De caiaque pela ria ou a pé em terra: Ciência Viva no Verão já transmite conhecimento

Programa inclui mais de 200 atividades no Algarve até 15 de Setembro

Foto: Mariana Carriço | Sul Informação

 

Simão Chaparro tem 14 anos, está em férias escolares, mas nem isso lhe tira a vontade de aprender e conhecer melhor a Ria Formosa que o viu crescer. 

Esta não é a primeira vez que participa nas atividades do programa Ciência Viva no Verão, que regressou no dia 15 de Julho e conta com iniciativas até 15 de Setembro.

«O objetivo deste programa é levar a ciência ao comum das pessoas e ao maior número possível. Não é um programa escolar, por isso é feito nas alturas de Verão, e abrange muitas áreas do conhecimento, em colaboração com a comunidade científica, que acompanha a população em viagens e visitas de contacto com a natureza».

A explicação é dada por Rosalia Vargas, presidente da Ciência Viva – Agência Nacional para a Cultura Científica e Tecnológica, que esta segunda-feira, 31 de Julho, esteve no Algarve para o lançamento simbólico da edição de 2023 do projeto, que este ano tem como tema “Alerta Natureza”.

A sessão de lançamento do Ciência Viva no Verão 2023 deveria ter contado com a participação de Elvira Fortunato, ministra da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, mas esta acabou por não estar presente, por razões de saúde.

Juntamente com a Cristina Veiga-Pires, diretora executiva do Centro Ciência Viva (CCV) do Algarve, situado em Faro, e de investigadores da Universidade do Algarve, Rosalia Vargas partiu da capital algarvia a bordo de um barco solar, para ir ao encontro dos participantes do passeio de caiaque que, ao longo de toda a manhã, conheceram melhor a Ria Formosa, a sua riqueza e as dificuldades que enfrenta.

 

Foto: Mariana Carriço | Sul Informação

 

Simão, que participou nesta atividade com a família, afirma que «aprendeu muito sobre coisas que não aprende na escola», essencialmente que «a Ria Formosa precisa muito de ser protegida». Para o ano, garante que voltará a participar nesta atividade e até vai convidar os amigos.

O passeio de caiaque recebeu também pessoas de outras regiões do país, que nunca tinham participado no programa da Ciência Viva no Verão. É o caso de Tiago Fonseca, de 36 anos, natural de Lisboa, que se dirigiu ao Algarve de propósito para participar nesta atividade que descreve como «excelente».

«Houve a parte divertida, de andar de caiaque e pela natureza, que é maravilhoso, mas também aprendi bastante sobre aves, as ilha barreira, as dunas e toda a biodiversidade, sobre a qual sou bastante leigo. Só vejo pontos positivos neste tipo de inciativas», disse aos jornalistas.

 

 

O passeio, no qual participou mais de uma dezena de pessoas, foi conduzido por Rita Carrasco, investigadora do Centro de Investigação Marinha e Ambiental (CIMA) da Universidade do Algarve, que foi explicando, «de forma descontraída», o que compõe a ria, qual a sua origem e o «papel fundamental de cada ambiente, no qual o ser humano também se insere».

Dos participantes, recebeu a atenção e curiosidade que a faz acreditar nos benefícios destas atividades.

O programa Ciência Viva no Verão realiza-se desde há 27 anos, mas nem sempre incluiu tantas atividades como agora.

Observar o Sol ou o céu noturno, compreender os ecossistemas dos sapais, florestas e estuários, conhecer a geologia que deu origem à paisagem ou visitar grandes instalações de engenharia são alguns exemplos das atividades promovidas pela Ciência Viva.

No total, são 372 ações distribuídas por 601 datas, que acontecem por todo o território nacional, incluindo as Regiões Autónomas dos Açores e da Madeira.

 

Foto: Mariana Carriço | Sul Informação

 

Ainda assim, o Algarve é das regiões com mais atividades.

«Temos três centros de Ciência Viva – o de Lagos, Tavira e Algarve, que é em Faro – e acho que estamos perto das 200 atividades», diz Cristina Veiga-Pires, que destaca não só a importância do programa para «aproximar as pessoas da ciência» como proporcionar visitas a sítios «pouco comuns».

«É o caso do Ramalhete, da Mina de Sal-Gema, da Necton ou da empresa de caviar sustentável. Tentamos mostrar novas oportunidades e que a ciência também tem um papel na nossa economia local e regional, mostrar mais do que apenas o sol e praia da região, embora também se possa fazer muitas atividades na praia», continua Cristina Veiga-Pires.

Antes de entrar no barco para navegar na Ria Formosa, Rosalia Vargas fez ainda um balanço do estado na Ciência no país. Mostrou-se satisfeita pelo facto de, pela primeira vez, no resultado do Eurobarómetro que mede a literacia científica dos europeus, Portugal estar «nos primeiros lugares em quase todos os indicadores».

