Dentro da sala de operações do Hospital de Faro onde se fez história

Nova intervenção cirúrgica

Foto: Pedro Lemos | Sul Informação

O relógio marca 10h30 na sala de operações de Cardiologia da unidade de Faro do Centro Hospitalar Universitário do Algarve e a azáfama é muita. Médicos e enfermeiros vão preparando a intervenção cirúrgica que, daí a minutos, vai marcar uma nova vida nesta Unidade. 

Na maca, está uma jovem com um historial clínico fora do comum. Tem 22 anos, mas, apesar da idade, já sabe o que é ter um Acidente Vascular Cerebral (AVC).

Hugo Vinhas, coordenador da Unidade de Cardiologia e Hemodinâmica, é um dos médicos presentes na sala.

De bata, colete de chumbo e máscara, conta-nos que a paciente sofre de uma condição clínico-patológica no coração chamada Forame Oval Patente.

«Isto é algo que, na verdade, está presente em 20% da população. No entanto, há uma pequena minoria que persiste com este orifício – o Forame Oval – que habitualmente encerra à nascença», diz.

É essa alteração que pode conduzir a um AVC, tal como aconteceu com esta jovem.

 

Foto: Pedro Lemos | Sul Informação

 

«Ao encerrar este orifício, colocando um dispositivo, queremos prevenir novos Acidentes Vasculares Cerebrais que podem ser incapacitantes», explica Hugo Vinhas.

O coordenador da Unidade de Cardiologia e Hemodinâmica do CHUA vai acompanhando toda a operação ao pormenor. E não é razão para menos: a intervenção a que assistimos é «um marco» na história do Hospital de Faro.

«O que fazemos normalmente são os tratamentos de enfarte, por exemplo. Este tipo de operação que hoje inauguramos já se faz noutros centros, mas aqui, no Algarve, é nova. No fundo, estamos a ir ao encontro das necessidades da população», acrescenta, sem esconder o orgulho.

Antes, os doentes tinham duas opções: ou iam para Lisboa ou simplesmente não eram tratados.

Na sala de operações, tudo parece correr de feição.

 

Foto: Pedro Lemos | Sul Informação

 

Eduardo Oliveira, o médico que veio do Hospital Lusíadas para ajudar, vai explicando a intervenção passo a passo. Na hora de colocar o dispositivo na paciente, é delicado, muito delicado.

À sua frente, um monitor exibe os batimentos cardíacos da jovem.

Eduardo Oliveira é como que o maestro daquela orquestra de profissionais de saúde que, à medida que os minutos passam, vai fazendo história.

«Esta é uma intervenção muito importante e é sempre um gosto vir a Faro com esta equipa excecional. Trabalham muitíssimo bem e souberam criar condições para este tipo de intervenções», diz.

Eduardo Oliveira fala num «projeto muito importante», palavras que João Pedro Guedes também repete.

O cardiologista até já tinha experiência «como segundo operador», mas confessa que, para esta intervenção, voltou a «estudar e a ler sobre o assunto».

«É preciso saber cada passo porque, entre a teoria e a prática, há sempre pormenores», diz o médico.

 

Foto: Pedro Lemos | Sul Informação

 

Na sala de operações, a azáfama inicial já acalmou. A intervenção aproxima-se do fim e nota-se o sentimento de dever cumprido.

A paciente, ainda deitada na maca, vai acordando da anestesia.

«Pronto, acabou! Está tudo bem!», diz um dos enfermeiros para a jovem.

Já fora da sala, Hugo Vinhas perspetiva o que aí vem.

«Tudo o que é novo dá-nos alguma ansiedade, mas isto foi só início. Temos doentes em lista de espera e esta intervenção só vem acrescentar ainda mais valor ao que já fazemos», conclui.

 

Fotos: Pedro Lemos | Sul Informação

 

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