratividade e o turismo».

O monumento será composto por três peças, tendo sido este domingo inaugurada a primeira, em bronze, que ilustra, em tamanho real, a figura do homem são-brasense que participa na Procissão da Aleluia, com a tocha florida na mão.

O segundo elemento será dado a conhecer na Páscoa deste ano e representará o filho. Por fim, na Páscoa de 2025, será desvendado o neto.

São três idades que simbolizam «o passar de geração em geração» desta festa que, além da procissão, é conhecida pelas ruas cobertas de flores, as colchas às janelas e os homens empunhando vistosos ramos de flores, as tochas floridas.

«Quando a Câmara Municipal promoveu a reabilitação deste troço da Avenida da Liberdade, na continuidade da reabilitação do Largo de São Sebastião, teve o cuidado de já colocar na calçada que está aqui do lado direito ascendente uma réplica do tapete florido da procissão de Aleluia», frisou Marlene Guerreiro.

 

Foto: Mariana Carriço | Sul Informação

 

Tratando-se de um monumento que pretende representar a população, o Município decidiu convidar um artista local para idealizar as peças.

Manuel Belchior é, nas palavras de Marlene Guerreiro, «um autodidata, um apaixonado pela arte, que foi emigrante muitos anos na Alemanha e que agora está em São Brás a tempo inteiro. Foi ele que começou a conceber esta ideia, que fez os primeiros moldes e que preparou tudo aquilo que veio a seguir».

«Depois, para concretizar a obra, achámos por bem fazer aqui um convite a mais uma artista, neste caso algarvia, que é a Teresa Paulino. Ela nasceu em Lisboa, mas vive no Algarve há muitos anos e tem feito obras muito interessantes aí pelo Algarve fora, sendo uma das mais conhecidas a que está na Rotunda do Aeroporto», esclareceu Marlene Guerreiro.

Para Teresa Paulino, foi «um desafio» e «muito gratificante» realizar este trabalho com uma pessoa da terra. «É uma tradição deles e por isso gostei muito de participar. O Sr. Manuel ia dando umas dicas, disse que a garrafinha tinha de estar presente, deu-me fotografias e foi assim a parceria», explicou a artista ao Sul Informação.

 

Teresa Paulino e Manuel Belchior, os artistas que conceberam a peça. Foto: Mariana Carriço | Sul Informação

 

Para Vitor Guerreiro, presidente da Câmara de São Brás, que vive esta procissão desde pequeno, a revelação deste monumento é «uma dívida que considero que estamos a pagar à comunidade, porque esta obra tem de existir, imortalizando para sempre o Domingo de Páscoa e fazendo com que ele esteja presente todos os dias do ano».

Na presença de André Gomes, o autarca frisou ainda que «além do valor simbólico, o Domingo de Páscoa e a Aleluia são um marco importante do turismo de São Brás de Alportel, porque atrai milhares de visitantes numa altura em que temos menos turistas».

O presidente da Região de Turismo do Algarve salientou também a importância desta festa como «um acréscimo ao que é a oferta turística regional».

«A ligação entre turismo e religião também é evidente. A oferta turística no Algarve vai muito além do que é a consolidada do sol e praia, o turismo religioso também tem um papel muito importante e, por isso, este projeto testemunha o compromisso de São Brás de Alportel em enaltecer as suas tradições e valores», concluiu André Gomes.

O momento de inauguração terminou com o tradicional cântico que ecoa nas ruas de São Brás de Alportel durante a Procissão da Aleluia.

 

Manuel Belchior é natural de São Brás de Alportel. Foi ainda muito jovem que tomou contacto com a arte na Escola Tomás Cabreira, em Faro, onde concluiu o curso industrial.

Frequentou durante três anos a Escola Militar de Paço de Arcos, em Lisboa.

Trabalhou durante cerca de 40 anos em laboratórios de engenharia eletrónica na Alemanha, tendo sido autor de algumas inovações nesta área.

Em paralelo, faz desde 1960 exposições das suas obras, tanto na Alemanha, como em Portugal, e integra o grupo “Prisma”, dedicado à pintura e à escultura.

Algumas das suas obras encontram-se em coleções particulares em França, nos Estados Unidos da América, Inglaterra e em Portugal.

A sua peça “Algarvio” está instalada na Biblioteca Municipal Dr. Estanco Louro, em São Brás de Alportel.

Uma das suas pinturas está exposta na Câmara Municipal e recentemente serviu de modelo à criação de uma peça em cerâmica.

Em 1994, iniciou o projeto “As paredes florescem”, com cerca de 50 murais com 6 metros por 3, produzidos em acrílico numa das maiores fábricas da Europa.

Expõe permanentemente na Galeria “Die Goldschmiede”, em Munique, Alemanha.

O seu trabalho revela a sua tendência para o impressionismo assim como para a sua preferência pelo trabalho de materiais como o metal, a madeira, o cimento e o cobre, este último com uma técnica muito própria).

 

Teresa Paulino nasceu em Lisboa em 1970 e vive, atualmente, no Algarve.

Estudou em Lisboa na Escola de Artes António Arroio, concluiu a licenciatura na Universidade do Algarve e terminou a licenciatura em Lisboa, na Escola Superior de Artes e Tecnologia.

Ganhou o projeto de ideias para a rotunda do Aeroporto de Faro e, a partir daí, iniciou o seu percurso na escultura, com a conhecida obra ‘Os Observadores’.

Os trabalhos da escultora têm vindo a ganhar espaço em vários concelhos do Algarve, onde é possível ver a Figuras do “Pescador”, do “Guarda Fiscal” e do “Contrabandista”, em Alcoutim; o “Homem com Criança”, em Lagos; a “Rotunda dos Pescadores”, em Quarteira; a “Vendedora do Mercado”, em bronze, instalada ao pé do Mercado Municipal de Loulé, e a “Homenagem aos turistas”, instalada em Albufeira.

Além de esculturas em pedra, bronze e, ultimamente, em fibra de vidro, trabalha também nas áreas de pintura, design, ilustração, fotografia e animação.

Normalmente trabalha por encomenda, faz exposições e participa em concursos promovidos por entidades.

 

Fotos: Mariana Carriço | Sul Informação

 

 

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