Docapesca quer ter nova lota de Tavira a trabalhar «até final de 2022»

Sérgio Faias confiante que a obra começa antes do próximo Verão

Sérgio Faias, presidente da Docapesca

A nova lota de Tavira, a construir na zona das Quatro Águas, deverá ser uma realidade «até final de 2022» e custará cerca de 700 mil euros, revelou Sérgio Faias, presidente do Conselho de Administração da Docapesca, na passada quinta-feira.

O responsável máximo pela empresa que gere as lotas em Portugal esteve em Tavira a acompanhar Teresa Coelho, secretária de Estado das Pescas, que veio a este concelho inaugurar os novos cais flutuantes na zona ribeirinha da cidade, destinados aos pescadores e às embarcações marítimo-turísticas, que também resultaram de uma intervenção da Docapesca.

Esta foi uma cerimónia simbólica, tendo em conta que as infraestruturas já funcionam há cerca de um ano.

Daí que a futura lota e a apresentação feita por Sérgio Faias sobre o andamento do processo tenham sido o ponto alto da tarde.

«Já está a acontecer. Todo o processo já se iniciou, obtivemos os respetivos licenciamentos e as respetivas autorizações das autoridades que têm aqui jurisdição sobre esta área, para além da Docapesca.  Obtidas essas autorizações, desencadeámos o processo de preparar o projeto de execução, que está neste momento a ser feito e ser-nos-á entregue até ao início de Janeiro. Nessa altura, estaremos em condições de lançar o respetivo concurso público», descreveu o presidente da Docapesca.

Quanto ao prazo para conclusão da obra, Sérgio Faias perspetiva que, «cumprindo todos os trâmites da contratação pública, espero que estejamos em condições de iniciar a obra antes do Verão e que até final de 2022, possamos começar a trabalhar».

«Este conjunto de obras vem melhorar as condições de segurança dos pescadores e a segurança alimentar. O nosso objetivo é sempre  mesmo: aumentar o rendimento dos pescadores e valorizar o pescado», ilustrou Teresa Coelho.

Isto é verdade em relação aos pescadores, mas também às marítimo-turísticas, que também estão sobre a alçada da empresa. «Os cais melhoraram as condições para prática da atividade e ajudaram a aumentar os rendimentos das empresas. Tudo isto contribui para a economia azul», disse a secretária de Estado das Pescas.

 

Teresa Coelho

 

Sérgio Faias, por seu lado, deu a conhecer o que será a futura lota.

«O objetivo é termos uma lota com um número de controlo veterinário, com condições para poder ser feita a primeira venda de pescado, com alguma capacidade de produção de gelo para consumo próprio na lota para garantir as condições de higiene e segurança alimentar do pescado e umas condições de acesso para termos segurança para a descarga do pescado para as embarcações que vierem aqui carregar», descreveu.

O futuro ponto de descarga e de 1ª venda de pescado tavirense será construído num local mais a jusante do Gilão do que a antiga lota, quase na foz do rio e mesmo à entrada das Quatro Águas, onde está instalado o cais de acesso às ilhas e onde existem vários restaurantes.

Antes, a lota encontrava-se situada junto do antigo mercado, na zona onde estão os novos cais que foram inaugurados. Numa primeira fase, a ideia era construir um novo edifício no mesmo local onde o anterior existia.

Mas, ao demolir a desatualizada infraestrutura que servia antes de lota, verificou-se que o solo não tinha a estabilidade necessária para aguentar um edifício da envergadura do que estava projetado, o que obrigaria a uma intervenção muito dispendiosa, como explicou ao Sul Informação o então presidente da Câmara Jorge Botelho.

Procurou-se então uma nova solução, que recaiu sobre os estaleiros existentes no acesso às Quatro Águas. A Docapesca, que tutela o espaço, chegou a acordo com a concessionária e irá aproveitar a parte do terreno que confina com um parque de estacionamento.

«Este ponto onde identificamos o local para instalação, é um ponto estratégico que está muito próximo da entrada da barra, o que permite às diferentes comunidades aqui da região, das comunidades piscatórias virem aqui descarregar o seu pescado e depois irem para as zonas de abrigo próprio, seja no centro de Tavira, seja em Cabanas de Tavira, ou alguns também em Santa Luzia», resumiu Sérgio Faias.

 

 

Tendo em conta que a zona de intervenção já é de Parque Natural, a Docapesca teve de adaptar o projeto e avançar com medidas de mitigação.

A primeira, foi uma intervenção ambiental, que já permitiu retirar do local dois batelões que estavam abandonados e ainda irá tirar desta zona uma terceira embarcação do mesmo tipo.

