Ainda é preciso financiamento para que a ampliação da Estrutura Residencial Para Pessoas Idosas (ERPI) do Centro Paroquial de Cachopo seja uma realidade, mas, após o lançamento da primeira pedra, esta sexta-feira, 5 de Janeiro, esta obra «essencial» está mais próxima de se concretizar.
Serão mais 25 camas, que vêm «responder a uma grande necessidade da freguesia», mas que, nem assim, conseguirão colmatar a lista de espera que este lar tem e que ultrapassa já as 80 pessoas.
«A nossa ERPI, com apenas 30 camas, coloca-nos, há vários anos, numa situação difícil quanto à sustentabilidade financeira. Cachopo está extremamente envelhecido. Esta é uma zona a desertificar-se assustadoramente e a nossa ideia com este projeto é ampliar para dar resposta, sobretudo, a situações difíceis de pessoas que estão completamente sós», frisou o diácono Albino Martins, presidente da instituição, ao Sul Informação.
Além disso, o responsável explicou que a sustentabilidade financeira da instituição depende desta ampliação: «30 camas é muito pouco para as exigências que temos em termos de quadro de pessoal e para que possamos respirar nestes tempos tão difíceis, em que tudo está tão caro».
Apesar de Albino Martins não deixar de temer que esta ampliação não se concretize, acredita que a ajuda chegará de todas as partes.
A obra, que tinha incialmente um custo previsto de 1.447.500 euros e uma comparticipação do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) de 976.370 euros, tem o valor atual de empreitada de 2.247.400 euros.
«Não temos capacidade para esta diferença abismal de 1 milhão de euros – e neste valor não estão implicadas eventuais revisões de preços e outras obras necessárias, como a ampliação do refeitório, da cozinha, da sala de estar, etc. bem como todo o recheio do equipamento», continuou Albino Martins.
A cerimónia de lançamento da primeira pedra da ampliação da ERPI do Centro Paroquial de Cachopo contou com a presença de Ana Sofia Antunes, secretária de Estado da Inclusão, que explicou que, devido ao aumento dos preços, já havia sido pedido apoio à União Europeia.
«O que procurámos fazer para todos os projetos, e também se refletiu neste de Cachopo, foi demonstrar junto da direção europeia que as verbas que inicialmente haviam sido aprovadas para estes projetos estavam desatualizadas face à inflação. Aqui pedimos mais 30% do valor, mas o que nos foi autorizado foi 20%, portanto, o valor que inicialmente se tinha de comparticipação pública para esta obra, de 970 mil euros, passou para aproximadamente 1.200.000», disse a secretária de Estado.
Além disso, o Centro Paroquial de Cachopo contará com o apoio da Câmara de Tavira e com a solidariedade da população, já visível na campanha de Natal lançada pela Rádio Renascença, que angariou cerca de 18 mil euros.
Nas palavras de Ana Sofia Antunes, «isto é que é realmente trabalhar no interior».
«Isto é que são políticas do interior, seja com os nossos, seja com aqueles que acolhemos e que passam a ser nossos. Acima de tudo, o que interessa é trazer dinamismo, população, juventude, trabalho e confiança a estes territórios para que eles não se desertifiquem e para que paremos com este fenómeno que leva as populações a concentrarem-se todas nas mesmas zonas, à procura das mesmas oportunidades. Não tem que ser assim», concluiu a secretária de Estado, agradecendo o empenho do diácono Albino Martins e de Margarida Flores, diretora do centro distrital de Faro da Segurança Social.
Para esta responsável, «hoje é um dia feliz para a Segurança Social, para as famílias e para o Algarve».
«Esta instituição vai servir os algarvios e a comunidade em geral. Além da resposta aos idosos, será um grande empregador, que traz pessoas para o interior – e em boa hora já temos pré-escolar, e, quem sabe, em breve, outras respostas. São as pessoas novas cá, a trabalhar, e algumas a ter filhos, que conseguem manter viva esta linda terra que é Cachopo», frisou Margarida Flores.
Nas palavras de Rafael Dias, presidente da Junta de Freguesia, esta ampliação da ERPI é «essencial».
«Nós temos de pensar que a Freguesia de Cachopo tem mais área do que o concelho de Faro todo. Ou seja, o nível de desertificação desta povoação é elevado e se não tivermos estas instituições é impossível chegar às pessoas. Só para vermos, o número de camas que vamos lançar é inferior ao que necessitamos neste exato momento, portanto é uma obra que faz falta e é importantíssima porque também traz emprego e permite renovar os quadros com pessoas jovens», frisou ao Sul Informação o autarca, reforçando que a ERPI também presta apoio ao domicilio em muitas zonas onde mora uma ou duas pessoas.
Em relação ao financiamento, reforça que é mesmo preciso que se concretize.
«Muito deste salto de fé, denominemo-lo assim, foi dado um bocadinho no acreditar. Aliás, vários saltos de fé desta instituição foram sempre feitos no vazio e incerteza e sempre se conseguiu ir alinhavando e assegurando a estabilidade financeira. Esta é exatamente a nossa esperança, que, em mais um salto de fé, todos contribuam para a melhoria desta instituição», rematou.
Fotos: Cátia Rodrigues | Sul Informação
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