Ler e escrever para melhor viver

Nada é tão desprestigiante para um profissional em qualquer área como um erro ortográfico ou uma frase sem sentido

No meu último artigo de 2020, em vez de fazer um balanço do ano que está prestes a terminar, optei por propor-lhe algumas sugestões para os 365 dias que se avizinham. Presumo que ninguém deseje recordar o insólito e a tristeza que o ano vinte vinte nos trouxe.

Apesar de tudo, não poucas vezes me senti em contraciclo… Quer conhecer o segredo?

A pandemia obrigou-me (e a tantas outras pessoas) a reinventar-me profissionalmente. Peguei nas formações presenciais na área da comunicação, da escrita, do marketing digital e coloquei-as no online, o que possibilitou-me chegar com as minhas palavras mais longe do que alguma vez sonhei. Da minha cozinha — o escritório improvisado — para o mundo.

Foi e continua ainda a ser mais ou menos assim. Presumo que o formato anterior de formações presenciais dificilmente voltará a ter a mesma força de antes.

Com o foco na escrita, na aprendizagem de novas competências e (re)descobrindo paixões adormecidas, o confinamento foi mais suportável. Que o digam as mais de mil pessoas que seguiram o meu minicurso de escrita gratuito — um trabalho honesto, dedicado e esforçado — que, durante cinco dias, desafiou os participantes a irem mais longe com as suas palavras.

Ler e escrever foi a vacina que me auto prescrevi, bem como a tantas outras pessoas — e acredite, a COVID-19 está a passar de forma mais ligeira.

É esta a mensagem que quero deixar-lhe para 2021: invista em si, nos seus conhecimentos, principalmente na área da escrita.

Todos precisamos de escrever no dia a dia, quer seja profissionalmente, por motivos terapêuticos ou para criação literária, e nada é tão desprestigiante para um profissional em qualquer área como um erro ortográfico ou uma frase sem sentido. Claro que os erros acontecem, mas quanto mais despertos estivermos, menores serão as probabilidades de isso acontecer.

Se tem o desejo secreto de escrever e publicar um livro, não deixe esse sonho esmorecer. Aproveite bem a «democratização da cultura» que o boom das formações online possibilitou, principalmente para quem não vive nos grandes centros urbanos e utilize esta máxima nos seus investimentos formativos: «conhecimento bom é o conhecimento que se pode colocar em prática». É bastante fácil perdermo-nos nas diversas opções, que depois não nos servem para nada.

Se tem dificuldades em escolher os seus livros ou não consegue continuar o ritmo de leitura, inscreva-se num clube de leitura online — um dos fenómenos positivos mais interessantes que a pandemia revelou. Rodeie-se de pessoas que têm a mesma paixão pelos livros.

Nada melhor do que trocarmos opiniões e olharmos para as páginas que lemos solitariamente, na perspetiva do Outro — as histórias e as personagens ganham uma nova dimensão e ficamos todos mais ricos. Posso até preferir os encontros reais aos encontros virtuais em torno da literatura, mas o que eu gosto mesmo é de ler e de trocar ideias sobre os livros que leio, por isso, o formato acaba por ser quase irrelevante.

Há algumas opões pagas, mas, por exemplo, o clube de leitura online «Os Encontros Literários O Prazer da Escrita», já com mais de 800 membros, dinamizado por mim e por David Roque (responsável há vários anos pelo Clube de Escrita Criativa da Biblioteca Municipal de Lagoa) é inteiramente gratuito. Neste clube, lê-se, mas também se brinca com as palavras na dinâmica de escrita criativa mensal.

A novidade para 2021 será a possibilidade de os leitores trocarem impressões com os escritores da obra em leitura na sessão Zoom a decorrer no último sábado de cada mês. Para fevereiro, está já confirmada a presença de Luís Cardoso, escritor de Timor-Leste.

A leitura mínima de doze livros num ano fica assim garantida. Pode ser pouco, mas é melhor do que nada.

Quanto à escrita, sugiro-lhe que comece o Novo Ano, com a segunda edição gratuita do «Minicurso Semana da Escrita», 11 a 15 de janeiro, e se junte a uma comunidade no Facebook de mais de mil pessoas que já investiu o seu maior recurso — o tempo — para descobrir o prazer da escrita e escrever mais e melhor. Quem sabe o que esta janela de oportunidade lhe poderá trazer para os restantes dias do ano.

Em 2021, escreva mais, leia ainda mais e incentive os seus filhos (caso os tenha), a fazer o mesmo. A leitura, além de ser um prazer, possibilita-nos viajar sem sairmos do sofá, sonhar, pensar, crescer. A leitura aumenta os nossos conhecimentos, o nosso vocabulário e muito mais… Como escreveu recentemente Christophe Clavé, «Se não houver pensamentos, não há pensamentos críticos. E não há pensamento sem palavras».

Já que não podemos sair de casa neste fim de ano, aproveite e leia um bom livro. Deixo-lhe algumas sugestões, que poderá encontrar em formato PDF livre nos «Encontros Literários O Prazer da Escrita»:

>>«A Amiga Genial», de Elena Ferrante
>>«Submissão», de Michel Houellebecq
>>«A História de Uma Serva», Margaret Atwood
>>«1984», de George Orwell
>>«Admirável Mundo Novo», de Aldous Huxley
>>«A Queda Dum Anjo», de Camilo Castelo Branco

Saudações Literárias e até para o ano!

Com estima,

Analita Alves dos Santos

 

 

 

 

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