Enfermeiros estão «estafados», mas CHUA não consegue contratar novos

65 enfermeiros pediram escusa de responsabilidade

Foto: Nuno Costa | Sul Informação

Os enfermeiros dos hospitais algarvios estão «estafados e cansados» e «há vontade, há recursos e meios» para contratar mais. «Falta é quem se candidate», garantiu ao Sul Informação Paulo Neves, vogal do Conselho de Administração do Centro Hospitalar Universitário do Algarve (CHUA).

Dias depois de 65 enfermeiros do Hospital de Faro terem pedido escusa de responsabilidade, caso algo corra mal durante o seu turno, alegando falta de condições de trabalho e escassez de recursos humanos, os responsáveis pela gestão do CHUA admitem que as coisas não estão fácéis, devido à sobrecarga de trabalho que já dura há muito, mas assegura que tem vindo a tentar contratar mais profissionais.

Também do lado dos profissionais de saúde, as reações não demorar a surgir.

O Sindicato Independente de Todos os Enfermeiros Unidos (SITEU) colocou esta quarta-feira um avião com uma faixa a dizer “Força Enfermeiros de Faro Sempre Juntos” a percorrer «as praias de Portimão, Albufeira e Loulé a alertar os veraneantes para a grave situação vivida por estes dias nas urgências do Hospital de Faro».

O sindicato quis aproveitar «a presença de milhares de turistas no Algarve para denunciar a falta de condições de trabalho no Hospital de Faro».

«Os nossos colegas estão a trabalhar ininterruptamente, em condições muito difíceis, numa altura do ano em que aumenta exponencialmente a população no Algarve. Queremos que quem está de férias saiba da situação caótica que se vive nas urgências do Hospital de Faro, a principal unidade de saúde da região», segundo Gorete Pimentel, presidente do SITEU.

Ao Sul Informação, Paulo Neves confirma não só o desgaste físico e emocional destes e de outros profissionais, mas também a forte pressão que está a ser exercida sobre os hospitais.

«É normal que os enfermeiros estejam estafados e cansados. O mês de Agosto é o que é. Só ontem [terça-feira], tivemos mil atendimentos em todo o Algarve. E, acima disso, está o ano e meio de pandemia, em que tivemos a funcionar, na prática, dois hospitais, tanto em Faro como em Portimão: um para doentes Covid e o outro para não Covid», ilustrou.

Isso leva a que haja «um grande stress profissional e emocional, principalmente este mês».

A administração do CHUA, garante o mesmo responsável, tem tentado contratar mais enfermeiros, «mas não há quem se candidate, talvez porque não estejam dispostos a trabalhar pelo valor que nós oferecemos, que é o mesmo de todo o setor público».

«Estamos sempre a fazer entrevistas e há sempre pessoas a entrar. Na prática, o esforço de contratação é permanente», assegurou.

O problema é que o ritmo de entrada de novos enfermeiros, nos últimos tempos, não é o suficiente para fazer face «às baixas e outras ausências».

Já se olharmos mais para trás, o «saldo positivo» é significativo. «Desde há quatro anos, quando foi criado o CHUA, passámos de 1526 para 1780 enfermeiros no quadro», revelou Paulo Neves.

 

 

 



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