Cirurgias e consultas externas adiadas no Algarve devido à greve dos médicos

Adesão à greve é «bastante elevada», rondando os 93,5%

Cirurgias e consultas externas nos hospitais do Algarve adiadas e constrangimentos nas unidades de cuidados de saúde primários são consequências da greve convocada pelo Sindicato Independente dos Médicos (SIM) que hoje se iniciou, disse à Lusa fonte sindical.

Em declarações à Lusa, o secretário regional do Algarve do SIM João Dias adiantou que a adesão à greve é «bastante elevada», rondando os 93,5% e refletindo-se, sobretudo, no adiamento de consultas externas e de cirurgias não urgentes, que estão a obrigar os utentes a voltar para casa.

«Estamos a ser empurrados pelo Governo para uma situação que tentámos evitar ao máximo. Cada vez mais há uma falta de capacidade de resposta nos blocos operatórios e consultas, porque há menos gente, e isto não sei onde é que vai parar. Mas o Governo desta forma não está a conseguir resolver o problema», sublinhou.

De acordo com João Dias, os blocos operatórios do Centro Hospitalar Universitário do Algarve (CHUA), que congrega os hospitais de Faro, Portimão e Lagos, estão a funcionar com os serviços mínimos e estão a ser adiadas todas as cirurgias que não são consideradas urgentes.

«Muitos destes doentes estão, às vezes, três ou quatro meses à espera por uma consulta, ou cinco ou seis meses à espera de uma cirurgia e agora voltam para casa à espera que seja remarcada. Só que não se sabe quando será remarcada, porque nas próximas semanas há outros doentes já agendados», lamentou.

Segundo o dirigente sindical, estão a ser formados médicos nos hospitais públicos para depois «saírem para o privado», pois os profissionais, de ano para ano, estão «a cair num desalento» e acabam por achar que o melhor é ir embora para o setor privado.

«O Algarve tem que ter capacidade suficiente para dar resposta à população que serve, não pode estar numa situação em que não tem dermatologistas, não tem hematologistas, não tem endocrinologistas e em que o serviço de Ortopedia está no mínimo dos mínimos», frisou.

Para além destas especialidades, também a Ginecologia e Obstetrícia «está reduzida a um terço do quadro», e a pediatria, com duas maternidades a funcionar, «praticamente em cinco dias da semana, para não dizer seis, não tem pediatra em Portimão e, outras vezes, não tem pediatra em Faro», insistiu.

«Temos doentes à espera de ser operados no Algarve, não conseguem ter resposta e o qual o acordo que se faz? Faz-se acordo com hospitais como o de Riba d’Ave [em Braga], que é o sítio mais longe do país, não havia sítio mais longe, só se for em Espanha», criticou.

De acordo com João Dias, os médicos estão a fazer greve «não só para ter melhores condições e atratividade para os profissionais se manterem no Serviço Nacional de Saúde, mas acima de tudo porque querem que o país tenha condições para dar resposta».

Os médicos iniciaram hoje uma greve nacional de três dias para forçar o Governo a apresentar uma proposta concreta de revisão da grelha salarial, que o ministro da Saúde prometeu na segunda-feira enviar aos sindicatos.

Convocada pelo SIM, a paralisação decorre em simultâneo com uma greve dos médicos de família ao trabalho extraordinário, iniciada na segunda-feira e que terá a duração de um mês.

 



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