Adriano Pimpão é «emérito» tanto como economista como na vida

Ordem dos Economistas reconheceu o antigo reitor da Universidade do Algarve pelo seu percurso profissional e pela sua intervenção cívica e política

Foto: Hugo Rodrigues | Sul Informação

Foi o reconhecimento de uma vida profissional e académica dedicada à Economia, mas também do serviço prestado à sociedade por Adriano Pimpão, tanto ao nível cívico, como político. O professor, investigador e antigo reitor da Universidade do Algarve recebeu na segunda-feira, dia 9, o título de Economista Emérito, atribuído pela Ordem dos Economistas, numa cerimónia que teve lugar em Faro.

O auditório da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Algarve esteve praticamente cheio para a homenagem a um homem que, apesar da profícua, longa e bem sucedida carreira académica, está longe de ser reconhecido apenas por isso – basta dizer que foi o primeiro presidente do Banco Alimentar Contra a Fome do Algarve e mas também secretário de Estado do primeiro Governo de António Guterres (PS) e presidente da Assembleia Municipal de Loulé, entre 2013 e 2020, ano em que renunciou ao cargo.

«É sempre gratificante percebermos que teve utilidade o que tentámos fazer e o que continuamos a fazer na nossa vida, seja a nível profissional, seja ao nível da intervenção cívica e política. Por vezes, nós temos dúvidas se estamos no bom caminho ou não, com aquilo que fazemos, pelo que a avaliação feita pelos outros é sempre importante», disse ao Sul Informação Adriano Pimpão, à margem da cerimónia.

«Julgo que os critérios que são utilizados para atribuir esta distinção e as pessoas que estavam aqui hoje me dão algum conforto. É sempre bom ouvir palavras de reconhecimento», referiu.

«Aquilo que eu sou hoje, devo-o às pessoas com que me cruzei. Nós temos, naturalmente, determinadas aptidões, mas vamo-nos formando ao longo da vida com as críticas, com os apoios e tudo isso. É essa a forma como melhoramos a nossa forma de intervenção na sociedade. Quando as pessoas têm formação e o Estado gasta dinheiro nelas, como é o meu caso e de muitos outros, nós temos a obrigação de retribuir com o nosso contributo e o nosso exemplo, na medida do possível», concluiu.

 

Adriano Pimpão – Foto: Hugo Rodrigues | Sul Informação

 

A forma de ver o mundo de Adriano Pimpão, que o fez associar a causa pública às diferentes dimensões da sua vida, explica os muitos elogios que ouviu dos oradores convidados, desde logo do bastonário da Ordem dos Economistas.

António Mendonça realçou que «o que se pretende com este prémio é salientar aquilo que as pessoas deram ao longo de uma vida, não só ao nível profissional, mas também cívico e político».

«Não é difícil reconhecer que o professor Adriano Pimpão pertence a este grupo de membros notáveis [da Ordem] que afirmam e prestigiam a profissão de economista, no seu sentido mais nobre de serviço público», afirmou.

O bastonário sublinhou o papel do homenageado «nos domínios do planeamento regional, da construção de uma matriz input/output para a economia portuguesa ou da avaliação de projetos».

«Adriano Pimpão teve um contributo notável neste domínios, não apenas ao nível da teoria e metodologia, mas também em termos de ação concreta. Enquanto Bastonário da Ordem dos Economistas, quero agradecer todo o contributo que Adriano Pimpão deu e vai continuar a dar para a elevação dos padrões de exigência, rigor e ética no exercício da atividade de economista e para a afirmação do prestígio da classe profissional dos economistas», concluiu.

Mais do que a distinção dada pela ordem e das palavras elogiosas de António Mendonça, a importância do contributo dado por Adriano Pimpão ficou clara pela quantidade de pessoas que estiveram presentes na cerimónia, desde logo o antigo ministro João Cravinho, amigo de longa data do antigo reitor a UAlg, que foi convidado para falar do homenageado.

A João Cravinho juntaram-se pessoas de variados setores, desde académicos a dirigentes de órgãos desconcentrados do Estado, sem esquecer autarcas de vários quadrantes políticos, nomeadamente dois presidentes de Câmara: Rogério Bacalhau, de Faro, e José Carlos Rolo, de Albufeira (curiosamente, ambos do PSD, apesar de Adriano Pimpão ter sido eleito pelo PS, em Loulé, e ter pertencido a um Governo socialista).

 

João Cravinho – Foto: Hugo Rodrigues | Sul Informação

 

Na sua intervenção, onde recordou os «quase 55 anos de amizade» com o homenageado, João Cravinho  afirmou que «não será fácil encontrar em Portugal economista mais emérito do que o professor Adriano Pimpão».

Desde logo, pelo seu percurso profissional, que se cruzou com o do antigo ministro no Gabinete de Estudos Básicos de Economia, onde ambos trabalharam.

Mais tarde, Adriano Pimpão e João Cravinho também fizeram parte do mesmo Governo. Logo a seguir a esta experiência governativa, o mais recente Economista Emérito reconhecido pela OE tornou-se reitor da UAlg, instituição à qual ficou para sempre associado.

No entanto, João Cravinho fez questão de salientar a «enorme dedicação» de Adriano Pimpão «a causas públicas de natureza cívica e política, para além do seu envolvimento direto na educação».

«Este é, para mim, um dos aspetos mais fascinantes do percurso do professor Adriano Pimpão, já que o seu empenhamento nestas causas extravasa muito o que seria comum no quadro da sua atividade académica e profissional», disse o antigo ministro.

«Nestas condições, eu pensei muitas vezes que se eu tivesse de indicar um indivíduo que fosse exemplar do desenvolvimento sustentável, desde antes de existir o conceito, eu teria o professor Adriano Pimpão como candidato número um. Ele é um homem do desenvolvimento sustentável e tê-lo feito da forma que o fez, é merecedor da nossa admiração e agradecimento», concluiu.

Na cerimónia de segunda-feira também subiram ao palanque José Apolinário, presidente da CCDR Algarve, e Luís Serra Coelho, presidente da Delegação Regional do Algarve da OE.

José Apolinário falou do «reconhecimento da parte de todos do que foi o percurso de intervenção cívica, como economista e como professor» do homenageado, lembrando que este esteve ligado «a passos muito importantes do que foi o afirmar da Universidade do Algarve».

Já Luís Serra Coelho, também ele professor universitário na UAlg, considerou que «o professor Adriano Pimpão contribuiu de forma indelével para o crescimento e afirmação desta delegação da Ordem dos Economistas».

Os títulos de Economista Emérito estão a ser atribuídos pela OE no âmbito das comemorações dos 25 anos da Ordem, a pessoas «que se distinguiram com percurso profissional e cívico de reconhecido mérito».

 

Fotos: Hugo Rodrigues | Sul Informação

 

 

 

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