Proposta «inédita» de criação de Parque Natural Marinho no Algarve foi entregue ao Governo

Parque Natural Marinho do Recife do Algarve situar-se-á entre o Farol da Alfanzina e a Marina de Albufeira

A proposta «inédita» para a criação do Parque Natural Marinho do Recife do Algarve – Pedra do Valado foi entregue, esta tarde, ao Governo, na Universidade do Algarve. O documento foi elaborado através de um processo «participativo, ao longo de quase três anos, envolvendo mais de 70 entidades e baseado numa sólida fundamentação científica.

A Fundação Oceano Azul e o Centro de Ciências do Mar da Universidade do Algarve (CCMAR – UAlg) são as entidades que elaboraram a proposta e a entregaram aos ministros do Mar e do Ambiente.

O Parque Natural Marinho do Recife do Algarve – Pedra do Valado situar-se-á na zona costeira dos Municípios de Albufeira, Lagoa e Silves, entre o Farol da Alfanzina e a Marina de Albufeira, e estende-se até aos 50 metros de profundidade, totalizando 156 km2.

E aqui que existe «o maior recife rochoso costeiro do Algarve, um ecossistema ímpar no continente português, que beneficia de condições naturais que favorecem uma biodiversidade marinha e produtividade únicas. Encontram-se aqui perto de 900 espécies, 12 das quais novas para a ciência», segundo o CCMAR.

O projeto foi construído «através de um processo participativo, ao longo de quase 3 anos e envolvendo mais de 70 entidades e baseado numa sólida fundamentação científica».

«Tendo sido alertados por entidades locais sobre a necessidade de proteger simultaneamente este recife e a pequena pesca artesanal, a Fundação Oceano Azul e o Centro de Ciências do Mar da Universidade do Algarve, com o envolvimento da Associação de Pescadores de Armação de Pêra, dos municípios de Albufeira, Silves e Lagoa, e da Junta de Freguesia de Armação de Pêra, promoveram e dinamizaram um processo participativo com o objetivo de proteger e valorizar este recife», reforçou o centro de investigação algarvias.

Este processo participativo decorreu ao longo dos últimos dois anos e «contou com o envolvimento ativo de associações da pesca profissional e lúdica, representantes de empresas marítimo-turísticas, administração regional, local e central, centros de investigação científica, federações desportivas, autoridade marítima, agrupamentos de escolas, organizações não-governamentais e associações empresariais».

Foram realizadas seis sessões presenciais, mais de 60 reuniões bilaterais, e uma sessão final de apresentação da proposta de zonamento e das bases para o regulamento desta área marinha protegida.

«Em 2018 lançaram-se as bases para a criação de uma Área Marinha Protegida de Interesse Comunitário (AMPIC), suportada por sólida fundamentação técnica e científica e definida através de um processo participativo, inclusivo, construído “de baixo para cima” que, por um lado, proteja e valorize este capital natural e que, por outro, garanta da melhor forma os interesses e necessidades da comunidade de que dele dependem», explicou Jorge Gonçalves, investigador do CCMAR-UAlg.

«O resultado final deste processo é uma proposta cientificamente sustentada, que incorporou até ao limite as solicitações dos diferentes interesses, logo, o mais consensualizada possível», acrescenta.

Tiago Pitta e Cunha, diretor executivo da Fundação Oceano Azul, considerou, por seu lado, que «nunca foi tão urgente proteger o oceano e criar ferramentas de conservação.

Uma vez que Portugal é «detentor de uma das maiores zonas económicas exclusivas da União Europeia, tem o dever de, não só acompanhar as questões e temáticas associadas à sustentabilidade do oceano, como promover a sua concretização, podendo ter, até, um papel fundamental na liderança destas questões a nível internacional».

«As áreas marinhas protegidas, quando devidamente desenhadas e implementadas, produzem mais peixes, peixes maiores e sustentam uma maior diversidade de espécies. Por sua vez, podemos ter uma atividade económica mais valorizada, com maior retorno para a pesca, um turismo mais sustentável, valorizando os territórios, as atividades e os produtos do mar», concluiu Tiago Pitta e Cunha.

A proposta hoje apresentada ao Governo traduz «a vontade inequívoca da comunidade algarvia na criação de uma Área Marinha Protegida de Interesse Comunitário», remata o CCMAR.

 

 



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