Turismo do Algarve está «claramente em retoma» e Verão deverá ser ao nível de 2019

O Sul Informação falou com Hélder Martins e com João Fernandes

O turismo do Algarve está «claramente em retoma» e a expetativa, do lado dos empresários, é que se atinjam já este Verão níveis de procura e de volume de vendas ao nível dos verificados em 2019. Ainda assim, não deixa de haver «preocupações» no horizonte.

O Sul Informação falou com Hélder Martins, presidente da Associação dos Hotéis e Empreendimentos Turísticos do Algarve, e com João Fernandes, presidente da Região de Turismo do Algarve, que acreditam que a época alta de 2022 terá indicadores ao nível de 2019.

Do lado dos empresários, a AHETA já revelou que, para a Páscoa, são esperadas taxas de ocupação ao nível pré-pandemia.

Estes dados, explicou ao nosso jornal Hélder Martins, foram apurados «num questionário que fizemos aos associados da AHETA», que permitiu perceber que a ocupação esperada, «tendo em conta as reservas, é de 63%, com uma margem de erro de um ponto percentual abaixo ou três acima».

«É claro que a ocupação varia de uns empreendimentos para os outros. Há alguns hotéis que estão quase com 100% de ocupação. As mais procuradas são as unidades de cinco estrelas», precisou.

O mercado nacional é o que mais peso tem nas reservas para a semana que vem, seguindo-se o britânico e o espanhol.

 

Hélder Martins

 

João Fernandes, que também aponta para «65% de ocupação, equivalente às reservas de igual período pré-pandemia», já nesta semana, acrescenta que, «para o fim de semana de Páscoa, a ocupação prevista já ronda os 90%».

«Também há uma procura muito elevada para a semana logo a seguir à Pascoa, por causa do MotoGP, em Portimão, a 24 de Abril, e do facto de 25 de Abril calhar a uma segunda-feira», acrescentou o presidente da RTA.

Também no golfe «a procura está a ser elevada, de Março a Maio, que é o primeiro período anual de época alta de golfe». Tanto o volume de vendas como os preços que se estão a praticar são «muito interessantes».

«Ao nível dos preços praticados e da procura, estamos claramente em processo de retoma», acredita João Fernandes.

«A nossa previsão para o Verão é boa. Neste momento, em termos de reservas, estamos três pontos percentuais acima de 2019», disse, por seu lado, Hélder Martins.

«Ultimamente têm caído muitas reservas. Falo pela minha experiência, na minha pequena unidade hoteleira. A minha filha disse-me que a pessoa que estava ontem na receção passou o dia a tratar de reservas, não apenas para o Verão, mas também para o período logo a seguir à Páscoa», contou.

«A perspetiva clara que temos é de uma retoma para os indicadores de 2019», concluiu o presidente da AHETA.

 

João Fernandes – Foto: Elisabete Rodrigues | Sul Informação

 

No entanto, também «há dificuldades», que introduzem uma dose «de incerteza» na equação.

Uma delas é a «grande volatilidade das reservas» que hoje existe «devido à flexibilização aos cancelamentos introduzida durante a pandemia, que traz uma maior incerteza».

«Por outro lado, há um sinal muito positivo, que é o crescimento das reservas pré-pagas, que indica claramente a confiança dos consumidores no destino Algarve. Ao mesmo tempo, as reservas de last minute são uma tendência que ainda perdura, o que pode ser benéfico», considera o presidente da RTA.

As ligações aéreas provenientes do Reino Unido são mais uma preocupação, «devido à falta de disponibilidade de recursos humanos».

O mais recente surto de Covid-19 «tem tido um grande impacto nas companhias aéreas e nas infraestruturas aeroportuárias, o que levou ao cancelamento de voos».

«Outro constrangimento com o qual nos debatemos é a subida do preço da energia e das matérias primas, cujos  efeitos já se fazem sentir», acrescentou João Fernandes.

Por fim, também se terá de perceber «como se vão comportar alguns mercados emissores, como o alemão, mas também aqueles mais próximos da zona de conflito, na Ucrânia».

 

 

 



Comentários

pub