As obras ainda não estão concluídas, mas o Celeiro de São Francisco, edifício emblemático de Faro, já tem uma nova cara e, em breve, também ganhará uma nova vida. A Câmara Municipal assinou, a 7 de Setembro, um contrato de cedência deste imóvel à associação Faro 1540, entidade que vai dinamizar o espaço através de projetos relacionados com a memória e exposições.
Este foi um dos pontos altos das comemorações do Dia do Município de Faro.
O Celeiro de São Francisco – construído no século XVIII na Horta de S. Francisco e que também é conhecido como Torre da Horta dos Cães – está classificado como Imóvel de Interesse Público, mas há anos que se encontrava em estado de degradação.
O edifício é conhecido pelas duas representações, esculpidas nas paredes, de Hércules e do Adamastor.

Em 2018, houve uma derrocada que foi «um clique» para que o arqueólogo Paulo Botelho, presidente da Faro 1540 – Associação de Defesa e Promoção do Património Ambiental e Cultural de Faro, decidisse que algo tinha de ser feito.
«Eu tomei a decisão de falar com a proprietária, fizemos um projeto, apresentámo-lo e foi um desenrolar de acontecimentos felizes», conta ao Sul Informação.
Em 2019, a Câmara ficou legalmente com a posse com o Celeiro, que antes pertencia à família Ramalho Ortigão, avançando depois com obras de reabilitação de 50 mil euros.
Parte da empreitada está concluída e a autarquia aproveitou o Dia da Cidade para a inauguração, também com o descerramento de uma placa de homenagem à família Ramalho Ortigão, pela cedência do imóvel.
Agora, será a associação Faro 1540 a dinamizar um edifício repleto de história.

«O projeto base que iremos implementar é “Torre de São Francisco – Território e Memória”. A ideia é que este seja um projeto aglutinador dos farenses e que este seja um ponto de encontro, de vivências e de memórias. É esse o grande objetivo: trabalhar a memória dos farenses», explica Paulo Botelho.
O celeiro tem duas salas: uma servirá «essencialmente como sala de exposições», enquanto a outra albergará quatro projetos futuros, da Faro 1540, todos relacionados com memória e identidade.
Essa é, de resto, uma das missões desta associação que viveu, na passada terça-feira, um dos seus «momentos mais importantes» com a assinatura deste protocolo com a Câmara Municipal.
Por enquanto, o desafio é que «todo o processo legal continue». Ainda faltam mais obras no Celeiro de São Francisco e a perspetiva de Paulo Botelho é que, daqui a seis meses, «tudo esteja pronto».
Antes disso, a ideia «é começar a fazer algumas atividades para abrir o apetite para o que aí vem», diz o dirigente da Faro 1540.
Para Rogério Bacalhau, presidente da Câmara de Faro, este é um imóvel que «faz parte da nossa história e da nossa identidade».
«Era um património com um estado de degradação elevado e que hoje está bem melhor. Esta simbiose faz todo o sentido e estamos todos de parabéns», concluiu.
Fotos: Pedro Lemos | Sul Informação
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