Para Rosalia Vargas, estes resultados são também fruto do trabalho feito pelos muitos Centros Ciência Viva espalhadas pelo país.

 

Foto: Mariana Carriço | Sul Informação

 

«O panorama hoje é muito diferente daquele que era há 27 anos, quando o professor Mariano Gago fundou o primeiro Ministério da Ciência e Tecnologia em Portugal. O trabalho foi-se fazendo a pouco e pouco, enraizando a ciência na sociedade, mas ainda há todo um caminho a percorrer. Não é a situação ideal em termos de apoios, já foi muito melhor, mas também já foi inexistente, portanto estamos num progresso e num caminho que não queremos parar», disse aos jornalistas.

Tal como nos anos anteriores, ao fim de apenas uma hora da abertura das inscrições para o Ciência Viva no Verão contabilizavam-se mais de 3.500 inscritos nas ações, um resultado que deixa a presidente «muito satisfeita».

Todo o programa pode ser consultado aqui. As atividades custam entre 2 e 8 euros

 

Fotos: Mariana Carriço | Sul Informação

 

 

A 3 de Agosto de 1997, por impulso do algarvio José Mariano Gago, então ministro da Ciência e Tecnologia, abre ao público o primeiro dos três centros Ciência Viva do Algarve, em Faro.

Posteriormente, são abertos os centros de Tavira e de Lagos, sempre com o financiamento dos Municípios de Faro, Tavira, Lagos, Loulé e Albufeira e em parceria com a Universidade do Algarve (UAlg).

Em nota enviada às redações, a CCDR Algarve refere que o Programa Regional CRESC ALGARVE 2020, visando melhorar e reforçar o trabalho dos centros e prosseguindo o objetivo de acelerar a transição digital e melhorar a eficiência e eficácia do sistema de educação e formação, apoiou a produção de recursos didáticos digitais (RDD) para os alunos, docentes e formadores da região, por parte dos três centros existentes no Algarve (Faro, Lagos e Tavira), no montante global de 707.095 euros (Fundo Social Europeu), em parceria com a Universidade do Algarve, Instituto do Emprego e Formação Profissional e Turismo de Portugal, estes últimos tendo com destinatários os respetivos alunos/formandos.

Neste plano, o Centro Ciência Viva de Lagos dinamizou o projeto PaNReD e produziu dez recursos didáticos digitais inovadores, com 36 temas distintos, dedicados ao património natural algarvio para o ensino e formação profissional dos cursos lecionados na Região.

Tendo como parceiros a UAlg, os agrupamentos de escolas de Lagos, Vila do Bispo e Aljezur, a Associação de Municípios Terras do Infante e o FOR-MAR, este projeto assentou no Património (Natural, Geológico e Paleontológico), a Sustentabilidade, a Biodiversidade e a Paisagem Natural, funcionando como ponte entre a Educação, a Ciência, a Comunicação e a Inovação, produzindo RDD inovadores destinados à formação profissional.

Com a UAlg e o agrupamento de escolas Tomás Cabreira, em Faro, o Centro Ciência Viva do Algarve (Faro) promoveu a operação Pr’Oceano – Proteger o Oceano, porquê e como?, a qual tem teve como principal objetivo o desenvolvimento de nove recursos didáticos digitais inovadores, incluindo 36 temas distintos, dedicados ao Oceano, para o ensino e formação profissional dos cursos lecionados na região do Algarve, permitindo reforçar as competências nessa área de saber mas igualmente nas TIC.

Complementarmente, o Centro Ciência Viva de Tavira promoveu o projeto DiMEd, que incluiu a produção e o desenvolvimento de RDD inovadores, baseados nas diferentes dimensões da Dieta Mediterrânica e suporte em ambiente virtual, visando a melhoria e inovação de conteúdos integrantes da oferta formativa profissional e contribuindo para a promoção do sucesso escolar e a adequação às necessidades e transformações sectoriais da região.

Em parceria com a Escola de Hotelaria e Turismo de Vila Real de Santo António, o projeto desenvolveu um vasto conjunto de RDD, associado à dieta mediterrânica, nas vertentes de saúde, gastronomia e património.

 

 

Leia mais um pouco!
 
Uma região forte precisa de uma imprensa forte e, nos dias que correm, a imprensa depende dos seus leitores. Disponibilizamos todos os conteúdos do Sul Infomação gratuitamente, porque acreditamos que não é com barreiras que se aproxima o público do jornalismo responsável e de qualidade. Por isso, o seu contributo é essencial.  
Contribua aqui!



Comentários

pub