Teia D’Ideias lança sugestões para a construção da cidade de Portimão

No dia 5 de Dezembro a Teia D’Impulsos organizou um Teia D’Ideias especial comemorativo pelo Dia da Cidade de Portimão, que se aproxima

A poucos dias do início do ano em que serão comemorados os 50 anos sobre a instalação da democracia em Portugal e os 100 anos de elevação de Portimão a cidade, a associação Teia D’Impulsos promoveu um debate sobre o tema «Portimão, uma cidade em construção».

Tendo como convidados Marco Rodrigues (ARQ10) da área da arquitetura, Rui Batalau (ISMAT) da área do desporto, Rosa Poucochinho (GRATO) da área social, e Júlio Ferreira (Alvor FM e Choque Frontal ao Vivo) da área da cultura, e com uma plateia eclética e com a presença de João Gambôa, vereador do Município de Portimão, e de Isabel Soares, chefe de Divisão de Museus, Património e Arquivo Histórico, o debate «foi rico, divergente e lançaram se ideias que deverão ser tidas em conta para a construção de Portimão», salienta Luís Brito, presidente da Teia d’Impulsos, a quem coube moderar.

De muita coisa se falou, todas com importância e pertinência, porque «construir uma cidade não pode passar pela simples comparação com outras cidades, muitas vezes muito superiores a Portimão, nem tão pouco por executar vontades pessoais na expectativa de solucionar problemas», acrescenta.

A questão do trânsito em Portimão, segundo a perspetiva de Marco Rodrigues, não passa por retirar os carros do centro da cidade, mas sim por abrir vias e conectar espaços, passa por planear a interligação entre as infraestruturas com base nas dinâmicas sociais e económicas, tendo por base o espaço e a valorização do que existe.

Já na área da educação, Rui Batalau expressou a realidade dos professores, que todos conhecemos através da televisão, e que se agravou com a chegada de um número muito significativo de imigrantes.

A falta de reconhecimento e respeito pela carreira docente associado à falta de condições para exercerem e aos desafios colocados pela diversidade de nacionalidades, culturas e hábitos, está neste momento a condicionar não só a formação destes alunos imigrantes mas também dos nativos.

«De uma forma clara, está-se a colocar em causa a formação e a educação de todos estes jovens portugueses e estrangeiros, resultado de uma falta de planeamento, de reformas para os professores e de infraestruturas e equipamentos», diz ainda Luís Brito.

No que ao desporto diz respeito, Rui Batalau frisa a urgência de se construir um Parque da Cidade, onde os cerca de 60 mil habitantes de Portimão possam, de forma formal ou informal, desenvolver a sua atitude física.

Da mesma forma, afirmou não compreender a inexistência de uma piscina olímpica no Barlavento algarvio, nem tão pouco a incapacidade que os municípios têm demonstrado de se aliar numa gestão racional e sustentável de construção e gestão de equipas desportivas de elevada relevância para o território.

Rosa Poucochinho relatou as valências sociais do GRATO, com especial ênfase para a necessidade de criar condições de apoio e humanização das atividades desenvolvidas e que são fundamentais para a sobrevivência de muitas pessoas e famílias.

Referiu ainda que, ao invés de um desinteresse genérico por parte da sociedade, resultado de algum individualismo, o CLAS é um exemplo de cooperação, partilha e apoio entre as mais de 50 instituições que, direta ou indiretamente, trabalham na área social em Portimão.

 

 

A cultura vive hoje em Portimão um momento crescente, mas ainda muito longe daquilo que poderia constituir a operacionalização de um plano estratégico para a Cultura e que deveria começar nas escolas com ações de educação cultural.

Uma programação elitista e, mais ainda, uma atitude elitista promovida pelo Teatro Municipal de Portimão (TEMPO), no seu início, levou ao afastamento da população e ao crescente estigma de que o “TEMPO era só para algumas pessoas”, que demora a desconstruir e que criou um hiato entre aquilo que deveria ser a missão de um equipamento desta natureza e o que realmente aconteceu.

Esta reflexão de Júlio Ferreira terminou com um sentimento de mudança progressiva na programação cultural, deixando de resultar da vontade de uma pessoa e passando a integrar uma lógica de diversidade e de promoção da cultura para todos.

Antes das intervenções do público, Isabel Soares e João Gambôa tomaram da palavra para explicarem o trabalho que o Museu de Portimão e a Casa Manuel Teixeira Gomes desenvolvem junto da comunidade em geral e dos jovens em particular, assim como do trabalho invisível que é desenvolvido no âmbito da investigação e da preservação do espólio material e imaterial da história de Portimão, assim como para explicarem o potencial que Portimão representa em termos regionais e nacionais, refletido na enorme procura por imigrantes e investidores.

O público aproveitou a oportunidade para realçar a importância de que tudo o que tem que ver com construção e desenvolvimento deve ter como base a responsabilidade ambiental e a sustentabilidade de ecossistemas.

Foram ainda abordadas as temáticas dos imigrantes e a sua importância na sociedade de Portimão, bem como do papel que o turismo ocupa na vida de Portimão e do Algarve.

Em jeito de conclusão, Luís Brito considera que «ouvir a sociedade terá de ser uma prática incondicional do poder político, num exercício de proporcionar aos cidadãos proximidade com as decisões políticas».

Por outro lado, «a partilha de recursos por parte dos municípios, para além de representar uma gestão racional e sustentável, irá proporcionar um maior e mais equitativo desenvolvimento social», sendo «imperativo construir planos estratégicos para que o desenvolvimento seja orientado e alinhado dentro de cada município e entre municípios».

Portimão é «uma cidade em que a construção com betão, é evidente, mas em que o Parque da Cidade ainda não passou de ideias, ambições, desenhos e concursos. O Parque da Cidade é um elemento chave no desenvolvimento sustentável de Portimão», conclui.

 



Comentários

pub