Morreu João Barros Madeira, ilustre médico louletano e columbófilo

Barros Madeira foi também presidente da Comissão Administrativa da Câmara Municipal de Loulé e do Hospital Distrital de Faro

João Barros Madeira, médico, antigo diretor do Hospital de Faro e presidente da Comissão Administrativa da Câmara de Loulé entre 1974 e 1975, morreu esta quinta-feira, 21 de Janeiro, aos 86 anos. A autarquia já lamentou o falecimento deste ilustre louletano. 

João Barros Madeira nasceu a 3 de Agosto de 1934, em Loulé, e licenciou-se em Medicina, em 1962, pela Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra.

Além de ter sido um ilustre médico louletano, foi também presidente da Comissão Administrativa da Câmara Municipal de Loulé em 1974-75, em pleno período revolucionário e no momento de transição para a democracia.

No período em que foi estudante em Coimbra, envolveu-se nas lutas estudantis tendo feito parte das listas que ganharam as eleições para a Direção-Geral da Associação Académica de Coimbra em 1960 e 1961, encabeçadas, respetivamente, por Carlos Candal e José Lopes de Almeida.

Foi também vice-presidente do Orfeão Académico e presidente da Tuna Académica de Coimbra, organismos autónomos da Associação Académica e por onde passaram gerações e gerações de estudantes que depois se distinguiram nos mais variados setores de atividade da vida pública portuguesa.

Além da sua carreira como médico, João Barros Madeira era uma referência no fado de Coimbra, tendo gravado alguns discos de fado e baladas.

«São dele algumas das interpretações mais notáveis da canção coimbrã como “Senhora partem tão tristes”, “Fado da Ansiedade”, “Último Fado”, “Olhos Verdes” ou “Balada” (Adeus Adeus, vou partir)», recorda a autarquia louletana.

Como médico, iniciou a sua vida profissional em Loulé, em 1962, no Hospital da Misericórdia. Exerceu também a medicina privada e mais tarde trabalhou no Centro de Saúde desta cidade, do qual foi diretor. Foi ainda membro do Conselho de Administração da Administração Regional de Saúde do Algarve e terminou a sua carreira profissional como diretor do Hospital de Faro.

Fora do mundo da medicina, João Barros Madeira foi uma pessoa muito presente no associativismo da cidade, tendo sido presidente do Louletano e, durante vários anos, presidiu à comissão organizadora do Carnaval de Loulé.

Mas foi na columbofilia que a sua ação associativa mais se fez notar, cujo vício remontava aos tempos da sua vida estudantil no Liceu de Faro, em finais da década de 40 e início da década de 50.

Com efeito, foi presidente da Comissão Columbófila do Distrito de Faro, sócio nº1 e fundador da Sociedade Columbófila Louletana, vice-presidente da Assembleia Geral da Federação Portuguesa de Columbofilia. Ainda nesta modalidade, foi o primeiro português a ocupar um cargo na vice-presidência da Federação Columbófila Internacional.

Numa nota de pesar emitida pela Câmara de Loulé, o autarca Vítor Aleixo recorda o «dr. Barros Madeira era uma pessoa bondosa e com um caráter muito nobre, muito reservado e recolhido, especialmente nos últimos anos, sendo muito avesso a homenagens e distinções na sua pessoa, pelo que era raro o seu aparecimento na vida pública».

Mas mesmo assim, «não poderia a Câmara Municipal de Loulé ficar indiferente à notoriedade de um dos seus filhos mais queridos e com um percurso tão brilhante», acrescenta.

Por isso, foi agraciado pela autarquia, em 2014, tendo-lhe sido atribuída a Medalha de Ouro do município.

«Com o falecimento do Dr. João Barros Madeira, um verdadeiro exemplo de homem bom que dedicou a sua vida, quase por inteiro, ao bem- estar público e ao altruísmo, o concelho de Loulé fica mais pobre, pois é uma parte de si que se esfuma ficando para sempre as recordações de uma vida brilhante, mas também a saudade como tão bem a cantava nos versos que eternizou em “Senhora partem tão tristes”», conclui a nota de pesar.

 

 



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