Covid-19: Castro Marim e VRSA quiseram ajudar a rastrear contactos, mas Autoridade de Saúde não aceitou

Delegada regional de saúde diz que nunca houve atrasos no rastreamento de contactos

Castro Marim

Castro Marim e Vila Real de Santo António, os municípios com maior incidência acumulada de Covid-19 no Algarve, lamentaram hoje a falta de recetividade das autoridades de saúde ao apoio oferecido para o rastreamento de contactos, mas as autoridades alegam que “nunca houve atrasos” no seguimento epidemiológico.

Segundo os dados publicados, esta semana, pela Direção Geral da Saúde, contabilizados entre 13 e 26 de Janeiro, Castro Marim e Vila Real de Santo António são os municípios do Algarve com maior incidência de casos cumulativa a 14 dias por 100 mil habitantes.

Castro Marim, com cerca de 7.000 habitantes, atingiu um valor acumulado de 2.822 casos confirmados por 100 mil habitantes, enquanto Vila Real de Santo António, com perto de 20.000, chegou aos 2.139.

Estes números dispararam nas últimas semanas e, segundo as autoridades de saúde, estão relacionados com um surto em Tavira.

Em declarações à Lusa, a delegada de Saúde regional do Algarve, Ana Cristina Guerreiro, reconheceu que Castro Marim e Vila Real de Santo António “eram e continuam a ser aqueles que têm maior taxa de incidência acumulada a 14 dias”, mas frisou que “estão neste momento com taxas a descer” e deu o exemplo de Castro Marim, que já se encontra “nos 2.405” casos por 100 mil habitantes.

Ambos os municípios disseram à Lusa ter oferecido apoio às autoridades de saúde para o rastreamento de contactos, contudo, a oferta foi declinada e segundo o presidente da Câmara de Castro Marim, Francisco Amaral, houve mesmo “falta de capacidade” no seguimento epidemiológico.

No entanto, segundo Ana Cristina Guerreiro, “nunca houve atrasos” no seguimento epidemiológico dos casos nessa área, estando já a verificar-se uma “tendência de descida” do número de casos nestes municípios.

“Nunca houve inquéritos epidemiológicos em atraso nessa área. A equipa é única, tem trabalhado nos dois concelhos – aliás, é muito difícil separá-los porque estão ligados em questões de trabalho, de escola e de território – e trabalhou muito, até ser necessário, para deixar, de um dia para o outro, todas as pessoas avisadas de que eram positivas e deveriam ficar em casa”, afirmou.

Questionada sobre o que fez subir os casos de Covid-19 nos dois concelhos, Ana Cristina Guerreiro respondeu que “tem relação com os surtos de Tavira” registados “logo na semana seguinte ao Natal”.

“Castro Marim e Vila Real de Santo António são concelhos vizinhos e têm muita ligação entre eles, em termos de emprego e de deslocações para escolas, e pensamos que terá sido por influência do aumento em Tavira” que os números subiram também nesses territórios, argumentou.

A responsável pela autoridade de saúde pública regional deu o exemplo de famílias que “negligenciaram a convivência interna” e ficaram com “cinco ou seis elementos positivos”.

Já o presidente da Câmara de Castro Marim considera que “houve falta de capacidade para fazer o seguimento epidemiológico e evitar que o vírus se espalhasse pela comunidade”, depois de um “surto” detetado numa escola em Altura.

Segundo Francisco Amaral, o contacto das crianças da escola de Altura com familiares e a falta de controlo das cadeias de contágio acabaram por “disseminar o vírus na comunidade” e criar uma “situação muito complicada” no concelho.

O autarca, médico de profissão, aproveitou para criticar o Governo “pela borla dada no Natal” e por “não ter de fechado logo as escolas” na reabertura das aulas presenciais, em Janeiro.

Em resposta escrita à agência Lusa, fonte do município de Vila Real de Santo António adiantou ter-se colocado “à disposição da Saúde Pública Local, através da cedência de recursos humanos”, para acelerar “os processos administrativos de rastreamento e de contacto”, mas essa colaboração foi “declinada por parte da ARS [Administração Regional de Saúde] Algarve”.

A autarquia reconheceu a existência de um “aumento da testagem de casos suspeitos de Covid-19 no município”, mas considerou que “deveria existir maior celeridade entre o momento de identificação do caso suspeito e a efetiva marcação e realização do teste” para “minimizar” riscos de contágio.

“Apesar do número elevado de casos positivos de Covid-19 registados na última semana de Janeiro, os dados preliminares da primeira semana de Fevereiro revelam uma tendência decrescente do número de infeções no município”, referiu.

Segundo o município, foi registada uma descida de 510 para 449 no número de casos ativos, de segunda para terça-feira.

 

 



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