Retratos vivos das profissões de outrora mostram-se na zona ribeirinha de Portimão

Exposição promovida pelo Grupo de Amigos do Museu de Portimão foi inaugurada este sábado

Amílcar da Encarnação – Foto: Elisabete Rodrigues | Sul Informação

Amílcar da Encarnação, hoje com 67 anos, « teria aí uns 37, 38 anos, não tinha mais», quando a fotografia junta à qual posa, e que nunca tinha visto, foi tirada. A imagem, a preto de branco, integra o espólio do Museu de Portimão e mostra o Senhor Amílcar e o seu patrão, na Tipografia Minerva do Comércio, que ainda hoje funciona.

«Vamos fazendo umas faturas, uns convites. Mas há cada vez menos trabalho, agora é tudo eletrónico, por computador», conta o Senhor Amílcar. Apontando para a foto, diz: «esta máquina aqui ainda a tenho, continuo a trabalhar com ela. A outra foi aqui há tempos para um museu em Faro, foi o João Soares que ma veio cá pedir. Também já não a usava».

Na fotografia de grande dimensão surge também, de costas, Máximo Xavier, que foi mestre da tipografia e mais tarde seu proprietário, tendo já falecido.

Esta é apenas uma das muitas fotografias de grandes dimensões da exposição ao ar livre «Passear pela História das Antigas Profissões», a quinta de uma série promovida pelo Grupo de Amigos do Museu de Portimão (GAMP), em colaboração com o próprio Museu, a Junta de Freguesia e o município de Portimão.

Mas é, sobretudo, uma fotografia que mostra que até o passado preservado num museu pode ter continuidade no presente, com gente de carne e osso, como o Senhor Amílcar.

A mostra, montada em grandes painéis na Praça Manuel Teixeira Gomes, junto à zona ribeirinha da cidade, fala de calafates e carpinteiros marítimos, de pescadores e operárias conserveiras, de correeiros, ferradores, peixeiros, mariscadores, condutores das carrinhas da Rocha, latoeiros, aguadeiros, vendedores no mercado, merceeiros e doceiras. São, em muitos casos, profissões já desaparecidas, que recordam outros tempos, de vidas sofridas e de muito trabalho, mas que remetem também para tempos em que Portimão tinha muito mais economia para lá do omnipresente turismo dos dias de hoje.

A exposição é de visita livre e pode ser vista até 19 de Setembro.

 

Fotos: Elisabete Rodrigues | Sul Informação

 



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