Comemoração do centenário de Laura Ayres assinalada com homenagem

Município propõe nome da médica para futura sala de congressos

A louletana Laura Ayres, médica, investigadora, pedagoga e professora de saúde pública, foi homenageada pelo Município de Loulé  a propósito das comemorações do seu centenário. 

A ideia partiu do médico Rui Lourenço e foi abraçada pela Autarquia, que decidiu arrancar com as atividades a 1 de Junho numa sessão que juntou, na sala da Assembleia Municipal, pessoas ligadas sobretudo à área da saúde e que conviveram de perto com Laura Ayres, quer profissionalmente quer de forma mais pessoal, deixando testemunhos.

«Laura Ayres é um mote para a construção do sentimento de pertença e de cidadania que este território tanto necessita», sublinhou Rui Loureço, que também privou com esta louletana, enquanto aluno, na década de 80.

Seguiu-se uma intervenção do antigo Ministro da Saúde, António Correia de Campos, que nos últimos 20 anos de vida de Laura Ayres a acompanhou, colaborando com ela em diversos projetos mas mantendo também uma relação pessoal de amizade.

«Encantando pela sua figura sorridente, energia disciplinada e tolerante, pelo contágio da sua alegria de viver e de trabalhar, pelo rigor de análise e sobretudo pela coragem em tomar decisões quase nunca fáceis, a sua maternalidade crítica, o exotismo de algumas das suas posições e, sobretudo, a capacidade formidável de criar equipas e de as manter organizadas e utilmente ocupadas, sempre com vista ao serviço público», disse.

Correia de Campos realçou ainda a personalidade destemida da médica, recordando o «uso permanente e impositivo do seu emblema da Comissão Democrática Eleitoral – CDE, um movimento político congregador de várias oposições ao regime de Salazar e Caetano, criado nas eleições de 69 da então Assembleia Nacional».

O antigo ministro falou também do facto de ter sido «premonitória», ao debruçar-se sobre a investigação nas áreas da legionela ou da Sida, quando o mundo ainda começava a despertar para esta doença. Mas também nos seus estudos que apontavam já para a pandemia que o mundo viveu nos dois últimos anos.

«Há 40 anos parecia adivinhar o futuro ao enunciar os fatores socioculturais, movimentos populacionais dentro e fora do país, rejeição de vacinas ou de outras medidas de controlo por indivíduos ou grupos populacionais», referiu.

Após o visionamento de um documentário sobre a vida e obra de Laura Ayres foi ainda tempo para uma mesa-redonda onde, além de Correia de Campos, estiveram presentes o filho da homenageada, embaixador em Budapeste, Jorge Ayres Roza de Oliveira, Francisco George, ex-diretor geral de saúde, médico de saúde pública e aluno da homenageada, Francisca Avillez, ex-subdiretora do INSA, Ana Jorge, ex-Ministra da Saúde, atual presidente da Cruz Vermelha e colega de Laura Ayres na Escola de Saúde Pública, e Jorge Torgal, ex-presidente do INFARMED.

Depois do nome de uma escola, em Quarteira, de uma rua, em Loulé, e do Laboratório Regional, no Parque das Cidades, o Município pretende que o novo centro de congressos – “Meeting Center” -, integrado no edifício do ABC – Algarve Biomedical Center, que se projeta para Vilamoura, dedicado ao envelhecimento, venha também a ter o nome de Laura Ayres.

O presidente da Câmara de Loulé anunciou durante esta sessão que irá apresentar a proposta ao ABC e às organizações que o constituem (Centro Hospitalar Universitário do Algarve e Universidade do Algarve) mas acredita que a mesma será acolhida «com muita alegria».

«Não há maneira melhor do que recuperar a memória da Drª Laura Ayres do que fazer um centro de produção de conhecimento científico público», disse o autarca.

Quanto à homenageada, António Aleixo enalteceu a «riqueza humana, o seu lado cívico capaz de abraçar causas em momentos difíceis, sempre à frente do seu tempo».



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