ICNF: Ribeiro Telles foi «figura central da conservação da natureza e da paisagem em Portugal»

É «durante o seu mandato político que é criado o Serviço Nacional de Parques, Reservas e Património Paisagístico, antecessor do atual ICNF»

O Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) manifestou publicamente o seu «mais profundo pesar» pela morte de Gonçalo Ribeiro Telles, que classifica como «figura central da conservação da natureza e da paisagem em Portugal».

Em nota de pesar enviada às redações, o ICNF salienta que «Ribeiro Telles trouxe para o centro do debate público temas como o ordenamento do território, o valor da paisagem entendida muito para lá do seu valor estético, a conservação da natureza, as áreas protegidas, incluindo a necessidade da participação das populações na sua gestão, o respeito pelos usos tradicionais da terra, a necessidade do equilíbrio entre as diferentes funções da gestão florestal».

Além disso, recorda, foi «durante o seu mandato político que é criado o Serviço Nacional de Parques, Reservas e Património Paisagístico, antecessor do atual ICNF».

«Apesar da forma clara e direta como sempre defendeu as suas ideias e de nunca se ter inibido de as expressar, muitas vezes em assuntos controversos, são raros os que não foram sensíveis as qualidades humanas que permitiram o reconhecimento generalizado da sua elevação de espírito, independentemente de quaisquer concordâncias ou discordâncias», acrescenta o ICNF.

Apresentando à família, aos amigos e colegas «as mais sinceras e sentidas condolências», a nota do ICNF termina com uma citação de um livro escrito em 1960 por Gonçalo Ribeiro Telles e Francisco Caldeira Cabral, ambos já falecidos:

As funções da árvore, mata e sebe viva na paisagem, considerando tanto os espaços rurais e naturais como os espaços urbanos e industriais, ou ocupados por infra-estruturas, são as de garantir a presença da vida silvestre, promover a mais conveniente circulação da água e do ar, manter o equilíbrio dos ecossistemas, assegurar a fertilidade dos campos, contrabalançar com a usa presença, o artificialismo do meio urbano que tanto afeta a saúde psicossomática das populações, e ainda a de valorizar a escala e a porção dos volumes edificados. (…) Há que pensar o ordenamento do território e a paisagem de uma forma mais global e integrada, que corresponderá uma revalorização da árvore e das formas em que surge na paisagem, tanto no espaço rural como no urbano“.

in “A Árvore em Portugal” (Caldeira Cabral F., Ribeiro Teles G., 1960)

Portugal vive hoje um dia de luto nacional em memória e homenagem ao Gonçalo Ribeiro Telles, falecido esta quarta-feira, aos 98 anos de idade, que se destacou como figura pioneira na arquitetura paisagista.

 



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