Algarve, Andaluzia e Governo querem ferrovia entre VRSA e Huelva, Espanha diz “Nim”

Pedro Nuno Santos aproveitou visita ao Algarve para fazer o resumo executivo desta «luta»

Foto: Hugo Rodrigues | Sul Informação

O Algarve quer, a Andaluzia pede e o Governo, em representação de Portugal, também já se juntou à luta. Só falta convencer o poder central em Espanha, que «nunca disse que não», mas não tem a construção da ferrovia entre Huelva e a fronteira de Portugal «no topo das suas prioridades».

Este foi o resumo executivo anteontem feito por Pedro Nuno Santos, o ministro das Infraestruturas, sobre a ligação de Vila Real de Santo António a Sevilha e a Huelva, onde termina «uma linha ferroviária contínua» que começa na Hungria.

«Esta é uma batalha que nós vamos todos ter de travar, porque nós sabemos que, pelo menos a Andaluzia, deseja esta ligação. Entre a Andaluzia, o Algarve e o Governo central, temos de continuar a fazer  esta luta, porque ela é da máxima importância», defendeu.

O membro do Governo aproveitou a sua presença na cerimónia de adjudicação da obra de eletrificação da linha entre Faro e VRSA, nesta última cidade, para dar conta deste processo, que ganhou um novo fôlego recentemente e, na visão do ministro, graças ao atual Governo.

«Desde que tomei posse, essa tem sido um das ligações pelas quais nós [Governo] mais nos temos batido. Sem prejuízo para a luta dos algarvios, a verdade é que já nem o Algarve a estava a defender muito. Com isto quero dizer que não estava no topo das prioridades, há dois anos pouco se falava sobre a ligação a Sevilha», disse.

«Os algarvios nunca se esqueceram dela, mas a verdade é que, nos últimos tempos, ela ganhou uma nova centralidade, porque cada vez que nós falamos com os espanhóis sobre as ligações a Espanha, no topo das nossas prioridades está a ligação de VRSA a Sevilha e a Huelva», reforçou o membro do Governo.

 

 

Pedro Nuno Santos dá o exemplo da mais recente cimeira ibérica, que «correu bem».

«Mais uma vez, colocámos esta questão na agenda, não apenas eu, mas o próprio primeiro-ministro, que assumiu esta ligação como uma preocupação sua e fez questão de a referir em dois momentos: na reunião com o primeiro-ministro espanhol e na conferência de imprensa», revelou.

E porque é que esta questão é tão importante para o Governo?

«Há uma linha ferroviária contínua desde a Hungria até Huelva. E é difícil de compreender como é que há esta infraestrutura que atravessa a Itália, a França e a Espanha, vai até Sevilha, que é a quarta maior cidade de Espanha, e pára em Huelva. E, depois, temos aqui umas dezenas de quilómetros até à fronteira sem linha férrea», disse, recordando que esta ligação até «já existiu», mas que Espanha «levantou os carris».

«Eu não tenho a menor dúvida que ela vai ser muito impactante para nós e para eles [Andaluzia] e que as oportunidades vão aumentar. A partir do momento que temos uma ligação que vem do centro da Europa e com o número crescente de pessoas que escolhem o comboio como meio de transporte, dá para perceber os ganhos que o Algarve terá», antecipou.

No entanto, «- e esta é a parte mais desagradável -, a esmagadora maioria do investimento é feita pelos espanhóis».

E se é de lutas que falamos, não se enjeitam potenciais aliados, neste caso a empresa espanhola Sacyr, que integra o consórcio que ganhou a empreitada de eletrificação da linha ontem adjudicada.

«Consciente que a Sacyr é uma empresa e que não toma decisões políticas, sendo ela uma empresa espanhola, se nos puder ajudar a convencer o Governo do seu país da importância de fazer esta ligação, quem sabe quem é que ganhará esse concurso?», brincou Pedro Nuno Santos, dirigindo-se aos representantes da companhia presentes na cerimónia.

 

 

 



Comentários

pub