Adriano Pimpão renuncia à presidência da AM de Loulé por divergências com o PS

Anúncio da renúncia foi feito durante a sessão de ontem da Assembleia Municipal e após um episódio de discórdia entre eleitos do PS e o presidente do órgão, eleito nas listas deste partido

Foto: Hugo Rodrigues|Sul Informação

Adriano Pimpão renunciou ao cargo de presidente da Assembleia Municipal de Loulé e vai deixar de ser deputado municipal, devido a divergências com o executivo socialista e com a bancada municipal do PS, partido em cujas listas foi eleito.

Contactado pelo Sul Informação, Adriano Pimpão confirmou que a decisão de renunciar, anunciada ontem à noite em plena sessão extraordinária da AM de Loulé, «é irreversível» e que se deve ao facto de achar que não estão a ser cumpridas as promessas que o PS  e ele próprio, enquanto independente que se candidatou nas listas do partido, fizeram na campanha eleitoral.

«Tem a ver com o cumprimento do programa eleitoral, com os compromissos que eu também assumi durante a campanha eleitoral e que verifiquei que não estavam a ser minimamente cumpridos nem havia o esforço que eu achava que devia haver», disse o antigo reitor da Universidade do Algarve.

«Senti que os objetivos não estavam a ser atingidos, que as coisa que deviam mudar na administração não estavam a ser cumpridas. Enfim, é algo que eu na reunião que for feita para eleição da nova mesa da AM explicarei de forma mais formal, porque as pessoas têm direito a saber», reforçou.

A decisão foi «devidamente ponderada», mas acabou por ser anunciada de forma algo abrupta, durante a ordem de trabalhos da sessão extraordinária da AM de Loulé que decorreu esta sexta-feira à noite.

«Ontem houve fatores que agravaram a situação. Portanto, não tenho outra alternativa, para cumprir o meu mandato e o meu compromisso com os eleitores, que é algo de que eu não prescindo», explicou ao nosso jornal.

Tudo começou com uma queixa de um cidadão, arquiteto de profissão, que acusou a câmara de dualidade de critérios na avaliação dos projetos que são submetidos aos serviços.

Adriano Pimpão defendeu que a Câmara devia tirar a limpo a situação, mas obteve reações adversas tanto da parte do executivo como de deputados da maioria socialista.

 

 

Uma situação que deixou o presidente da AM visivelmente agastado.

«Eu não sou um mestre de cerimónias e um distribuidor de papéis. Eu tenho de verificar. Isto tem a ver com o bom nome do município. Porque quanto mais tempo as coisas demorarem, mais insinuações surgirão», defendeu.

«Se há um inquérito preliminar, que foi feito e chegou a conclusões, nada mais simples que entregar a esta assembleia o resultado», reforçou.

Adriano Pimpão avisou que «a mesa tem responsabilidades, a assembleia tem responsabilidades nestas matérias e a celeridade com que se resolvem estes problemas é sempre um bom contributo para acabar com este tipo de insinuações».

E rematou: «Senhores deputados, nomeadamente os senhores deputados da maioria, eu prometo que me calarei e que deixarei de exercer as minhas competências como deputado, visto que, eventualmente, o conceito de deputado que se tem é estarmos calados. Portanto, eu passarei a ser um mestre de cerimónias desta sessão, a bem da tranquilidade que a bancada deseja».

Mais tarde, na mesma sessão, o antigo reitor da UAlg concretizou o anúncio de renúncia.

 

 

 

 

«A próxima sessão será presidida pela senhora 1ª Secretária, visto que eu considero que não tenho condições para continuar a exercer as funções de presidente da Assembleia Municipal. Portanto, – também por aquilo que hoje foi visto, que foi um excelente exemplo -, para a semana, depois de cumprir todas as minhas obrigações e de me reunir com a comissão permanente , apresentarei renúncia ao cargo de presidente da AM e, posteriormente, renúncia do cargo de deputado municipal», anunciou.

«Este foi o cargo para o qual fui eleito e julguei que estava a cumprir de acordo com o compromisso que assumi, nomeadamente com o partido nas listas do qual fui eleito. Compromissos que estão escritos e foram enviados pelo secretário geral do partido para que todos nós assinássemos. Alguns desses princípios, eu tentei aqui defender, mas não consegui», asseverou.

Questionado pelo Sul Informação se sai em choque com o executivo liderado por Vítor Aleixo, o presidente da AM de Loulé diz que «choque, só se for em termos de perspectiva política, do que se deve fazer e do que foi feito ou não».

Fez mesmo questão de frisar que «não tem a ver com qualquer questão pessoal, são questões meramente políticas».

«Há muitas coisas que o executivo considera que estão plenamente feitas e que eu acho que não estão. Também há irregularidades que são denunciadas e que eu acho que devem ser vistas, independentemente de serem verdade ou não. Foram depositadas na mesa da Assembleia e esta deve dar seguimento, para que fique tudo esclarecido. Somos, também, um órgão fiscalizador», ilustrou.

Por outro lado, disse, «desde de 2014» que Adriano Pimpão considera e chama a atenção para o dever de «ter muito cuidado com as promessas que fizemos e com o cumprimento que devíamos fazer dessas promessas. Isso, para mim, é sagrado».

«É uma decisão individual que eu acho que tenho de tomar em consciência por respeito comigo próprio, para com o cargo para o qual fui eleito e respeito para com os cidadãos do município de Loulé», resumiu.

 

 

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