O aumento das tarifas de água, de saneamento básico e recolha de resíduos em Faro, pela empresa municipal Fagar, foi desaconselhado pela Entidade Reguladora dos Serviços de Água e Resíduos, revelou o PS/Faro, numa conferência de imprensa que teve hoje lugar.
Os socialistas consideram «inaceitável» e «incompreensível» aquilo que consideram um «brutal aumento» da fatura da Fagar, a empresa gestora de água e resíduos de Faro, que surpreendeu muitos habitantes de Faro este mês de Março.
A chegada das faturas levou a uma onda de indignação pública, que teve eco nas redes sociais e foi, mais tarde, denunciada por partidos da oposição.
Na altura, a Fagar atribuiu o aumento do tarifário às determinações da ERSAR e à subida dos preços pelos prestadores de serviços.
No entanto, um parecer desta mesma entidade reguladora, apresentado pelo Partido Socialista aos jornalistas, não só considera que, no pedido de alteração de tarifário feito pela Fagar, a empresa farense «não apontou quais os fundamentos que determinaram essas alterações», como diz que, no caso do saneamento, deveria haver uma redução do tarifário proposto.
«Em termos previsionais, o tarifário proposto conduz a uma cobertura dos gastos excessiva no serviço de saneamento de águas residuais, devendo a entidade gestora [Fagar] promover a melhoria neste indicador», lê-se no parecer.
A ERSAR aconselha a Fagar a equacionar «uma revisão do tarifário, no sentido da sua redução, a qual pode ser ainda alavancada pelos ganhos de eficiência e consequente redução de gastos».
O parecer, resume o presidente do PS/Faro, «diz que deve ser feita uma gestão cuidadosa, reduzindo os gastos, fazendo ganhos de eficiência. Isto quer dizer que há muita margem de manobra para se encontrar uma solução que não esta» para fazer face ao aumento de custos.
No entanto, acusam os socialistas, o tarifário não só aumentou, «no mínimo, 25%», no que ao saneamento diz respeito, como é bem acima daquele que foi aprovado, com os votos contra do PS, numa Reunião de Câmara realizada em Dezembro.
«Não são compreensíveis estes aumentos quando há uma proposta de 6% aprovada em Dezembro e quando se verificam aumentos que, depende de caso a caso, porque só há apenas um escalão neste momento, vão até 50%, 60% e mais e sempre superior a 25 por cento», segundo Adérito Silva, o presidente do PS/Faro.
Os socialistas dão dois exemplos práticos, uma de consumo doméstico: (…) Uma família que tenha um consumo de 17 metros cúbicos (m3), em 2022 pagava 49 euros e em 2023 paga 61 euros, um aumento de 25%».
Falando do consumo não doméstico, um consumo de 5m3 «pagava 15 euros e agora paga 94 euros».
O Partido Socialista quer, «em primeiro lugar, a reversão completa do tarifário. A seguir, queremos a realização de uma Assembleia Municipal extraordinária, algo que já foi requerido, de modo a tentar sensibilizar quem tem a maioria na Câmara Municipal, para conseguirmos esse desiderato».
Caso não seja possível reverter a situação por esta via, Adérito Silva admite «pôr tudo o que tivermos ao nosso alcance ao dispor da população farense, para que não haja estes brutais aumentos. É inadmissível que numa situação de pandemia, de guerra e de inflação, a que todos assistimos, não se defendam os interesses de uma população».
O socialista admite, mesmo, associar-se aos protestos de cidadãos farenses e aos apelos à mobilização contra a medida que estão a ser feitos na rede social.
«Iremos estar ao lado das pessoas e, se for caso disso, iremos ou mobilizar ou enquadrar uma mobilização geral no concelho, para tentar reverter esta situação», assegurou.
O Sul Informação tentou contactar o presidente da Fagar, Paulo Gouveia da Costa, mas sem sucesso até à publicação deste artigo.
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