Os batelões «estavam aqui depositados com riscos ambientais. Isso foi identificado na fase prévia do projeto e foi articulado quer com a Agência Portuguesa do Ambiente, quer com o Parque Natural da Ria Formosa, que qualquer intervenção que se fizesse aqui devia ter em conta a remoção dessas embarcações, no sentido de garantir a valorização ambiental do espaço e a melhoria das condições ambientais de toda a envolvente».

Até porque, sendo este um espaço para primeira venda de pescado, «a envolvente também tem de reunir as condições de higiene e é nesse aspeto que também estamos a trabalhar».

Por outro lado, será construída uma infraestrutura amovível, que em qualquer momento possa ser rapidamente retirada do local.

«Isto significa que não vamos fazer uma zona de estacaria, nesta zona, para suportar infraestrutura. Na prática, vai ter uma laje em que vai assentar uma infra-estrutura que pode ser amovível. Estamos a falar de estruturas contentorizadas, que vêm pré fabricadas e que depois são aqui montadas e instaladas na versão final, com as respetivas ligações de redes de águas, esgotos, eletricidade», descreveu o presidente da Docapesca.

O facto do edifício vir ser  pré-fabricado «permite que todo o processo de construção seja mais rápido, porque podem estar em paralelo a serem feitas em estaleiro e aqui faz-se só a respetiva montagem».

 

 

No fundo, trata-se de um dois em um: por um lado, constrói-se uma lota que tem vindo a ser reclamada pela comunidade piscatória e, por outro, requalifica-se uma zona que estava degradada, paredes meias com um local com forte aptidão turística.

«Há alguns anos, houve aqui uma intervenção da Polis Ria Formosa, que reabilitou toda esta zona das Quatro Águas, mas ficou aqui uma zona que não teve intervenção. Identificou-se agora uma oportunidade de fazer a reabilitação ambiental desta zona também. O projeto engloba parte dessa reabilitação, nomeadamente o retirar de resíduos que se têm acumulado aqui, resultantes da própria atividade do estaleiro que existe, e a plantação de algumas espécies autóctones, para que se faça, de facto, essa valorização ambiental do espaço», concluiu Sérgio Faias.

«Por força do encerramento da lota que havia na rua Pires Padinha, abriu-se aqui uma necessidade para os pescadores, que neste momento estão a usar a lota de Santa Luzia, que é manifestamente insuficiente». disse, por seu lado, Ana Paula Martins, presidente da Câmara de Tavira.

Desta forma, «a Câmara propôs a deslocalização aqui para as Quatro Águas, a Docapesca está a desenvolver o projeto e esperemos que a empreitada comece o mais rapidamente possível, para que esta estrutura, que é uma necessidade, seja uma realidade».

 

Ana Paula Martins

 

No que toca ao “presente” que é ter a requalificação da zona dos estaleiros que confina com a zona que foi intervencionada pela Polis, «também é importante».

«Na altura em que fizemos a requalificação, em parceria com a Sociedade Polis, ficou aqui pendente a questão dos estaleiros e do areeiro. A Docapesca tem trabalhado para resolver essas situações e, em breve, teremos esta zona também recuperada e com mais dignidade», considerou.

Quanto à obra de dragagens do canal e instalação dos cais flutuantes na zona ribeirinha da cidade, que fora oficialmente inaugurada momentos antes, Ana Paula Martins considera que foi «importante, sobretudo para ordenar os barcos de pesca, que estavam na margem de pesca, bem como os que fazem o transporte para a Ilha de Tavira e as marítimo-turísticas».

«Na impossibilidade de termos já um porto de pesca, esta solução permite ordenamento e dar melhores condições», acredita.

Também a pensar na melhoria das condições de trabalho e segurança dos homens de mar estão ser feitas dragagens na barra de Tavira e nos diferentes canais de acesso, na Ria Formosa.

«A ideia da intervenção da Direção Geral de Recursos Naturais, Segurança e Serviços Marítimos (DGRM) é, precisamente, melhorar as condições de segurança no acesso às Quatro Águas. E o que nós conversámos e acordámos com a DGRM foi que eles iriam estender um pouco até esta zona, onde vai ser instalada a lota, para garantir que os fundos onde vai ser depois instalado este cais flutuante permitam que tudo funcione em segurança, sem haver qualquer restrição de acesso e manobra de embarcações», concluiu Sérgio Faias.

 

Fotos: Hugo Rodrigues | Sul Informação

 

 

 

 



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