O anúncio de um acordo, recados e votações repetidas: a história da tomada de posse em Albufeira

José Carlos Rolo anunciou ao Sul Informação que haverá uma coligação para a Câmara…mas ainda não se sabe com quem

Esta podia ser apenas a história de uma tomada de posse “normal”. Desengane-se: o que vai ler será o relato de uma noite que teve de tudo: lágrimas, aplausos, recados, votações empatadas e repetidas e também a garantia, deixada pelo presidente da Câmara de Albufeira, de que tem um acordo com «um eleito» para ter maioria no executivo. Só ainda não se sabe com quem e, mesmo o que parecia ser natural, talvez não o seja.

Auditório Municipal, 15 de Outubro, 19h15.

Na plateia, centenas de pessoas assistiam ao início de uma tomada de posse dos eleitos autárquicos que já se sabia de antemão que teria redobrados pontos de interesse.

As eleições, em Albufeira, foram renhidas até ao final.

Na noite eleitoral, o PS chegou a estar à frente, mas a vitória acabou por ir para José Carlos Rolo, da coligação “Ser Albufeira” (PSD/CDS/MPT/PPM), que ganhou sem maioria absoluta: os sociais-democratas conseguiram apenas três dos sete vereadores.

O PS conquistou dois e Desidério Silva (Movimento Independente por Albufeira – MIPA ) e Abel Zua (Albufeira Prometida – AP) também foram eleitos para o executivo.

Na Assembleia Municipal, também ficou tudo baralhado: o PSD elegeu 7 deputados, o PS outros tantos, o MIPA 4, o Albufeira Prometida dois e o Chega apenas um.

Em nenhum dos órgãos há maioria absoluta e o que se passou na eleição da Assembleia Municipal foi o espelho dessa dificuldade.

 

Entre votações…

 

Houve duas listas a votação: uma do PS, encabeçada por Francisco Oliveira, com Carla Madeira (1ª secretária) e André Lima (2ª secretária), e uma do MIPA, liderada por Raul Ferreira e com a curiosidade de ter dois membros do PSD: Cláudia Raimundo (1ª secretária) e José Vila Nova (2º secretário).

Quem assistia, logo percebeu a aparente “tática” do MIPA e do PSD em se juntarem para tentar vencer a Assembleia Municipal. Só que, juntando os votos também dos presidentes da Junta de Freguesia, que, por inerência, têm assento na AM, a votação…deu empate: 12 votos para cada lista com um em branco.

Diz a lei que, quando assim é, a votação terá de ser uninominal para os três cargos (presidente, 1º e 2º secretário). Os candidatos mantiveram-se os mesmos e desta segunda votação… saiu novo empate: 12 para cada e um em branco.

O espanto na sala era geral.

Por momentos, ainda se pensou que seria feita nova votação.

Já sem Paulo Freitas, que se despediu em lágrimas do cargo de presidente da Assembleia Municipal, foi Adriano Ferrão quem presidiu à comissão instaladora: o membro da coligação do PSD leu a lei e chegou-se à conclusão de que, em caso de empate na votação uninominal, é eleito o membro da força política que teve mais votos nas Eleições.

 

Francisco Oliveira (PS) a tomar posse na Assembleia Municipal

 

O PS celebrou: Francisco Oliveira foi eleito presidente da Assembleia Municipal, com ruidosos aplausos e gritos de “viva”. Ao seu lado, o derrotado Raul Ferreira logo o cumprimentou.

Seguiram-se mais duas votações uninominais. Para 1ª secretária, depois de mais um empate (12-12 e um em branco), Cláudia Raimundo foi eleita, uma vez que o PSD teve mais votos do que o PS nas Autárquicas.

Quando tudo fazia adivinhar mais um empate, a eleição do 2º secretário trouxe novidades: José Vila Nova (PSD) ganhou com 13 pontos contra 11… e um em branco.

José Carlos Rolo, o presidente da Câmara que já tinha tomado posse e que elegeu a requalificação urbana, as alterações climáticas e a habitação como prioridades, assistiu a tudo no palco do Auditório Municipal, ladeado do restante executivo.

No seu discurso, alguns minutos antes, já tinha deixado alguns recados. «Estamos a iniciar um mandato que, contrariamente ao que alguns querem fazer prever, é para cumprir até ao fim!», garantiu.

E acrescentou: «desimaginem-se quem tenta fazer futurologia em nome de outros. Peço a todos que coloquem Albufeira à frente dos seus interesses pessoais».

Como se viu pela Assembleia Municipal, a vida de José Carlos Rolo, «habituado a trabalhar no duro», em teoria, não será fácil.

Ou será?

 

José Carlos Rolo (PSD/CDS/MPT/PPM) já depois de já ter tomado posse para a Câmara

 

Em declarações ao Sul Informação, no final da sessão de tomada de posse, já perto das 22h00, o autarca deixou uma novidade: «tenho acordo com um eleito», algo que lhe permitirá ter maioria absoluta no executivo.

«Para a próxima semana saber-se-á quem é. Vou fazer a agenda para levar a questão a reunião de Câmara e haver mais um eleito em regime permanente», garantiu José Carlos Rolo.

Pela votação para a mesa da Assembleia Municipal, em que o PSD integrou a lista do MIPA, de Desidério Silva, seria lógico aferir quem é «o eleito» de que Rolo fala.

Só que, também em declarações ao nosso jornal, Desidério, que já foi presidente da Câmara de Albufeira, foi perentório. «Não, não há acordo. Nem sequer houve conversa nenhuma comigo com o presidente».

E Abel Zua, antigo comandante dos Bombeiros de Albufeira, que também concorreu como independente e foi eleito vereador?

«Nós estamos sempre disponíveis e ao dispor da nossa terra, mas, de momento, não há qualquer coligação», garantiu ao Sul Informação. 

Resta-nos esperar pelo futuro desta história inacabada.

 

Fotos: Pedro Lemos | Sul Informação

 

 

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