Aos 110 anos, Maria da Conceição até recebeu os parabéns do Presidente da República

«Que sejam felizes e tenham uma vida longa como a minha», deseja a “rainha” do lar de São Brás de Alportel

Foto: Mariana Carriço | Sul Informação

O dia de aniversário dos utentes do lar é sempre especial para a Santa Casa da Misericórdia de São Brás de Alportel, mas ontem, 22 de Dezembro, assinalou-se um marco muito importante: a “rainha” Maria da Conceição fez 110 anos.

De cadeira de rodas, porque as pernas já não são o que eram, descolocou-se até ao Salão de Festas do lar, onde já a esperavam dezenas de pessoas que, com ela, queriam celebrar este dia tão memorável. Afinal, é raro ver alguém chegar aos 110 anos. Na Santa Casa da Misericórdia de São Brás de Alportel, nunca aconteceu, apesar de lá já se terem celebrado muitos aniversários centenários.

«É um orgulho imenso e uma alegria extraordinária termos o privilégio de cuidar da Dona Conceição, mas também de todos os utentes que temos aqui, que não têm 110 anos, mas para lá caminham. Vamos fazer de tudo para que lá cheguem», disse Júlio Pereira, o provedor da Santa Casa.

Nascida em São Romão, em 1912, ainda São Brás de Alportel não era concelho, mas sim uma freguesia de Faro, Maria da Conceição dedicou toda a sua vida ao trabalho no campo, onde apanhava alfarrobas, azeitonas e favas.

Assim foi até aos 99 anos, altura em que deixou a sua casa e veio morar para o lar.

«É um orgulho para mim ter aqui a Maria da Conceição com 110 anos e por isso é que digo que é a minha rainha», realçou Anabela, acrescentando que a idosa mostra todos os dias «gosto por viver».

 

Anabela Conceição, diretora técnica do lar, e Júlio Pereira, o provedor da Santa Casa. Foto: Mariana Carriço | Sul Informação

 

Com olhar emocionado, a diretora técnica do lar revelou ao Sul Informação que algumas foram já as vezes em que tiveram medo de perder Maria da Conceição, «mas ela deu sempre a volta por cima».

«Com a chegada da Covid-19, tivemos sempre todos os cuidados para que não a apanhasse, porque pensámos que, se isso acontecesse, havia grande possibilidade de a perdermos, mas ela acabou por apanhar este ano e o que é certo é que conseguiu», revelou Anabela, referindo que as maiores mazelas que o vírus lhe deixou foi ao nível da audição.

Relativamente às outras faculdades, a diretora técnica explica que D. Conceição já só se consegue descolocar de cadeira de rodas, «porque tem dificuldade em andar», enquanto a alimentação consegue fazer sozinha, «dependendo dos dias».

Ontem, Maria da Conceição «não estava nos seus dias», avisaram logo as funcionárias que diariamente convivem com ela, mas, mesmo assim, conseguiu arrancar sorrisos a muitos dos que naquela sala se encontravam.

Presidente da Câmara, da Junta de Freguesia e outras entidades concelhias não faltaram à festa – e até o Presidente da República fez questão de marcar presença. Por chamada telefónica, Marcelo Rebelo de Sousa deu os parabéns a D. Maria da Conceição, um momento que recebeu os aplausos de todos.

 

O momento em que recebeu a chamada do Presidente da República. Foto: Mariana Carriço | Sul Informação

 

Para o provedor Júlio Pereira, este é um dia muito feliz, que mostra também o reflexo do trabalho feito pelos profissionais deste lar.

«O que nós fazemos é tratar os outros como gostávamos que nos tratassem a nós e isso não tem segredo nenhum, é uma coisa muito básica. O que fazemos é mimá-los, estimá-los e acarinhá-los como fazem as famílias. É esse o espírito que incutimos a todos os nossos técnicos e funcionários e isso reflete-se», diz.

Apesar de admitir que a pandemia «deixou marcas» devido ao distanciamento e ausência familiar, o provedor salienta que a Santa Casa da Misericórdia de São Brás de Alportel sempre tentou colmatar essas perdas com medidas internas.

«Neste momento, estamos, passo a passo, a retomar a normalidade e uma das coisas que vai nesse sentido é este aniversário já aberto à comunidade», frisou.

Depois das velas apagadas (com ajuda) e dos momentos musicais encerrados, Maria da Conceição não conseguiu dizer muitas palavras, mas deixou uma mensagem num cartão assinado pela própria e distribuído pelas funcionárias do lar.

«Que sejam felizes e tenham uma vida longa como a minha», é o desejo da “rainha” de 110 anos.

 

Fotos: Mariana Carriço | Sul Informação

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