«Venham, venham, venham!». O apelo é feito por Débora Mateus, uma das organizadoras do Festival Internacional de Cinema e Literatura de Olhão (FICLO) que começa já hoje, 15 de Julho. Durante uma semana haverá filmes, livros e muitos motivos de interesse, numa iniciativa que «segue todas as regras sanitárias, apostando nas noites maravilhosas do Algarve ao ar livre».
Quando a Covid-19 começou a ganhar as proporções conhecidas, os eventos culturais foram uma das primeiras áreas afetadas. O FICLO não foi exceção e a sua segunda edição, marcada para de 28 de Março a 5 de Abril, acabou por ser cancelada.
Agora, meses depois, está de volta, mas com diferenças. Poucas, ainda assim. «No essencial, mantém-se tudo. O programa de filmes é o mesmo, mas tivemos de adiar o ciclo de filmes do Gótico Tropical», explica Débora Mateus ao Sul Informação.
«Achámos que os temas abordados eram duros e este não é o momento ideal para abordar as questões. Certamente, ficará para outra oportunidade», acrescentou.
A “Obra Criativa”, uma iniciativa do FICLO que quer apoiar a produção de obras que tenham lugar ou se relacionem com o Algarve, também sofreu alterações.
Este ano, a aposta do festival foi para Tiago Hespanha, realizador que está em Olhão numa residência artística, para escrever um guião relacionado com o que está a viver, mas, ao contrário do que era esperado, «não haverá a leitura encenada que estava prevista com o Rogério de Carvalho».
Mas falemos das coisas boas deste festival. Numa altura em que o convívio ao ar livre ganhou uma importância maior, o FICLO vai apostar nas sessões de cinema no pátio da Associação República 14, sempre às 21h30.
«Nós temos esta particularidade de termos noites maravilhosas cá no Algarve e é mais fácil – e seguro – estarmos ao ar livre», disse Débora Mateus.
Mesmo as sessões em locais fechados, que vão acontecer no Auditório Municipal de Olhão (sempre às 18h30) e nos cinemas Algarcine (todos os dias às 15h00), vão «cumprir todas as regras», garantiu.
E haverá tanto para ver neste festival. O programa «é amplo, variado e todo ele interessante», mas Débora Mateus realça a restropetiva do realizador Alberto Serra. «Não temos muitas oportunidades para conhecer o trabalho integral de um cineasta e este tem uma obra muito interessante e diferente daquilo a que estamos habituados», explica a organizadora.
É que todas as suas longas-metragens se encontram ligadas à literatura, com especial incidência na literatura universal.
Liberté, por exemplo, que passará no dia 21 de Julho, às 18h00, no Auditório Municipal de Olhão, é baseada numa peça teatral homónima que, nas palavras de Serra, é um «teatro de marionetes carnal e materialmente muito poderoso».
O ciclo de cinema italiano, que terá sessões no Algarcine às 15h00 e 18h00, também continua intacto, integrando clássicos de Rossellini, Visconti, Antonioni e Pasolini. Uma das características deste ciclo é que está composto por filmes que refletem o desafio de levar uma nova narrativa contemporânea ao cinema.
O filme de abertura “Adoration”, de Fabrice du Welz, a passar hoje, 15 de Julho, às 21h30, no pátio da República 14, e o de encerramento (“Valley of Souls”, de Nicolás Rincón Gille, dia 21, às 21h30, no mesmo local) são outros dos pontos altos, fazendo parte das películas a concurso na competição internacional.
Já nos dias 17 e 18 há a particularidade de haver duas sessões em Tavira, no Convento do Carmo, também ao ar livre.
Fora do grande ecrã, o FICLO propõe atividades paralelas, como passeios performativos por Olhão, guiados por Bruno Humberto e Isadora Alves Nunes, uma livraria nómada, que estará no Mercado da Fruta em Olhão, mas também passará por Loulé e Tavira, e masterclasses, uma delas com o jornalista espanhol Javier Toletino, esta quinta-feira, dia 16, às 16h00, a bordo do Caíque Bom Sucesso.
E será que o medo da atual pandemia poderá baixar as expetativas para um festival que é o primeiro, dedicado ao cinema, a realizar-se depois do período de confinamento?
Débora Mateus admite que «pode haver uma quebra», mas também deixa uma mensagem: «como há poucas atividades culturais, achamos que isso até pode jogar a nosso favor. Por isso digo, venham, venham, venham».
Para consultar a programação completa do FICLO, clique aqui.
Os bilhetes para as sessões no Algarcine e Auditório Municipal de Olhão podem ser comprados aqui. Os preços variam entre os 3 os 4 euros. Já as entradas para as sessões na República 14 custam 1 euro.
O FICLO é promovido pelo Cineclube de Tavira em co-produção com a Câmara Municipal de Olhão e é apoiado pelo programa 365Algarve.
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