Património Imaterial junta-se em rede para continuar legado da Convenção de Faro

15 anos da Convenção de Faro foram assinalados esta segunda-feira, 26 de Outubro, numa cerimónia no Teatro das Figuras

A Convenção de Faro celebra, esta terça-feira, 27 de Outubro, 15 anos desde a sua assinatura, mas os seus pressupostos, de tolerância e defesa da cultura, «continuam bem presentes». Por isso, será criada uma rede nacional para o Património Cultural Imaterial para que «estas manifestações não sejam esquecidas, mas dinamizadas e valorizadas». 

O anúncio foi feito por Ângela Ferreira, secretária de Estado do Património Cultural, que participou, esta segunda-feira, 26 de Outubro, na cerimónia dos 15 anos da assinatura da Convenção de Faro, no Teatro das Figuras.

A criação desta rede, que engloba uma estratégia, é vista como mais um passo nos ideais que ficaram plasmados na Convenção de Faro, a «primeira, a nível mundial, que integrou tanto o património material, como o imaterial», falando na sua «preservação, fruição e responsabilidade individual que todos temos».

Para amanhã, dia 27 de Outubro, está já marcada uma segunda reunião desta rede que incorpora os oito patrimónios culturais imateriais da UNESCO que Portugal tem: o Fado, a Dieta Mediterrânica, que tem em Tavira a representante portuguesa, o Cante Alentejano, a Falcoaria, o Barro de Estremoz, os Caretos de Podence, a Arte Chocalheira (Alentejo) e o Barro de Bisalhães.

«Nessa reunião vamos apresentar já um rascunho do que queremos que seja essa estratégia.  O Património Imaterial são manifestações muito importantes e ricas ao nível nacional, que representam aquilo que é a identidade e a diversidade cultural de todo o território e concorrem para a coesão territorial, para o potencial turístico, das artes, ofícios e saberes que não queremos que se percam com a partida das gerações passadas», disse Ângela Ferreira, em declarações aos jornalistas.

 

Ângela Ferreira – Foto: Flávio Costa | Sul Informação

 

Esta estratégia está a ser feita entre a Direção-Geral do Património Cultural, as Direções Regionais de Cultura, a Comissão Nacional da UNESCO, as entidades promotoras dos oito patrimónios imateriais de Portugal, mas também com profissionais especialistas na área.

«Há quatro eixos estratégicos: a boa governação, a capacitação, a criação de redes e o trabalho em conjunto para que tenhamos encontros regionais, workshops, numa perspetiva de capacitação das equipas técnicas, mas também das pessoas que desenvolvem estas manifestações. Temos uma diversidade grande e é importante que não as deixemos esquecidas e que, acima de tudo, as dinamizemos e valorizemos como potencial de emprego até», enquadrou a secretária de Estado do Património Cultural.

Uma das ideias é também «criar uma campanha de sensibilização para este património e uma articulação com os centros de investigação, as universidades, as autarquias e a sociedade civil».

Até ao final do ano, o objetivo é que a «rede esteja oficializada» para, em 2021, «caso a pandemia o permita, possamos fazer um encontro nacional destas entidades para dar corpo a estas questões que estamos a trabalhar».

Quanto às verbas para financiar esta rede, «serão sempre ao nível do financiamento comunitário». «Há muitos eixos em que podemos ir buscar verbas para promoção, valorização e dinamização do património», resumiu a secretária de Estado Ângela Ferreira.

 

 

De resto, a cerimónia de celebração dos 15 anos da Convenção de Faro juntou também Guilherme d’Oliveira Martins, que presidiu ao Comité responsável pela elaboração desse documento, lembrando a pertinência dos seus pressupostos.

«É com emoção que digo que 15 anos passaram, mas os fundamentos continuam bem presentes. A pandemia permite-nos perceber o que é pertinente na sociedade: os valores éticos e a cultura. O património é realidade presente e neste tempos temos de perceber que a cultura e o património cultural são elementos fundamentais», disse.

Quanto a Rogério Bacalhau, presidente da Câmara de Faro, revelou que, no 15º aniversário desta convenção, a autarquia não quer «apenas assinalar a efeméride».

«Queremos lançar ideias que enformem a responsabilidade que nos advém do passado e assegurar que este tem expressão no que está por vir. É, assim, nossa intenção, no primeiro semestre do próximo ano, concretizar iniciativas que voltem a associar Faro “à sua” convenção. E dar a conhecê-la a todos: na autarquia, nas escolas, nos equipamentos públicos, nos eventos, nas ruas e nas coletividades», concluiu.

 

Fotos: Flávio Costa | Sul Informação

 

 

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