Outubro, mês com duas chuvas de estrelas e regresso do horário de Inverno

Há ainda comemorações referentes a duas sondas espaciais

Este mês de eventos astronómicos tem um arranque relativamente lento, sendo a Lua Nova de dia 6 a primeira efeméride relevante. Mas, como esta fase lunar ocorre quando a Lua está na direção do Sol, é-nos impossível observá-la.

Marte é outro astro que, por estes dias, se encontra na direção do Sol. Mas, enquanto a Lua é visível (apesar de com grande dificuldade) um dia após a Lua Nova, se quisermos observar Marte, teremos de aguardar até à última semana do mês.

Dia 8 ocorrerá o pico de atividade da chuva de estrelas Dracónicas, pequenas rochas e poeiras que o cometa Giacobini-Zinner foi perdendo ao longo do seu percurso pelo Sistema Solar. Este é um evento fraco que não permitir observar mais do que uma dezena de meteoros por hora.

Ao início da noite de dia 9, iremos presenciar o pôr da Lua junto ao planeta Vénus.

 

Céu a sul pelas 20 horas de dia 14. Igualmente é visível a posição do planeta Vénus na noite de dia 9 e da Lua nos dias 9 e 22 (imagens adaptadas de Stellarium)

 

Na madrugada de dia 13, terá lugar o quarto crescente na constelação de Sagitário. No dia 14, a Lua já se terá deslocado até junto de Saturno e, um dia depois, será vista à esquerda de Júpiter. Atualmente, estes planetas encontram-se na constelação do Capricórnio.

A Lua Cheia dar-se-á no dia 20 na constelação dos Peixes. Um dia depois. tem lugar o pico de atividade da chuva de estrelas Oriónidas. No entanto, por suceder tão próximo da Lua Cheia, a cada hora não deveremos contar com mais de uma quinzena destes restos do cometa Halley.

Ao longo de todo o mês, poderemos apreciar como o famoso Triângulo de Verão, constituído pelas estrelas Altair (a cauda da constelação da Águia), Deneb (a cauda da constelação do Cisne) e Vega (na constelação da Lira), nos vão aparecendo cada vez mais baixo no céu.

 

Céu a nordeste pelas 23 horas de dia 22, sendo também apresentados os radiantes das chuvas de estrelas Dracónidas e Oriónidas e a posição da Lua nas noites de dia 22 e 27 (imagens adaptadas de Stellarium)

 

Na madrugada de dia 25, o planeta Mercúrio atingirá a sua maior elongação (afastamento relativamente à direção do Sol) para oeste.

Na noite de dia 28, chega o quarto minguante. No dia seguinte, comemorar-se-á o 30º aniversário da passagem da sonda norte-americana Galileo (que tinha como destino o planeta Júpiter) sobre o asteroide Gaspra. Assim foi possível conhecer um pouco melhor este asteroide rochoso.

Neste mesmo dia 29, o planeta Vénus atingirá a sua maior elongação para leste. Esta efeméride ocorre na véspera do 40º aniversário do lançamento da sonda soviética Venera 13 com destino a Vénus. Esta sonda era constituída por um módulo orbital e outro de aterragem, o qual sobreviveu cerca de duas horas na agreste superfície venusiana, sendo aliás a primeira sonda a gravar os sons de um outro planeta que não a Terra.

No último domingo de outubro, que este ano coincide com o último dia do mês, voltamos ao horário de Inverno. Assim, às duas horas da madrugada (hora continental) de dia 31 devemos atrasar os nossos relógios uma hora.

Boas observações!

Autor: Fernando J.G. Pinheiro é investigador do Departamento de Física da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra e do CITEUC – Centro de Investigação da Terra e do Espaço da Universidade de Coimbra.
Os seus domínios de especialização incluem a Astrofísica, Geomagnetismo e Meteorologia Espacial.
Além do seu trabalho de investigador, já exerceu funções nos órgãos sociais da Sociedade Portuguesa, e coordenou o grupo Solar System Science do CITEUC.
Fernando Pinheiro é também colaborador regular em atividades de divulgação científica.

 

 

 



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