Câmaras do Algarve respondem à seca com redução da rega e encerramento de fontes

Autarcas estiveram reunidos ontem com a Agência Portuguesa do Ambiente

Reduzir ao máximo a rega de espaços verdes, mesmo que isso signifique deixar secar alguns, usar águas residuais tratadas para a limpeza urbana e desligar fontes são algumas das medidas que as Câmaras do Algarve poderão adotar, no sentido de poupar água e dar o exemplo à população, a quem também será pedido mais cuidado no uso deste bem essencial.

Estas medidas foram faladas durante uma reunião entre a Agência Portuguesa do Ambiente e presidentes de Câmara do Algarve, que teve lugar esta quarta-feira, 23 de Fevereiro, em Lagos.

Amanhã, sexta-feira, os autarcas vão decidir quais as medidas concretas que vão tomar para amenizar os efeitos da seca, numa reunião ordinária da AMAL – Comunidade Intermunicipal do Algarve.

Nesse encontro, os presidentes de Câmara algarvios tentarão «encontrar uma posição comum, para dar alguns sinais relativamente a este tema».

Em cima da mesa vão estar as questões que foram discutidas na reunião de ontem, em Lagos. «Foi-nos pedido que apresentássemos algumas iniciativas, de modo a sensibilizar os cidadãos para um uso mais regrado e mais consciente dos consumos», disse, ao Sul Informação, António Pina, presidente da AMAL.

«Por outro lado, também nos pediram para refletir onde é que nós podemos dar um contributo», acrescentou.

Na visão do também presidente da Câmara de Olhão, a medida «que terá as maiores consequências práticas é a redução das regras dos jardins, que pode mesmo vir a traduzir-se no facto de alguns espaços verde secarem».

 

António Pina – Foto: Nuno Costa | Sul Informação

 

«O Ministério do Ambiente vai, inclusivamente, disponibilizar uma verba que pode também servir para a reformulação de jardins, retirando as zonas de grande rega e as espécies que necessitam de muita água, substituindo-as por outras que necessitem de menos água», revelou.

Às autarquias também foi pedido que tentem, «tanto quanto possível, aproveitar as águas residuais tratadas para a limpeza de caixotes do lixo e das ruas, se bem que ainda não temos em todos os municípios a disponibilidade de águas residuais para esse fim».

Em cima da mesa está igualmente o encerramento «das fontes que não tenham circuitos fechados de circulação de água, ou até mesmo essas, numa perspetiva de servirem como exemplo».

«Estas são algumas das possibilidades. Tudo isto será discutido e decidido amanhã», resumiu António Pina.

Na sessão com a APA também foram abordadas as disponibilidades hídricas e dada a garantia de que há pelo menos dois anos de abastecimento público garantido, a fasquia que determina «as decisões de interdição e de diminuição de uso múltiplos».

«No caso do Barlavento Algarvio, considerando que o consumo humano são cerca de 40 hectómetros cúbicos (hm3), chegando aos 80, não se disponibiliza mais para outros fins. Neste momento há 92,5 hm3 [armazenados nas barragens do Barlavento], o que significa que há 12,5 para rega agrícola e outros fins, sendo o restante reservado para consumo humano», concluiu António Pina.

 

 



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