“Odisseia Nacional” chega ao sul do país em digressão e promete continuar em 2025

A digresssão, até ao momento, tem tido resultados positivos, e é para continuar

A Odisseia Nacional, projeto do Teatro D.Maria II, chega até final do ano a 24 concelhos do sul do país, dos quais seis no Algarve e 18 no Alentejo, para apresentar um programa que inclui cinco atividades e uma exposição.  

O Teatro das Figuras, em Faro, acolheu na quinta-feira uma conversa sobre o presente e o futuro do Teatro D. Maria II e sobre a digressão “Odisseia Nacional”, que decorreu num ambiente informal, com comida e convidados especiais.

Esta digressão já passou em 60 concelhos do país nos primeiros nove meses do ano, 21 no norte, 33 no Centro, 4 nos Açores, 2 na Madeira, e visitará, ainda, 24 da região Sul até ao fim do último trimestre do ano. Do Algarve, Faro, Lagoa, Loulé, Olhão, Portimão, Silves são os concelhos que ainda vão receber programação.

 

 

Em Faro, o Teatro das Figuras será o espaço que acolherá iniciativas da “Odisseia Nacional”, desde logo a peça “O Misantropo”, encenação de Mónica Garnel, agendada para hoje, dia 25 de Novembro, às 21h30.

Este espetáculo também será apresentado no Teatro Municipal de Portimão – TEMPO a 2 de Dezembro, às 21h00.

Ainda no Teatro das Figuras, está patente desde ontem, dia 24 de Novembro, e até ao dia 16 de Dezembro, a exposição “Quem és tu? Um Teatro Nacional a olhar para o país”.

Esta exposição, com curadoria de Tiago Bartolomeu Costa, contou com uma visita guiada ontem, dia de abertura, e também contará com uma oficina a 2 de Dezembro e uma visita guiada e um debate, ambos no dia 13.

Para além da programação na capital algarvia, Lagoa recebe o ciclo “Antecipar o Futuro”, ainda em data a anunciar, uma iniciativa do Teatro Nacional D. Maria II, da NTT DATA e d’O Espaço do Tempo, com o apoio da BÓIA – Associação Cultural e do Município de Lagoa, onde serão apresentados os projetos Búzio, de Ana Baptista, e Viaturas, de Ana Mula.

Loulé, por seu lado, recebe o lançamento do livro “A vida invisível”, no Palácio Gama Lobo, no dia 14 de Dezembro, o espetáculo “La vie invisible”, no Cineteatro Louletano, no dia 15, e ainda, nos dias 15 e 16, haverá, “Cenários Futuros” e a “Viagem por mim Terra”, da Mákina de Cena.

A peça “Falas Estranhês?” é uma das propostas, que vai passar em Olhão  – Biblioteca Municipal (dia 26) e nos jardins de infância do concelho (27 e 28 de Novembro) – e em Portimão – jardins de infância (29 e 30 de Novembro) e na Quinta Pedagógica (2 de Dezembro).

A programação para Olhão conta ainda com a iniciativa “Mãos a dentro”, de 4 a 8 de Dezembro, no Museu Municipal. Já no Auditório Municipal Maria Barroso, poderá ser vista, nos dias 29 e 30, a peça “Descobri-quê?, que também será levada a Silves, em data a anunciar.

Em Portimão, hoje e amanhã, pode ser visto, na sede do Sporting Glória ou Morte Portimonense, um projeto que envolveu a comunidade.

Para saber mais sobre toda a programação destes e dos restantes concelhos do Algarve, clique aqui.

 

 

O projeto Odisseia Nacional foi criado e pensado desde 2017, e avançou, em forma de «desculpa» quando o Teatro Nacional D. Maria II entrou em obras de requalificação, no âmbito do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR).

«Achávamos que íamos trazer alguma diferença, mas, na realidade, a diferença maior é a do Teatro Nacional D. Maria II que, à custa, ou graças a este projeto, vai fundamentalmente alterar aquilo que é a sua missão. É essa a ideia com a qual ficámos. Achávamos que conhecíamos o país cultural e, na realidade, conhecíamos muito menos do que achávamos», destacou Rui Catarino, presidente do conselho de administração do Teatro Nacional D. Maria II.

Esta digressão tem trabalhado, ao longo do processo, com equipas de municípios, estruturas locais, associações culturais e recreativas e agrupamentos de escolas, para se perceber «o quão diferente é ser cidadão em muitas zonas do país que não têm acesso ao edifício do Teatro Nacional».

