Em 13 dias do mês de Março, as escalas do Serviço de Urgências do Hospital de Faro não têm cirurgiões, noticiou este sábado o jornal Expresso.
Segundo o semanário, na origem desta situação está a ameaça de dez dos cirurgiões mais jovens de deixarem a unidade de saúde, «devido à diferença entre o que recebem pelo trabalho extraordinário nas Urgências (€15,8/hora) e o que é pago aos médicos contratados externamente (€50/h)».
O Expresso cita mesmo uma carta enviada esta semana ao diretor do serviço de Cirurgia, na qual os jovens médicos se dizem «disponíveis para rever a sua situação contratual, de modo a pôr cobro definitivo à ilegalidade». Caso contrário, ameaçam sair para o setor privado e só prestar serviços nos hospitais públicos como tarefeiros, mais bem pagos.
O jornal acrescenta que estes signatários «são os médicos mais novos do serviço de Cirurgia, que não podem recusar o trabalho extraordinário nas Urgências». Quanto aos mais velhos, já tinham informado que a partir de hoje, domingo, 1 de Março, se recusam a fazer horas extraordinárias nas Urgências, para além do estabelecido por lei.
Em consequência de tudo isto, há 13 dias do corrente mês de Março em que a Urgência do principal hospital da região do Algarve não têm cirurgiões escalados.
Em reação a esta situação, os deputados do PSD eleitos pelo círculo eleitoral de Faro anunciaram já que vão entregar, «com caráter de urgência», uma pergunta à ministra da Saúde para obter esclarecimentos sobre as notícias.
Em comunicado, os parlamentares social-democratas salientam que «os cirurgiões recebem perto de 15 euros por hora, enquanto o CHUA despende 50 euros hora com os tarefeiros, sendo que estas prestações de serviços têm crescido a um ritmo exponencial, consumindo recursos desproporcionais, quando estas contratações fazem apenas sentido para momentos de picos de procura».
O deputado Cristóvão Norte realça que «a carência é tão grande que a exceção é hoje a regra. Isto mina a lógica de grupo, o acompanhamento dos doentes, o sentimento de justiça e mostra a inação e incapacidade de melhorar as condições para fixar médicos que têm sido prometidas».
O deputado algarvio refere ainda que «não há nem vai haver novo hospital, não há investimento em equipamentos, estamos cada vez mais a correr com os médicos do SNS. São maltratados e desvalorizados. Tudo isto pesa no desnorte que se faz sentir no Algarve».
A pergunta dirigida à ministra Marta Temido vai ser entregue esta segunda-feira.
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