Rui Curado (RIR): «O Algarve deve e tem de ser autónomo, como a Madeira e os Açores»

«Qual é a regionalização que o Algarve tem necessidade? É a que nos dê voz e autonomia na gestão da receita fiscal da região e nas políticas públicas»

Rui Curado, 43 anos, motorista, é o cabeça de lista do Algarve pelo partido RIR – Reagir Incluir e Reciclar às Eleições Legislativas de 30 de Janeiro, pelo círculo do Algarve.

Com esta entrevista, prossegue a série de entrevistas que o Sul Informação está a publicar, com todos os cabeças-de-lista de todas as forças políticas que se candidatam pelo círculo eleitoral do distrito de Faro.

A todos, e numa lógica de igualdade de oportunidades, foi enviado, atempadamente, um mesmo questionário com 12 perguntas.

As respostas são, naturalmente, diversas, como ficará claro ao longo dos próximos dias, com a publicação de todas as entrevistas.

 

Sul Informação – Quais são as prioridades da sua força política para a próxima legislatura para o Algarve?

SI – Todo o Algarve é uma prioridade, é uma região com um enorme potencial, na qual os nossos governantes nada têm feito a não ser falsas promessas nas suas campanhas.
Para o Algarve, o RIR prioriza o acesso aos cuidados de saúde de qualidade em tempo útil a todos os algarvios e portugueses, bem como um investimento na construção do Hospital Central do Algarve ou até mesmo do hospital do Sotavento algarvio (já prometido desde que o Cavaco Silva era primeiro ministro).
Nós defendemos a criação de habitações a custos controlados para contribuintes ativos, sendo a habitação um grave problema na região e no país também.
Por último, deixo a nossa maior convicção, que é liderar e defender a regionalização/autonomia do Algarve.

SI – O que levou a que aceitasse ser cabeça de lista pelo partido ou força política que representa?

RC – A aceitação deveu-se ao facto de ter o sentido de responsabilidade em defesa da região algarvia, região que, ao longo de décadas, tem sido desrespeitada e esquecida, não só pelo aual governo, mas como todos os outros que por lá têm passado.
É, por isso, fulcral uma política diferente, na qual tenham de ser os políticos a trabalhar para o povo e não o contrário.

SI – Quais são as expectativas e objetivos da sua força política em relação a estas Eleições Legislativas?

RC – Queremos levar a voz do povo ao Parlamento e ser essa mesma voz. Para tal, apelo à ajuda do povo algarvio, com o vosso voto no próximo dia 30, e principalmente daqueles que de facto fazem parte do maior partido do país, a abstenção.
É para o povo que queremos e iremos trabalhar.

SI – O que falta fazer no Algarve?

RC – Se todas ou quase todas as promessas tivessem sido cumpridas, não estaria aqui sem saber por onde começar.
O Algarve tem excelentes condições e recursos para potenciar o setor da indústria, de forma que seja possível a criação de marcas para entrar no mercado internacional, o que, por consequência, levaria ao aumento das exportações.
Uma requalificação da EN125 de Faro a VRSA é imperativa, visto esta não ser ser uma alternativa válida e segura à A22, que, por sua vez, se encontra num estado deplorável, mesmo sendo a pagar.
O setor social e da saúde são áreas que necessitam de uma grande intervenção por haver uma enorme carência de desenvolvimentos e prospeção.

SI – A Saúde é um setor deficitário no Algarve e no país. Que medidas preconiza para resolver os problemas da Saúde no Algarve?

RC – O problema da Saúde no Algarve está interligado com todas as faltas que a região tem.
Partindo do princípio que o Algarve tem cerca de 440 000 habitantes e que, em época alta ,o Algarve acolhe três ou até quatro vezes mais que a população cá residente, como é possível não existir um reforço no que respeita ao número dos profissionais de saúde?
Podemos também dizer que a falta de médicos de família é uma das lacunas da região, mas isto prende-se com o facto de não existirem atrativos para que esses mesmos profissionais se fixem na região. Uma solução breve e rápida passaria pelo apoio à renda, visto que as rendas cá estão a tornar-se insustentáveis.
O RIR defende a ampliação de centros de cuidados continuados e paliativos.

