Aline e Bernard meteram pouca água nas barragens do Algarve

Chuva de Outubro não influenciou muito o volume de água armazenado nas barragens algarvias

Barragem de Odeleite a 17 de Outubro de 2023 – Foto: Elisabete Rodrigues | Sul Informação

A chuva de Outubro teve pouco efeito no volume armazenado nas barragens do Algarve, principalmente nas do Barlavento Algarvio, revelam os dados do Sistema Nacional de Informação dos Recursos Hídricos (SNIRH) relativos aos volumes das diferentes bacias hidrográficas e respetivas albufeiras, que foram recentemente divulgados.

Após um mês de Outubro marcado por diversas tempestades, que trouxeram muita chuva para Portugal Continental, principalmente para o Norte e Centro, mas também alguma para as regiões no Sul do país, a situação no Algarve não evoluiu de forma significativa.

Segundo revelou ao Sul Informação Teresa Fernandes, porta-voz da empresa Águas do Algarve, apesar de poder ter parecido que choveu muito, na região algarvia, principalmente na semana entre 14 e 22 de Outubro, não foi bem assim.

«Assistimos a relatos de chuva e inundações em todo o país, incluindo no Algarve. No entanto, as cheias na região algarvia coincidiram, em alguns casos, com a maré cheia ou foram agravadas pela falta de limpeza dos sumidouros. A água não foi assim tanta como podia parecer», disse.

Além disso, a chuva que caiu junto à costa, por muita que fosse, de nada vale para a equação do abastecimento de barragens, uma vez que estas se encontram a uma maior altitude, na serra.

«Na serra, a chuva tem sido muito pouca», ilustrou Teresa Fernandes.

Olhando para os dados das barragens geridas pela Águas do Algarve que são destinadas ao abastecimento público de todo o Algarve, as situadas no Sotavento «acumularam, no último mês, 3 milhões de metros cúbicos [ou 3 hectómetros cúbicos (hm3)]. No Barlavento, acumularam abaixo do milhão de metros cúbicos».

Ou seja, e feitas as contas, as albufeiras onde a empresa responsável pelo abastecimento em alta vai buscar a água para tratar, entregar aos municípios e que acaba por nos sair das torneiras, têm mais 3,5 milhões de metros cúbicos [3,5 hm3] do que há um mês.

Este é um volume de água muito modesto, tanto em relação à capacidade somada das três principais barragens da região, as de Odelouca, Odeleite e Beliche (335 milhões de metros cúbicos – ou seja, quase 100 vezes mais), como às necessidades anuais da região, apenas ao nível do abastecimento urbano (sem contar com a agricultura), estimadas em 80 milhões de metros cúbicos.

Segundo o Boletim de Armazenamento nas Albufeiras de Portugal Continental do SNIRH de Outubro último, «e comparativamente ao último dia do mês anterior, verificou-se um aumento do volume armazenado em nove bacias hidrográficas e uma descida em três».

As três que descem, em relação ao mês anterior, são todas no Sul de Portugal, mais precisamente a bacia das Ribeiras do Algarve ou Barlavento (barragem da Bravura) e do Arade (barragens de Odelouca, Funcho e Arade), ambas no Algarve, e a do Mira (barragens de Santa Clara e Corte Brique), no Baixo Alentejo.

Em contrapartida, a  Bacia Hidrográfica do Guadiana, onde se inclui a sub-bacia das Ribeiras do Sotavento, viu o volume total armazenado subir, em relação ao final de Setembro.

Segundo o boletim do SNIRH, das 60 albufeiras monitorizadas, «18 apresentam disponibilidades hídricas superiores a 80% do volume total e 17 têm disponibilidades inferiores a 40% do volume total».

«Os armazenamentos de Outubro de 2023 por bacia hidrográfica apresentam-se superiores às médias de armazenamento de Outubro (1990/91 a 2022/23), exceto para as bacias do Sado, Guadiana, Mira, Ribeiras do Algarve e Sado», ou seja, em todo o Algarve e Baixo Alentejo.

Apesar disso, a chuva que tem caído não deixa de ser «algo de muito positivo», até porque não só permitiu algum reforço das albufeiras, como regou os campos e se infiltrou nos solos, «o que permite, pelo menos, que haja muito menos consumo», rematou Teresa Fernandes.

 

 

Leia mais um pouco!
 
Uma região forte precisa de uma imprensa forte e, nos dias que correm, a imprensa depende dos seus leitores. Disponibilizamos todos os conteúdos do Sul Infomação gratuitamente, porque acreditamos que não é com barreiras que se aproxima o público do jornalismo responsável e de qualidade. Por isso, o seu contributo é essencial.  
Contribua aqui!

 



Comentários

pub