Investigação algarvia apreende tonelada de cocaína a veleiro nos Açores [com fotos]

Nos oito detidos, há um português. Cabecilha do grupo foi apanhado em Lisboa, mas também se movimentava no Algarve

A investigação durava «há cerca de três anos», era desenvolvida pelo Departamento de Investigação Criminal (DIC) de Portimão e culminou com a apreensão de uma tonelada de cocaína. O veleiro que transportava a droga vinha da América do Sul, quando foi intercetado, esta quarta-feira, 21 de Junho, ao largo dos Açores. Os oito detidos, um deles português, fazem parte desta rede de tráfico que usava Portugal como «plataforma para colocar cocaína» na Europa. 

Esta foi, nas palavras de Fernando Jordão, diretor da Polícia Judiciária no Sul, uma «operação complexa».

Em conferência de imprensa, realizada esta segunda-feira, 26 de Junho, o responsável explicou que esta era uma ramificação de uma «organização sul-americana» que «usava Portugal e Espanha como plataforma» para o tráfico de cocaína.

O sucesso da operação, acrescentou, também se deveu «à cooperação» entre PJ, Marinha, Força Aérea e Brigada de Investigação do Crime Organizado do Corpo Nacional de Polícia (Espanha).

O veleiro onde seguiam dois dos detidos chamou, desde cedo, à atenção das autoridades.

 

 

O inspetor Alexandre Branco, diretor do Departamento de Investigação Criminal de Portimão, adiantou que, no âmbito da investigação, o barco surgiu logo como suspeito de «transportar esta grande quantidade de cocaína».

«Desde muito cedo na investigação percebemos os contornos com a aquisição de vários barcos», explicou.

Após a abordagem, na madrugada de quarta-feira, o veleiro acabaria por ir ao fundo, já sem a droga no interior.

«O barco, que tinha 14 metros, um mastro único e um motor auxiliar, foi todo aparelhado para fazer a viagem. Acreditamos que tenha passado pelas algumas tempestades e dificuldades de mar que vieram a degradar o navio», explicou Alexandre Branco.

Durante a viagem para Ponta Delgada, já rebocado pela Marinha, o veleiro viria a afundar.

Os tripulantes, que não ofereceram resistência, tinha, a droga «à vista, na parte da camarata», adiantou ainda.

Questionado sobre qual seria o destino da cocaína, Alexandre Branco respondeu que haveria «três, quatro possibilidades, uma das quais na costa espanhola».

«Contudo, não sabíamos ao certo para onde iam e essa foi uma das razões que nos levou a solicitar a ajuda da Marinha e da Força Aérea», adiantou.

 

 

 

Além da detenção no mar, foram efetuadas buscas domiciliárias em diversos lugares de Portugal.

Foram detidos mais seis suspeitos, cinco dos quais no cumprimento de mandados de detenção emitidos pelo JIC de Évora.

Das ações de buscas resultou também a apreensão de um outro barco, um iate a motor, que «estava numa marina» do Algarve e que as autoridades acreditam que fosse usado para «dar apoio».

A isto soma-se diverso equipamento sofisticado de comunicações, como telefones satélite, documentação relevante para a investigação, dinheiro, várias wallets de criptomoeda, joalharia e relojoaria de elevado valor.

Os suspeitos, de diversas nacionalidades, nomeadamente, europeias e sul-americanas, têm antecedentes policiais e judiciais por crimes de tráfico de estupefacientes, branqueamento e associação criminosa.

Os detidos no veleiro foram já presentes às Autoridades Judiciárias competente no Tribunal de Ponta Delgada, tendo ficado em prisão preventiva.

Os restantes seis detidos estão a ser presentes esta segunda-feira às Autoridades Judiciárias competentes no Tribunal de Évora, para aplicação das medidas de coação.

 

 

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