No Odisseia, estão envolvidos 93 municípios a nível nacional. Até agora, no Norte e Centro, bem como nas regiões autónomas dos Açores e da Madeira, estiveram presentes mais de 21 mil espetadores em projetos de participação realizados nesta digressão e mais de 6500 participantes ativos nos vários projetos com as comunidades locais, escolas, ações de formação e pensamento.

«Está a correr maravilhosamente bem, tem sido uma viagem inesquecível. Acho que é um lado inédito e histórico desta viagem do Teatro Nacional D. Maria II por todo o território», sublinhou Pedro Penim, diretor artístico do Teatro D. Maria II.

«Obviamente, a nossa missão é uma reticulação nacional, estamos muito próximos das populações e esta programação foi desenhada, justamente, para não ser só uma operação de toque e foge, para ser uma operação que deixe algum lastro. Queremos muito continuar a operação de Odisseia Nacional, porque achamos que faz parte da nossa missão pública e assim faremos», acrescentou.

Quando terminar o programa no sul do país, no final do ano, o Odisseia vai prolongar-se em 2024, ao regressar “a casa”, em Lisboa, para continuar os projetos em espaços alternativos.

Em 2025, quando o Teatro Nacional reabrir, o objetivo será continuar este projeto.

«Na verdade, a ideia da missão pública é muito mais importante e, portanto, será de enquadrar, na futura atividade do teatro, uma possibilidade de diversão tão complexa como a Odisseia Nacional. Se calhar, não em 93 municípios como fizemos em 2023, certamente terá de abrandar, mas, de qualquer forma, não se perde aquilo que é a essência da Odisseia Nacional, de dar a ver às populações quais são as atividades do teatro», afirmou Pedro Penim.

«A política cultural não produz resultados imediatos. É preciso continuidade, é preciso investimento persistente e, felizmente, nós conseguimos encontrar, nos municípios com quem trabalhamos, essa vontade de fazer disto uma maratona e não um sprint», concluiu o diretor artístico.

O LAMA Teatro, situado em Faro, está integrado na digressão Odisseia Nacional, tendo já apresentado a peça “Batalha” (que depois partiu em digressão), um «lastro que poderá dar uma continuidade a este projeto e podermos nós, outras companhias, continuar, através de estruturas como é o Teatro Nacional, que tem um peso, uma propriedade, uma capacidade de influência e de atração junto a estes municípios, conseguir, num futuro, dar uma continuidade a este projeto», explicou Sandro Benrós, da direção do LAMA.

 

 

Sandro Benrós

 

Maria João Mota, da equipa artística da peça “Cartografia dos Desejos”, afirmou ser uma revolução para o Teatro Nacional convocar e chamar coletivos que trabalham no campo das práticas artísticas e serem desafiados a este programa.

A peça “Cartografia dos Desejos” será apresentada em Portimão com o foco de passar do íntimo ao público e comunicar as dimensões do simbólico ao real. Foi pensada como «um dispositivo que pudesse comunicar de forma imediata com qualquer pessoa, de qualquer idade e de qualquer lugar».

Para este projeto, houve a proposta da Câmara de Portimão para que a equipa trabalhasse com os centro comunitários, com bairros, com jovens e crianças, para colocar a questão de “Como é um lugar sem desejos?”.

Durante a apresentação do projeto Odisseia Nacional no Teatro das Figuras, Paulo Santos, vice-presidente da Câmara de Faro, considerou, por seu lado, que o objetivo para o futuro é construir públicos, criar massa pública, para que se possa ter «não só salas cheias, mas que se consiga interpretar e trazer para a vida das pessoas tudo aquilo que é cultura e teatro».

Este projeto serve também para o Teatro das Figuras «aprender um pouco» com o D.Maria II, pois, no próximo ano, serão celebrados os seus 20 anos e «pretende-se entrar nestas vertentes de pensamento com uma lógica de programação, de trabalho em equipa, com outras estruturas e trazer uma oferta cultural diferente».

O Teatro das Figuras, em termos de programação, continuará a trabalhar com a ilha da Culatra no próximo ano, envolvendo comunidades, bairros sociais em Faro, com objetivo de crescer, fazer um trabalho «muito fora de portas» para melhorar o quotidiano das pessoas.

Assim sendo, Paulo Santos convidou, durante o encontro, o Teatro D.Maria II para que continue a parceria para a comemoração dos 20 anos do espaço farense.

«Nós teremos uma Odisseia mais pequena, mas queremos contar convosco também, fica já aqui o convite, primeiro, obviamente, somos parceiros desde sempre, e vamos continuar a ser. Queremos contar com o D. Maria II, nesta comemoração dos 20 anos do nosso Teatro das Figuras», convidou Paulo Santos.

 



Comentários

pub