Eletrificação da Linha do Algarve leva Intercidades e Alfa Pendular até VRSA

Empreitada de eletrificação da Linha do Algarve entre Faro e Vila Real de Santo António foi hoje adjudicada

Foto: Fabiana Saboya | Sul Informação

Os comboios Intercidades e Alfa Pendular vão deixar de terminar a sua marcha em Faro e vão seguir curso até Vila Real de Santo António, assim que a eletrificação do troço entre estas duas cidades seja uma realidade, no final de 2023. A garantia foi dada esta terça-feira, dia 2 de Novembro, por Carlos Fernandes, vice-presidente da Infraestruturas de Portugal, durante o ato de consignação da obra que permitirá eletrificar a Linha do Algarve no Sotavento.

Esta foi a grande novidade que se ficou hoje a saber sobre esta obra, cujos contornos gerais já tinham sido avançados pela empresa pública. É também uma boa notícia para os algarvios que vivem nas cidades entre Faro e VRSA, que deixam de ter de sair destes comboios de longo curso na capital algarvia e fazer o transbordo de composição, ganhando tempo e, acima de tudo, conforto.

«Em termos dos principais benefícios que a obra traz, vamos assegurar, a partir do momento em que a obra acabe, a operação integral com recurso a material circulante elétrico, o que é uma vantagem do ponto de vista ambiental, é menos ruidoso e mais confortável», disse Carlos Fernandes.

Também se ganha tempo, uma vez que a perspetiva da IP é que a viagem entre VRSA e Lagos se passe a fazer em menos 25 minutos.

 

Carlos Fernandes

 

«Também vai permitir, e isto é muito importante, o prolongamento dos serviços de longo curso de Faro até Vila Real de Santo António», disse o mesmo responsável.

Carlos Fernandes assegurou que a IP «está a trabalhar com a CP para que os Alfas e Intercidades possam vir até VRSA, com paragens intermédias, o que permitrá um ganho de 20/25 minutos e evita o transbordo». As paragens ainda não estão definidas, mas Olhão e Tavira serão fortes candidatos.

Este era um presente que a região já merecia, como Pedro Nuno Santos, ministro das Infraestruturas, fez questão de afirmar durante a cerimónia oficial de consignação da empreitada de “Eletrificação da Linha do Algarve – troço Faro – VRSA”. «Sempre foi para mim difícil de compreender que se tenham deixado para trás tantos investimentos no Algarve», tendo em conta o forte contributo da região para o PIB e o facto de ser a principal região turística de Portugal, disse.

Numa altura em que tudo indica que a confirmação de que haverá eleições antecipadas está por dias, este reconhecer da legitimidade de uma antiga queixa algarvia e a presença do ministro poderiam passar por uma espécie de pré-campanha, mas o membro do Governo assegurou que o que o trouxe a VRSA foi o facto de o consignamento de uma grande obra «ser um dos momentos que justifica uma deslocação aos locais», seja em que momento do ciclo político for.

Certo é que Pedro Nuno Santos trouxe a lição bem estudada e puxou dos galões.

 

Pedro Nuno Santos

 

«Este é um investimento muito importante no Algarve, depois de muitos anos sem uma aposta na ferrovia – aqui e no resto do país. A eletrificação da Linha do Algarve será um ganho concreto e muito importante para a população da região algarvia», afirmou.

Ao todo, serão investidos cerca de 80 milhões de euros nesta e na empreitada “irmã” entre Tunes e Lagos, bem como em novas subestações de tração elétrica e muitas melhorias em todo o sistema, nomeadamente na supressão de passagens de nível, em sinalização e telecomunicações e em intervenções nos edifícios e apeadeiros.

No caso da obra hoje consignada, relativa ao troço Faro/VRSA, custará cerca de 20 milhões de euros e tem conclusão prevista para o 3º trimestre de 2023 (23 meses).

Todas estas obras estão inseridas no Ferrovia 2020.

A isto, terá de se juntar o material circulante, com o ministro a garantir que virão «composições novas para o Algarve» e que há «mil milhões de euros» para investir em material circulante, destinado a todo o país, com a certeza de que o concurso internacional a lançar terá como regra que parte da construção dos comboios terá de acontecer em Portugal.

«Dentro de alguns dias, deveremos ficar a saber quem é o adjucatário do troço entre Tunes e Lagos. De seguida, seguirá para Tribunal de Contas», revelou Carlos Fernandes, lembrando que o primeiro concurso para esta obra ficou vazio, o que atrasou o processo.

Ainda assim, acredita o vice-presidente da IP, «a outra obra não atrasará muito em relação a esta».

Também presente na sessão esteve Álvaro Araújo, naquele que foi um dos primeiros atos oficiais enquanto presidente da Câmara de VRSA, que classificou a obra como «um momento histórico para o desenvolvimento do concelho e da região».

«Esta empreitada constitui um passo muito importante para o desenvolvimento do transporte ferroviário em Portugal e para a facilidade da mobilidade entre as pessoas, beneficiando o concelho, a região e o país e constituindo uma resposta genuína para o problema das alterações climáticas», afirmou Álvaro Araújo.

 

Fotos: Hugo Rodrigues | Sul Informação

 

 

 



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