Artesãos do Loulé Criativo apresentam-se no IKEA e resultado é «muito positivo»

Iniciativa conjunta decorreu entre os dias 2 e 5 de Fevereiro

Gustavo Arguello e Carla Martins, dois dos participantes na iniciativa. Foto: Mariana Carriço | Sul Informação

Peças de cobre a decorar a cozinha, artesãos a fazer centros de mesa em cartão, tapetes, peças de roupa e candeeiros a ganharem forma. Os últimos dias foram bem diferentes para os designers e artesãos do Loulé Criativo, mas também para todos quantos visitaram o IKEA. 

É que, entre 2 e 5 de Fevereiro, mais de 150 produtos feitos por 20 criadores locais estiverem expostos nesta loja de mobiliário e decoração, onde houve ainda espaço para que os artesãos pudessem produzir ao vivo e mostrar o seu trabalho a quem por lá ia passando.

A parceria entre a loja IKEA Loulé e o Loulé Criativo já leva cinco anos e resulta de um protocolo assinado com Câmara Municipal louletana, para a passagem de conhecimento.

«Já foram feitas formações com alguma regularidade, nas quais os profissionais do IKEA partilharam os seus conhecimentos com os artesãos de Loulé, numa espécie de tradução do que são as práticas de uma grande produção e de como é que nós podemos aplicar esses conhecimentos na pequena produção, local e feita à mão. Mesmo numa escala completamente diferente, há sempre coisas que conseguimos aprender com quem tem esta experiência», explica Henrique Ralheta, coordenador do Loulé Design Lab. Há cada vez mais espaço para «os dois mundos», garante.

 

As equipas do Loulé Design Lab e IKEA. Foto: Mariana Carriço | Sul Informação

 

Assim, com esta iniciativa, o IKEA pretendeu, uma vez mais, promover esta interação e dar aos artesãos a possibilidade de terem contacto com os consumidores em loja.

«Para nós, IKEA, é muito importante promover este tipo de ações porque acabamos por criar uma proximidade maior com a comunidade local. Acreditamos que isso nos ajuda a atingir o nosso maior objetivo como empresa, que é criar o melhor dia a dia para a maioria das pessoas», refere Tiago Martins, sales team leader e um dos responsáveis pelo evento desenvolvido.

No início, Margarida Valente, uma das artistas incubadas no Loulé Design Lab, confessa que ficou «um pouco reticente» quanto ao convite, mas, já no último dia, o balanço não podia ser mais positivo.

«O feedback das pessoas que vão passando tem sido excelente. Tem havido muita gente interessada e a querer ficar com o meu contacto», conta ao nosso jornal a artesã lisboeta, que, juntamente com Wesley Sacardi, tinha o seu trabalho como cartão de entrada para esta iniciativa que se estendeu pela loja durante quatro dias.

 

Margarida Valente à conversa com duas visitantes. Foto: Mariana Carriço | Sul Informação

 

Para Wesley, criador de peças em madeira, a presença no IKEA foi importante para «aproximar o trabalho da comunidade, criando valor», pois acredita que «é bom entender os diferentes processos, independente de serem industriais ou não».

Susana Mendez é uma das mais jovens participantes, que, na arte da tecelagem manual, encontrou a sua grande paixão.

«A minha formação não tem nada a ver, eu sou designer de comunicação, mas agora decidi dedicar-me a tempo inteiro a este trabalho e está a correr muito bem. Este convite do IKEA foi espetacular porque permitiu mostrar o meu trabalho a mais pessoas realmente interessadas em peças de decoração, que é o que eu mais gosto de fazer».

 

Susana Mendez. Foto: Mariana Carriço | Sul Informação

 

Noutra zona, encontra-se Jina Nebe, criadora das gravuras que depois passa para diferentes peças. Dos quadros aos guardanapos de pano, as peças misturam-se com as do IKEA, dando outro brilho à exposição.

 

Jina Nebe. Foto: Mariana Carriço | Sul Informação

 

Numa divisão cheia de plantas e objetos decorativos e utilitários feitos em palma, está Gonçalo Gama, que aprendeu esta técnica durante a realização do mestrado em Design de Produto e que já cria há cerca de três anos. Para o jovem, esta iniciativa «tem sido muito importante para dar a conhecer o trabalho».

 

Gonçalo Gama. Foto: Mariana Carriço | Sul Informação

 

Quem também cativou bastante a atenção dos visitantes foram Gustavo Arguello e Carla Martins, que reaproveitam material para fazer peças de mobiliário.

«Aqui, no IKEA, estamos com os móveis de papel e cartão. Quando saímos um pouco, vêm logo pessoas para se sentar e ficam curiosas para saber se é resistente e confortável e é muito giro ver a expressão quando percebem que é», diz Carla Martins ao nosso jornal.

Durante estes dias, foram muitos os que passaram pelo IKEA e ficaram a conhecer não só o projeto Loulé Criativo, como o trabalho de vários dos seus artesãos. Mas houve também quem se deslocasse de propósito para conhecer esta junção.

Segundo Henrique Ralheta, a iniciativa mostrou, essencialmente, que «o diálogo é possível». «Muitas das nossas casas são assim e têm já peças de diferentes proveniências, por isso estamos muito contentes com este convite». Este é, possivelmente, um evento a repetir.

 

Fotos: Mariana Carriço | Sul Informação

Leia mais um pouco!
 
Uma região forte precisa de uma imprensa forte e, nos dias que correm, a imprensa depende dos seus leitores. Disponibilizamos todos os conteúdos do Sul Infomação gratuitamente, porque acreditamos que não é com barreiras que se aproxima o público do jornalismo responsável e de qualidade. Por isso, o seu contributo é essencial.  
Contribua aqui!



Comentários

pub