Vivemos tempos de acelerada mudança a todos os níveis da nossa sociedade e é necessária uma constante adaptação para resistir aos vários desafios.
As alterações climáticas são um destes desafios e os seus efeitos, por vezes dramáticos, já são evidentes em inúmeros países.
Para fazer face a este desafio, a União Europeia apresentou, como principal medida, a proibição de vendas dos veículos a combustão em 2035, de modo a acelerar a descarbonização. Esta proibição permite massificar a utilização dos veículos elétricos e deste modo, diminuir as emissões de CO2.
A transição para as energias limpas no setor automóvel coloca Portugal bem posicionado para a exploração das suas reservas de lítio, uma vez que ocupa a 6ª ou 7ª posição no ranking mundial, como maior produtor de lítio.
Poderão as nossas reservas de lítio ter um impacto significativo no desenvolvimento económico do país ou na evolução da nossa capacidade em desenvolver tecnologia?
Os carros elétricos adotaram as baterias de lítio, com alterações (forma cilíndrica), relativamente aos dispositivos eletrónicos, para aumentar a quantidade de carga e melhorar o desempenho.
O custo substancial dos carros elétricos deve-se, sobretudo, ao preço da sua bateria. Vários fabricantes planeiam produzir automóveis elétricos a custos moderados, mas a escassez da matéria-prima pode tornar esta ideia irrealizável.
A massificação dos carros elétricos e o facto do lítio ser um recurso limitado devem tornar necessária a reciclagem, o que pode tornar sustentável o processo de fabrico. Contudo, ainda não existe um mercado para a reciclagem do lítio.
Atualmente, o tempo de carga destas baterias, mesmo em estações de carregamento rápido, demora muitos minutos e com longas filas de automóveis, demora várias horas. Também é inviável que existam pontos de carregamento em todas as casas, prédios e apartamentos, uma vez que seria necessária uma logística com elevados custos associados.
A aplicação das baterias de lítio em carros elétricos é um enorme avanço, mas parece ser transitório e não definitivo, designadamente pode ser um ponto de passagem para o hidrogénio verde, outra forma de armazenar energia, com maior capacidade de armazenamento e mais ecológica, uma vez que o produto final é a água, em vez de CO2. Contudo, a transição dos carros de combustão para os elétricos é definitiva e inevitável.
Autor: Tiago Candeias é diretor da licenciatura em Engenharia Informática do ISMAT
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