Empresa de jovens algarvios é «pioneira na produção de zaragatoas» em Portugal

Há voluntários a ajudar

Foto: Daniel Varela e Joana Pedroso

Daniel Varela e Joana Pedroso são dois jovens algarvios que, quando se aperceberam que podiam ajudar a combater a Covid-19, não viraram a cara à luta. Com uma empresa de prototipagem, montada há cerca de seis meses, em Loulé, decidiram pôr os seus serviços à disposição da comunidade. E assim começaram um «trabalho pioneiro, até agora, em Portugal»: a produção de zaragatoas. 

“Mark 6 Prototyping“. É este o nome da empresa de Daniel e Joana, que, desde a passada segunda-feira, 29 de Março, está a produzir zaragatoas para serem usadas nos testes à Covid-19.

Ambos têm 25 anos e são antigos estudantes da Universidade do Algarve: ele de Engenharia Mecânica, ela de Marketing. Foi precisamente pela UAlg que «este autêntico desafio» começou.

«As nossas principais áreas são a investigação e desenvolvimento e a impressão em 3D. Com base nisto, e com o avanço da pandemia, decidimos perguntar à UAlg, neste caso ao CRIA, como podíamos ajudar», conta Daniel Varela ao Sul Informação.

A expetativa dos dois jovens era, por exemplo, produzir viseiras nas impressoras 3D, algo que tem sido replicado por outras entidades, mas o desafio haveria de ser outro.

«O CRIA disse-nos que aquilo que estava mesmo em falta eram as zaragatoas. Então passámos o dia a pesquisar, a fazer testes e, na passada segunda-feira [29 de Março], entregámos as primeiras», diz Daniel.

Nuno Marques, presidente do Algarve Biomedical Center (ABC), também se recorda da estranheza com que os dois jovens receberam o pedido.

«Lembro-me de que nos contactaram a nós, ABC, dizendo que estavam prontos para colaborar na área da saúde. Aceitámos, como é natural, e até ficaram surpreendidos quando lhes dissemos que aquilo de que precisávamos era de zaragatoas», reforça ao Sul Informação.

É que este tem sido, de facto, um dos produtos com maior carência em todo o país, como a própria ministra da Saúde já admitiu.

«Meteram logo as mãos à obra para avançar com este trabalho, contando com o nosso acompanhamento, nomeadamente da professora Isabel Palmeirim, diretora do Mestrado Integrado em Medicina da Universidade do Algarve», reforça Nuno Marques.

«Demos-lhes logo a listagem dos materiais que podem usar, de acordo com a Organização Mundial de Saúde: uma haste de alumínio e a ponta, que é aquilo que colhe o vírus, feita de rayon (uma fibra sintética que é a mais indicada)», explica ainda.

 

Zaragatoas | Foto: Mark 6

 

Com base nisto, a empresa arranjou uma solução «para o que parecia ser mais difícil: juntar a ponta à haste para que ficassem bem colocadas».

Tudo estava pronto, mas faltava um ok final da parte das entidades competentes. «Enviámos o produto para o Instituto Ricardo Jorge que, tendo em conta os materiais em questão, não colocou nenhum problema. Fizemos testes em doentes, que sabíamos que eram positivos, e tudo correu também lindamente», recorda Nuno Marques.

Por enquanto, diz Daniel Varela, «estamos a fazer 300 zaragatoas por dia». «Mas o objetivo é sempre mais», acrescenta prontamente.

Para isso, «temos melhorado o método de produção. Já temos partes mais automatizadas e estamos a trabalhar para dar melhor resposta. Tem sido um desafio diário», confessa.

As zaragatoas estão a ser usadas tanto para testes à Covid-19, por exemplo, no drive-thru do Estádio Algarve, como nos rastreios que estão a ser feitos em todos os lares algarvios.

Para Vítor Aleixo, presidente da Câmara de Loulé, esta é «uma iniciativa de grande mérito, de dois jovens, que merece ser aplaudida». Além dos amigos de Daniel e Joana, é da autarquia, de resto, que têm ido alguns voluntários para ajudar à produção das zaragatoas.

Quanto à Mark 6, «já autorizou a divulgação da fórmula para que outros pontos no país possam também desenvolver estas zaragotas», adianta Nuno Marques.

É a maneira que Daniel Varela e Joana Pedroso arranjaram para que o seu trabalho possa ser replicado.

«O que nós queremos é ajudar o maior número de pessoas», conclui Daniel.

 

 

 

 

 




 

 

 

Ajude-nos a fazer o Sul Informação!
Contribua com o seu donativo, para que possamos continuar a fazer o seu jornal!

Clique aqui para apoiar-nos (Paypal)
Ou use o nosso IBAN PT50 0018 0003 38929600020 44

 

 

Comentários

pub