Loulé vai ter Centro de Saúde Universitário com «condições de primeiro mundo»

Contrato interadministrativo para construção/ampliação do Centro de Saúde Universitário de Loulé foi ontem assinado

Foto: Hugo Rodrigues|Sul Informação

Será inédito em Portugal e permitirá dar formação a jovens médicos e enfermeiros com «condições de primeiro mundo». De caminho, o futuro Centro de Saúde Universitário de Loulé, cujo modelo de financiamento foi ontem oficializado, vai dar dignidade à USF Lauroé e à UCC Gentes de Loulé.

Para lá chegar, ainda será necessário aprovar o projeto de execução. Depois, quando a obra iniciar, há que contar com alguns constrangimentos,  já que o edifício a construir ficará instalado junto ao atual Centro de Saúde louletano, atrás e ao lado dos contentores que albergam a Unidade de Saúde Familiar Lauroé.

Mas o dinheiro, que, muitas vezes, é o mais difícil de arranjar, está assegurado. Para fazer esta obra serão necessários «3,7 milhões de euros, acrescidos de IVA», revelou Vítor Aleixo, presidente da Câmara de Loulé. «Dessa verba, o município comparticipa 65% e os restantes 35% serão assegurados pelo Ministério da Saúde, através da Administração Regional de Saúde do Algarve», revelou o edil louletano.

O novo centro de saúde deverá ser uma realidade dentro de cerca de dois anos, se tudo correr como o previsto.

 




 

Estas declarações foram feitas aos jornalistas à margem da cerimónia da assinatura do contrato interadministrativo para construção/ampliação do Centro de Saúde Universitário de Loulé, protocolo que enquadra a parceria entre a Câmara e a ARS no financiamento da obra.

O ato contou com a presença de Jamila Madeira, secretária de Estado da Saúde, que voltou à sua terra natal, Loulé, para apadrinhar um processo que ela própria lançou, de forma oficial, em Fevereiro.

Apesar desta ser uma obra «há muito reclamada pelos louletanos» e que Vítor Aleixo tem «a certeza» de que será «das mais aguardadas» pela população do concelho, devido à melhoria de condições que trará para duas das unidades funcionais do centro, é a componente universitária que lhe confere um cariz especial.

Para Vítor Aleixo, «o corolário deste projeto estratégico que a Câmara está a desenvolver em parceria com a Universidade do Algarve, através do seu Centro Académico [Algarve Biomedical Center], é o primeiro Centro de Saúde Universitário do país, que vai nascer e estará ligado à universidade».

«Vamos ter um Centro de Saúde Universitário onde será possível, ao mesmo tempo em que se consultam utentes, formar novos médicos», resumiu o presidente da Câmara de Loulé.

 

 

Tanto o edil louletano como Paulo Morgado, presidente da ARS do Algarve, falam em «visão de futuro», a de que «os cuidados de saúde primários, e concretamente os Centros de Saúde, passem a ser locais onde fazemos o ensino pré e pós graduado».

Não que este trabalho não seja já feito, pelo menos em parte. Mas as condições não são as melhores. «Nós já fazemos o ensino pré graduado aqui em Loulé e noutros Centros de Saúde da região, mas sem as condições adequadas. Os alunos do curso de medicina da Universidade do Algarve têm aulas num conjunto de Centros de Saúde da região», enquadrou Paulo Morgado.

Agora, com a construção deste novo equipamento, «que é pioneiro a nível nacional, temos um edifício que está preparado de raiz para o ensino».

«No novo Centro de Saúde de Loulé, os alunos de medicina vão ter aulas e ser ensinados pelos seus mestres com condições de primeiro mundo, digamos assim. Vamos ter, também, os nossos médicos, enfermeiros e outros técnicos em formação, que irão aproveitar estas instalações e este equipamento para aprenderem , para serem melhores profissionais, que, no fundo, é o que todos ambicionamos», resumiu o presidente da ARS do Algarve.

 

 

Além desta componente de ensino, o novo edifício também permitirá melhorar a resposta dada aos utentes.

