Farmacêuticos do SNS voltam hoje a fazer greve nacional

Na tentativa de forçar um «processo negocial sério» com a tutela

Os farmacêuticos do Serviço Nacional de Saúde voltam hoje à greve, desta vez de âmbito nacional depois das paralisações distritais de 5 e 12 deste mês, na tentativa de forçar um «processo negocial sério» com a tutela.

O Sindicato Nacional dos Farmacêuticos (SNF) contesta o facto de o Ministério da Saúde se manter em silêncio, sem manifestar qualquer intenção de «iniciar um processo negocial sério».

O último pré-aviso de greve, entregue em Julho, incluía paralisações nacionais (24 de Julho e 19 de Setembro) e distritais (5 e 12 de Setembro).

No dia 5 de Setembro a greve abrangeu os farmacêuticos dos distritos de Beja, Évora, Faro, Lisboa, Portalegre, Santarém e Setúbal e nas regiões autónomas dos Açores e da Madeira e no dia 12 os de Braga, Bragança, Porto, Viana do Castelo, Vila Real, Aveiro, Castelo Branco, Coimbra, Guarda, Leiria e Viseu.

O protesto termina hoje, com uma greve nacional.

Entre as reivindicações do SNF constam a atualização das grelhas salariais, a contagem integral do tempo de serviço no SNS para a promoção e progressão na carreira, a adequação do número de farmacêuticos às necessidades do serviço público e o reconhecimento por parte do Ministério da Saúde do título de especialista.

«Contrariamente ao que se verifica com outras estruturas sindicais da área da saúde, que têm mantido negociações com o ministério mesmo com protestos e greves agendadas e a decorrer, a reunião agendada com o SNF para 2 de Junho foi adiada», lamentou o sindicato, quando lançou o pré-aviso de greve, dizendo que só podia depreender que a tutela tinha abandonado as negociações.

Além das greves que arrancaram a 24 de Julho, os farmacêuticos já tinham parado três dias em junho, para exigir um avanço nas negociações com o Governo.

Em Janeiro realizou-se uma reunião entre as duas partes que o sindicato considerou uma “absoluta desilusão” e os encontros posteriores terminaram sem avanços significativos.

No último dia de greve distrital – a 12 deste mês – cerca de três dezenas de farmacêuticos concentraram-se à entrada do polo principal do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC).

Nessa altura, o presidente do SNF, Henrique Reguengo, sublinhou que, seis anos depois da criação da carreira, «tudo o que devia ter sido feito não foi feito»: «Pior do que isso, o Governo nem sequer inicia o diálogo prometido com o sindicato», acrescentou.

Em declarações na altura aos jornalistas, questionou ainda: «Temos quadros insuficientes, mas depois temos 80% das pessoas na base da carreira e uma tabela salarial de 1999. Se temos falta de pessoal e condições de trabalho deste teor, como é que chamamos as novas gerações para o SNS?».

O presidente do SNF revelou ainda que atualmente se assiste à saída do SNS de farmacêuticos com experiência, «que deviam estar a ensinar as novas gerações», nas três especialidades de atuação – farmácia hospitalar, análises clínicas e genética humana.

 



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