Alunos de Medicina da UAlg apresentam trabalhos de intervenção comunitária

Trabalhos foram desenvolvidos nos municípios de Albufeira, Faro, Loulé, Monchique, Olhão, Portimão e Tavira

Os alunos do primeiro ano do Mestrado Integrado em Medicina (MIM) da Universidade do Algarve (UAlg) apresentaram na semana passada, no Anfiteatro Teresa Gamito, no Campus de Gambelas, 21 trabalhos de intervenção comunitária realizados por vários municípios do Algarve, com o mote das doenças cérebro-cardiovasculares.

Esta aproximação do MIM à comunidade realiza-se no âmbito da unidade curricular “Saúde e Intervenção Comunitária”, do 3º ano.

«Para melhor transmitir a mensagem que se pretendia criou-se o projeto “MovIMento”. Importa perceber que não se pode ficar inerte e esperar mudanças. A literacia permite escolher melhorar, e assim transformar os hábitos e com isto promover a mudança. Queremos que os nossos estudantes percebam o impacto que a intervenção em saúde tem na comunidade», explicou Manuela Castro, criadora do projeto e regente da unidade curricular.

A ligação aos municípios através desta unidade curricular, materializada assim através do projeto “MovIMento”, já vai na segunda edição e este ano realizou-se nos municípios de Albufeira, Faro, Loulé, Monchique, Olhão, Portimão e Tavira.

Segundo a docente responsável, pretende-se que esta iniciativa tenha expressão nos 16 municípios do Algarve de uma forma equitativa.

«Queremos chegar a mais pessoas, mas para isso é necessário que exista abertura para nos receberem”. No início sente-se uma certa resistência, explica, “não é fácil reunir grupos na comunidade, e as instituições e empresas têm alguma dificuldade em subtraírem os colaboradores do seu horário de trabalho para participar nestas sessões. As escolas, que são habitualmente um excelente parceiro para estas intervenções, encontram-se a passar por uma fase difícil que condiciona a realização de atividades extracurriculares. Existem muitos projetos que nunca chegam a ser implementados devido a todas as dificuldades que têm se ser superadas, mas quando se consegue chegar ao fim os resultados são muito positivos», assegura.

Se esta iniciativa permite aos estudantes adquirir aptidões no âmbito da intervenção na comunidade, Manuela Castro considera que também é uma mais-valia «enraizá-los no Algarve desde o início do MIM, não só porque queremos que fiquem na região, mas também porque muitos deles vêm de outras regiões e esta é uma forma de os integrar, fazendo-os sentir parte desta comunidade».

Em nota, a Universidade do Algarve alerta para o facto de as doenças cérebro-cardiovasculares estarem associadas a elevada morbilidade e mortalidade e o Acidente Vascular Cerebral (AVC) é a principal causa de morte.

«Estas sessões são importantes para as pessoas compreenderem que ao controlarem os fatores de risco estão a diminuir significativamente a probabilidade de sofrerem um AVC», diz Manuela Castro.

«É uma doença em que muito se pode fazer para a evitar», alerta.

«O objetivo deste projeto é sensibilizar as pessoas para o facto de que os seus comportamentos, bons ou maus, condicionam não só a sua saúde, mas também a vida das pessoas que as rodeiam», continua.

Enquanto médica tem a perceção de que é difícil mudar os hábitos de vida. Como tal, os estudantes de Medicina da UAlg também atuam na capacitação das pessoas para identificarem os sinais e sintomas da doença numa fase muito precoce, explicando-lhes ainda que existe a nível nacional a Via Verde AVC, criada pelo Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM), que permite que os utentes com sinais e sintomas de AVC sejam corretamente assistidos e encaminhados para a unidade hospitalar melhor preparada para os receber.

Neste contexto, foi apresentada a plataforma Aprender, desenvolvida pelo INEM, que disponibiliza uma vasta oferta de produtos pedagógicos na área da emergência médica para profissionais e para a comunidade em geral. Aqui pode encontrar-se também formação fundamental para a literacia em saúde e aquisição de competências essenciais a todos os cidadãos, como é o caso do Suporte Básico de Vida (SBV), sendo possível obter uma formação online certificada na rubrica “Reanimar com o INEM”.

Os trabalhos de intervenção comunitária dos alunos da UAlg assentaram, assim, na prevenção e identificação dos fatores de risco, reforçando os modificáveis, e na identificação dos primeiros sinais e sintomas do AVC. Foi também dinamizada uma sessão de SBV com todos os participantes.

Estas sessões foram desenvolvidas nas seguintes entidades: Universidade do Algarve para a Terceira Idade, Universidade Sénior da Cruz Vermelha Portuguesa, Junta de Freguesia de Tavira, Associação Nossa Senhora dos Navegantes (Ilha da Culatra), Escola de Trânsito de Albufeira, Danças do Mundo_Sul, Clube Surf de Faro, Moto Clube de Faro, GNR Tavira, Colégio Oficina Divertida, Escola Profissional Gil Eanes, Agrupamento de Escolas Dra. Laura Ayres, Escola Secundária de Tavira e Escola Secundária de Loulé.

A iniciativa é uma parceria do MIM UAlg e do Algarve Biomedical Center (ABC) para as comunidades do Algarve, que este ano contou com o apoio do INEM, do projeto “Kid on Top” e com o patrocínio científico da Sociedade Portuguesa de Literacia em Saúde (SPLS) e da Sociedade Portuguesa de AVC (SPAVC).

 



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