«Este é um edifício para a saúde, com várias valências. Em primeiro lugar, visa substituir uma Unidade de Saúde Familiar (USF) que está instalada em Loulé, desde o início, em condições muito precárias. A memória popular lembra ainda um episódio muito lamentável, em que o médico abria o guarda-chuva dentro de um contentor dessa unidade, para consultar os utentes», explicou Vítor Aleixo.

«Para que situações dessas não se voltem a repetir, nós projetámos, em colaboração com a ARS e, naturalmente, com o apoio do Ministério da Saúde, este novo edifício, onde a USF Lauroé terá instalações dignas», acrescentou.

O novo edifício também passará a albergar a Unidade de Cuidados à Comunidade (UCC) Gentes de Loulé, «que ficará dotada de instalações mais amplas e modernas, para os seus profissionais poderem exercer as suas funções com outra dignidade», disse o edil.

 




 

Paulo Morgado, por seu lado, considerou que «este novo edifício responde a uma necessidade muito importante do Centro de Saúde de Loulé. Neste momento, uma parte das nossas unidades funcionais ali instaladas estão em alojamentos precários e isso penaliza muito os utentes e os próprios profissionais. São condições  que não são, de maneira nenhuma, as mais dignas».

«Fundamentalmente, o que estamos a dar, com este projeto, é mais qualidade aos utentes e aos profissionais, para também atrair aqueles que quiserem fixar-se na nossa região e neste concelho», disse.

No caso da USF Lauroé, unidade que serve 13.700 utentes do concelho, «incluindo alguns de freguesias rurais», será possível tirá-la das instalações provisórias que ocupa desde a sua criação.

Já a UCC Gentes de Loulé, «que é a maior da região e que também está em instalações relativamente precárias e muito reduzidas»,  encontrará no novo edifício «outras condições para conseguir funcionar», afirmou o presidente da ARS do Algarve.

 

 

A secretária de Estado Jamila Madeira assegurou, por seu lado, que este é apenas um dos investimentos que o Governo tem pensados para o Algarve.

«Nós temos um plano estratégico de investimentos em saúde em construção. Aliás, há uma parte dele que já foi incorporado no plano de melhoria da resposta do SNS, que aprovámos em Dezembro. Este investimento que estivemos hoje a homologar está lá previsto e foi acarinhado desde a primeira hora», disse a secretária de Estado da Saúde.

«Há um reforço dos cuidados de saúde primários, que permite dar uma resposta reforçada, numa primeira linha. E, obviamente, há outro reforço de humanização e proximidade com os utentes», acrescentou.

Quanto ao novo Hospital Central do Algarve, cuja urgência foi salientada por Vítor Aleixo, Jamila Madeira assegurou que, «nesta legislatura, como é compromisso do Governo, haverá avanços claros» relativamente a este equipamento.

«O Hospital Central do Algarve é um projeto que ficou integrado nas Grandes Opções do Plano para esta legislatura. É um dossier que está em cima da mesa, concretamente da minha e da senhora  ministra. É um tema que ambas estamos a acompanhar e a fazer evoluir  a tão breve trecho quanto possível. Neste momento, não lhe posso dizer nada de mais concreto», resumiu a secretária de Estado algarvia.

 

 

Além deste grande investimento no Centro de Saúde da capital do concelho, a Câmara de Loulé prepara investimentos na Extensão de Saúde de Almancil e no Centro de Saúde de Quarteira.

No primeiro caso, trata-se de uma obra de reabilitação e ampliação, que incidirá sobre uma área de 200 metros quadrados e permitirá duplicar o tamanho desta unidade.

Isso será possível porque a Junta de Freguesia almancilense, que partilha o edifício com a Extensão de Saúde, vai ser deslocalizada, permitindo o avanço desta intervenção, que custará «cerca de 325 mil euros» e permitirá criar «oito gabinetes médicos e uma nova sala de espera», segundo Joaquim Farrajota, arquiteto da Câmara de Loulé.

Já em Quarteira, será criado «um novo bloco com sete gabinetes médicos e uma sala de tratamentos», que também terá uma área de cerca 200 metros quadrados. Esta intervenção custará cerca de 200 mil euros.

Em ambos os casos, o processo está a ser realizado em parceria com a ARS do Algarve.

 

Fotos: Hugo Rodrigues|Sul Informação

 

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