SI – E quanto ao Hospital Central do Algarve? Quando deve avançar e porquê?

RC – Como referi de uma forma breve acima, é necessário ser feito investimento na construção do Hospital Central do Algarve ou no do Sotavento algarvio.
Este investimento seria uma forma de revitalizar a saúde na região, ao mesmo tempo poderia travar a emigração de profissionais de saúde.

SI – O Governo anterior avançou com a Descentralização de Competências para os Municípios. Que balanço faz desse processo?

RC – A descentralização de competências para os municípios, avançada pelo governo, diria que foi um péssimo passo, já que os serviços que perderam competências, de certa forma, tiveram um alívio laboral, mas mantiveram os recursos humanos, mas, nos municípios, mantiveram-se os recursos humanos, embora com um aumento nas responsabilidades e tarefas. Isso veio prejudicar o seu aproveitamento no atendimento aos munícipes.

SI – Um futuro Governo deverá avançar com a Regionalização? Porquê ou porque não?

RC – Concordamos que a regionalização deverá ser um tema equacionado na agenda política do próximo governo, incluindo a gestão de recursos económicos e serviços públicos, ou a descentralização administrativa de competências do governo central para as regiões administrativas.
Defendo o modelo previsto na Constituição da República, realizando uma devida revisão às necessidades atuais do país, pelo desenvolvimento económico e social.
Numa primeira fase, devemos analisar o número de entidades e recursos humanos e materiais disponíveis nas dependências distritais da administração central, colocando em equação a sua passagem para serviços regionais, dentro de um processo de reestruturação local e regional de infraestruturas e recursos.
Numa segunda fase, passaria pela implementação de um secretaria executiva e legislativa regional, eleita diretamente pelos cidadãos da região.
Qual é a regionalização que o Algarve tem necessidade? É a que nos dê voz e autonomia na gestão da receita fiscal da região e nas políticas públicas.

SI – Na Assembleia da República, têm-se sucedido as resoluções para acabar com as portagens na Via do Infante ou, pelo menos, para introduzir descontos significativos. O que pensa deste tema e que soluções preconiza?

RC – O tema da Via do Infante é algo que, ao governo, não lhe interessa em nada que as portagens sejam retiradas.
Mas se, no dia 30, for eleito como deputado, essa será uma das mil e uma batalhas que levarei para o Parlamento, até que sejam retiradas as portagens.

SI – No início da atual crise da pandemia, o Governo anunciou um plano específico para o Algarve, que nunca chegou a ser concretizado. O que precisa o Turismo do Algarve para recuperar da pandemia?

RC – Em primeiro lugar, precisava desse plano que foi prometido e mais uma vez ficou esquecido o Algarve.
O Algarve, só por si, vende no mercado internacional, somos dos melhores lugares do mundo para se passar férias e viver. Contudo, a economia na região teve um grande decréscimo, e um turismo sem empresas com a qualidade que nos distingue não funciona. Gasta-se milhões em bancos, perdoa-se milhões a corruptos, etc, e a ajuda prometida para a região, onde está?
O Algarve deve e tem de ser autónomo, como a Madeira e os Açores

SI – No caso de questões mais fraturantes, como a regionalização, as portagens na Via do Infante e a saúde, entre outras, se for eleito, votará na AR de acordo com a sua convicção, mesmo que vá contra as orientações do seu partido?

RC – Se, no próximo dia 30, o povo algarvio decidir que sou merecedor da sua confiança, acima de tudo irei defender os interesses dos algarvios, mesmo que fique contra as orientações do partido. Os algarvios em primeiro lugar!

SI – Quer acrescentar mais algum tema ou questão?

Para finalizar, queria deixar o apelo a todos os algarvios para que ,no próximo dia 30, quando forem votar, que votem com “tino”!

 

 



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