Presidente da República: «Já se percebeu que o Algarve é um destino que é seguro»

Apesar da lista do Governo britânico, aviões estão a chegar ao Aeroporto de Faro com 30% de ocupação

Foto: Elisabete Rodrigues | Sul Informação

«Cá dentro já se percebeu que o Algarve é um destino que, além de outras qualidades, é seguro, e lá fora está a perceber-se isso, com maior ou menor dificuldade», afirmou esta segunda-feira, em Lagos, o Presidente da República.

Marcelo Rebelo de Sousa veio esta noite ao Algarve para um jantar de trabalho, num restaurante do centro de Lagos, com os autarcas algarvios, cumprindo assim a promessa que tinha feito há dias, em Monte Gordo. Nesta sessão, estiveram presentes 12 dos 16 autarcas.

Antes do início do jantar e falando aos jornalistas sobre a lista de países considerados inseguros divulgada na semana passada pelo Reino Unido, Marcelo Rebelo de Sousa disse que «às vezes, os nacionais desses países explicam por si qual é a situação – apesar da lista, estão a chegar britânicos. Há quem, perante a dúvida levantada pelo próprio país, conhecendo o Algarve, sabendo a situação, vem».

«É um problema de esclarecimento, demora tempo a haver esse esclarecimento. Mas vai-se formando uma pequena bola de neve: quem vem, conta, quem conhece ou reside, conta, e percebe-se que a realidade é outra».

Quanto à questão da Bélgica, que hoje mesmo incluiu o Algarve e o Alentejo na lista de regiões inseguras, o chefe de Estado disse que isso significa que é preciso «continuar o trabalho» de esclarecimento a nível internacional. «Ainda hoje o senhor primeiro ministro esteve na Holanda e também aí tratou da matéria da posição holandesa no sentido de uma evolução favorável».

O Presidente referiu igualmente a Irlanda, país que dentro de dias deverá divulgar também uma lista de destinos que considera inseguros e onde se espera que Portugal, em geral, e o Algarve, em particular, não figurem. «Espero que aquilo que era uma preocupação há uma semana, a Irlanda, que vai divulgar a sua lista no dia 20, possa traduzir-se numa notícia diferente daquela que se podia temer por proximidade britânica».

É que, insistiu, a diplomacia portuguesa tem estado a trabalhar, mas há ainda necessidade de esclarecer mais. «Isto tem de ser dia a dia, semana a semana, para convencer as pessoas daquilo que é a realidade» portuguesa, sublinhou Marcelo Rebelo de Sousa, acrescentando ter amigos «que me telefonam de longe e que acham que eu estou praticamente cercado em Lisboa e que, mesmo em Lisboa, não faço a vida normal».

 

Marcelo Rebelo de Sousa, com o presidente da Câmara de Lagos e os seus colegas autarcas de Olhão, Monchique e Alcoutim – Foto: Elisabete Rodrigues | Sul Informação

E o que é que está a falhar então?, quiseram saber os jornalistas.

«O que está a falhar é a perceção, a compreensão por parte desses países, que estão à distância, preocupados com as suas situações e também com o Conselho Europeu que vem aí e que não conhecem a realidade portuguesa. É preciso explicar bem a realidade portuguesa. É isso que tem sido feito pelo Governo e o Presidente da República, na medida do possível, também tem apoiado».

Mas o chefe de Estado fez questão de também «dar notícias que são boas»: «Ao passar pelo Aeroporto de Faro, foi-me dito que, sábado passado, ao contrário do que me tinha sido dito há uma semana, houve um número apreciável de movimentos, partidas e chegadas, 120, que é uma coisa que já não havia há tempos imemoriais. É uma boa notícia, mesmo sabendo nós que alguns dos voos que chegavam vinham parcialmente cheios, nomeadamente os de Inglaterra e da Irlanda.

Mesmo assim, a percentagem, no caso britânico, era de 30% de ocupação do avião, o que quer dizer que há pessoas que conhecem Portugal, têm cá casa, têm cá amigos, e desafiam aquilo que é um juízo [do governo do Reino Unido] que não corresponde à realidade, nem ao bom senso».

«É uma grande diferença os movimentos do aeroporto em relação há uma semana e espero que isto seja um processo ascendente», apesar de se adivinhar «difícil, lento e complicado».

Falando sobre este que é o seu segundo jantar de trabalho com os autarcas algarvios – o primeiro foi no dia 7, em Monte Gordo, na outra ponta do Algarve – Marcelo adiantou que vinha para falar sobre «a taxa de ocupação, as perspetivas, as reservas, o que há de avanços e de preocupações».

«Estamos todos a puxar no mesmo sentido, e por isso cá estarei, noutro município, daqui por uma semana, uma semana e meia, e virei consecutivamente, ao longo dos meses de Agosto e Setembro», prometeu o Presidente.

 

O PR à mesa com os autarcas do Algarve, no restaurante Dom Henrique, em Lagos – Foto: Elisabete Rodrigues | Sul Informação

«Não sei se se recordam, mas foi há um mês, mais coisa, menos coisa, que se falou muito do caso de Odiáxere. E a imagem que foi dada foi uma imagem deformada, distorcida, de que tinha havido uma situação que criaria um stress sobre o serviço nacional de saúde e que poderia ter consequências no Algarve, no turismo algarvio. Um mês depois, encontramos que aquilo que parecia um problema agudo, gravíssimo, foi uma realidade reabsorvida, rapidamente e com naturalidade», recordou.

Apesar de tudo, frisou Marcelo, «o turismo português em geral aumentou [no Algarve] e espero que continue a aumentar nas próximas semanas. Mesmo os estrangeiros…é olhar à volta».

«Felizmente, há muitos portugueses que estão a compreender isso e encontra-se agora mais portugueses de outras regiões a fazer as suas férias no Algarve. O apelo é: há que fazer muito mais! Esperamos por eles!», lançou.

«No resto do país, como é o caso do Algarve, a situação permite, com bom senso, mas com naturalidade, atrair portugueses e atrair estrangeiros», garantiu.

Mas e o que fazer à difícil situação económica da região, com restaurantes às moscas e hotéis com taxas de ocupação de 25%, em média, em plena época alta, um aumento de desempregados inscritos de 200%?

O Presidente da República salientou que, por aquilo que resulta das conversas que tem com o primeiro ministro, «o Governo está a considerar seriamente olhar para a situação do turismo em geral , da hotelaria e da restauração em particular, em termos de emprego no futuro, para além daquilo que, entretanto, já foi anunciado».

Além disso, garantiu, o governo «está muito atento à situação do Algarve».

E será que, pela sua situação, a região algarvia precisa de uma discriminação positiva? «Em geral, a hotelaria, a restauração, os setores ligados ao turismo merecem uma discriminação positiva, temos de ver exatamente como é que isso se concretiza. E o Algarve é uma das áreas onde isso é muito importante», concluiu o Presidente Marcelo Rebelo de Sousa.

Ao contrário do que tinha acontecido há uma semana em Monte Gordo, desta vez não houve selfies durante o percurso de Marcelo na rua do centro de Lagos. Até porque grande parte dos turistas, apesar de atraídos pela presença de câmaras de televisão, microfones e máquinas fotográficas, eram estrangeiros.

 

Fotos: Elisabete Rodrigues | Sul Informação

 

 

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