«Sura» é o primeiro restaurante coreano no Algarve…e fica em Alvor

Criado por um jovem chef coreano e pela sua mulher, portuguesa

«Sura» quer dizer manjar de reis, em coreano. É também o nome do primeiro restaurante de comida coreana a abrir no Algarve, mais propriamente em Alvor. E o que por lá se come é mesmo um manjar especial, mas num ambiente descontraído e jovem.

O «Sura» abriu no Verão passado, pela mão do jovem chef Hanyeol Jo, de 23 anos, coreano, e da sua mulher Tânia Monteiro, portuguesa. É um dos quatro restaurantes coreanos existentes em Portugal, sendo que os restantes ficam em Lisboa e no Porto.

O Sul Informação jantou lá uma noite destas, a convite e acompanhada por Song Oh, embaixador da República da Coreia do Sul em Portugal, e por Yunseon Yang, terceira secretária da Embaixada. E foi uma deliciosa sucessão de novos sabores, aromas, imagens e texturas que passou pela mesa.

Esta «cozinha preciosa servida aos reis», segundo a tradução que o embaixador Song Oh fez da palavra sura também se pode traduzir, bem vistas as coisas, como «tratar os clientes como reis». Porque foi mesmo isso que aconteceu.

Na mesa do restaurante, com o desenho da mascote (será um tigre? será um gato?) do restaurante pintada na parede a servir de pano de fundo, foram sendo depositados, ao longo da noite, os diversos pratos a degustar. Desta vez, em honra à jornalista, nenhum deles era muito muito picante. Mas isso é algo que os clientes podem escolher, a seu gosto.

A tradição da Coreia, como explicou o embaixador, até é «pôr tudo na mesa de uma só vez e depois ir comendo um pouco de tudo», partilhando os sabores e a conversa com os outros convivas.

«Temos um dito na Coreia segundo o qual, quando recebemos convidados em casa, a mesa deve quebrar-se», com o peso da comida abundante e variada, acrescentou, sempre com um sorriso na cara.

 

E o que passou então pela mesa? O repasto começou com Mandu, uma espécie de dumplings (pastelinhos de massa com recheio) coreanos, neste caso fritos (mas podem ser cozidos ao vapor ou em água) e acompanhados de molho de soja, seguindo-se TTeok KKochi (espetadas de bolinhos de arroz, com um molho delicioso), Arroz frito com  ovo e Kimchi (a deliciosa couve fermentada que é o ingrediente omnipresente da cozinha coreana, de sabor picante e forte), Yangnyeon (galinha frita coreana, muito bem temperada, apresentada aqui numa versão mais ocidental, porque acompanhada com batatas fritas num cone de papel), TteokPokki (bolinho de arroz num caldo quente saboroso, com ovo cozido e cebolinho) e ainda uns rolinhos parecidos com sushi, mas só com alga, arroz e legumes, tudo isto acompanhado com um destilado coreano de frutas, não demasiado alcoólico (à volta dos 20º), chamado soju.

Mas há muitas outras coisas para provar, algumas delas apenas em dias especiais (fique atento ao Instagram do Sura) ou dependendo da disponibilidade de certos ingredientes, como o Shabu-Shabu, um prato composto por carnes, verduras, cogumelos e outros, que vão sendo cozinhados num caldo de carne, Bulgogi (carne de vaca marinada e grelhada), Jjajangmyeon (noodles ou massa de arroz com molho de feijão), Dakgalbi (frango com molho tradicional coreano e noodles de batata doce), ou um doce tradicional coreano, como o Hotteok, uma panqueca coreana recheada.

 

No final, pelo meio de muita conversa e de tentativas (da parte da repórter) nem sempre bem conseguidas de comer tudo aquilo com pauzinhos (obviamente que se pode optar por talheres ocidentais, mas não tem a mesma piada), fica o gosto de uma refeição variada, com sabores orientais, mas bem diferentes da cozinha chinesa, indiana ou japonesa. Uma delícia para o paladar, para o olfato e até para os olhos, porque a mise em place de cada um dos pratos é pensada ao pormenor.

Comparando, pode dizer-se que a gastronomia coreana está para as restantes comidas orientais mais conhecidas, como a comida portuguesa está para a espanhola, a francesa ou a italiana. A base é a mesma, mas os resultados são distintos e característicos.

O chef Hanyeol Jo trabalhou num restaurante na Coreia, durante um ano, mas ele próprio nunca tinha tido um restaurante. «Este é o meu primeiro negócio!», diz, com entusiasmo.

E como é que um coreano chega a Alvor? «Vim em Outubro de 2020 com a minha mulher, que é portuguesa. Viemos para Portugal de visita, pensávamos regressar à Coreia, mas depois, por causa da pandemia, resolvemos ficar cá».

E foi assim que surgiu a ideia de abrir o primeiro restaurante coreano do Algarve. «Comecei à procura de um local e surgiu este espaço. «Fizemos as obras nós mesmos, com as nossas mãos, e abrimos em Agosto».

No Verão, as coisas correram muito bem e o restaurante, seja na meia dúzia de mesas no interior, seja na esplanada que abre para o pátio interior do edifício Dunas de Alvor, longe da confusão, esteve sempre muito movimentado. «No Verão, pensei que ia ficar milionário», brinca Hanyeol Jo. Mas depois «veio o Inverno»…

O que lhe vale é que a maioria dos seus clientes até «são portugueses», ansiosos por experimentar os sabores diferentes da cozinha coreana, para mais servidos a preços muito, muito razoáveis.

 

Uma das dificuldades que o jovem chef experimenta é encontrar alguns dos ingredientes próprios para confecionar os seus pratos, por isso alguns deles só são servidos de vez em quando. Mas vai sempre conseguindo resolver essa dificuldade, de forma a poder servir os pratos mais tradicionais do dia a dia coreano, quase sempre degustados como comida de rua, como salientou o embaixador.

Até agora, Hanyeol Jo e a sua mulher Tânia Monteiro têm publicitado o «Sura» apenas nas redes sociais (em especial no Instagram, ou não fossem ambos muito jovens), mas o fator da publicidade boca a boca tem também sido fundamental para dar a conhecer este original restaurante.

Há duas semanas, no âmbito das ações que a Embaixada da Coreia tem feito para dar a conhecer aquele país do Extremo Oriente em Portugal, o chef deu um workshop na Escola de Hotelaria e Turismo do Algarve, em Faro, que contou com inúmeros jovens formandos a aprender os segredos básicos de uma culinária ainda muito desconhecida no nosso país…mas que tem todas as características para se tornar uma coqueluche.

Para o jovem chef de 23 anos, até agora esta aventura tem corrido muito bem. Para mais porque cozinhar e partilhar o que faz com tanto amor na pequena cozinha do seu restaurante é mesmo a sua paixão. «Este é o meu trabalho, mas é também o meu hobby», garante.

 

Fotos: Elisabete Rodrigues | Sul Informação ou Sura

 


Restaurante Sura
Estrada da Barca
Edifício Dunas Alvor, Loja nr 32
8500-002 Portimão
Reservas: 924064780
[email protected]
Instagram
Facebook

 


Horários:
Durante a semana só abre ao jantar, das 19h30 às 23h00
À sexta-feira e sábado abre só para almoço, das 12h00 às 15h30.
Ao domingo, abre para almoço e jantar, nos horários acima referidos.
Fecha à segunda-feira.

 



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