O lixo nosso de cada dia…por um futuro sem lixo para as nossas crianças

A história de uma menina sueca, residente no Algarve, que quer que o Presidente da República lance um apelo aos portugueses

A questão do lixo nas ruas, nas bermas das estradas, nas praias, no campo, preocupa-me. Na verdade, preocupa-me todo o lixo que não é separado, reciclado e ainda mais me preocupa o lixo que não é colocado no seu devido lugar.

Por onde quer que se ande por estes caminhos de Portugal, encontramos, no chão, as famigeradas garrafas de plástico e suas tampas, maços de cigarros vazios, palhinhas, sacos de plástico, resquícios caninos e beatas, muitas beatas.

E agora, com as férias, mais probabilidades há do lixo ter dificuldades em encontrar o seu verdadeiro destino. Sim, porque diga-se de passagem, é bem mais fácil jogar uma garrafa de água vazia para o chão do que guardá-la na mala até se encontrar um caixote do lixo… E o exemplo que se dá às crianças é muito mais interessante.

Talvez a questão do jogar beatas para o chão acabe agora por ser controlada, num ato de “civismo à força”. A aprovação no passado dia 19 de Julho, da classificação do descarte de pontas de cigarro para a via pública como contra-ordenação ambiental leve, com uma coima para quem não cumprir entre 25 e 250 euros, talvez ajude a minimizar o impacto das beatas – consideradas a maior fonte de lixo nos oceanos.

É que os filtros dos cigarros libertam poluentes do fumo como a nicotina, o arsénio e o chumbo, que são consumidos por várias espécies marinhas e que, eventualmente, acabam por vir parar ao nosso prato…

Para quem fuma e ainda não sabe, fica a informação: é PROIBIDO atirar beatas para o chão.

Ainda falando de lixo – todo o lixo que nós, seres humanos, persistimos em produzir, umas vezes por necessidade, outras por excesso de consumismo – porque é de lixo que este artigo trata, permitam-me que vos apresente Wendela Dahlberg. Nascida em Estocolmo, a 13 de Junho de 2013, residente no Algarve, em Portimão, desde 2015, Wendela é filha de pai sueco e mãe norueguesa. Sim, Wendela é sueca, tal como Greta Thunberg, a menina que luta contra as alterações climáticas.

Não é que a Suécia seja um país melhor ou pior do que qualquer outro. A verdade é que, estar na Natureza, faz parte do estilo de vida dos suecos e o respeito pelo Ambiente é algo que lhes é ensinado desde pequenos. Por isso, questões como a reciclagem, a produção de lixo e a emergência climática não passam despercebidas a estas crianças, mesmo quando não estão no seu país de origem.

Quando Wendela fez cinco anos, em vez de um presente convencional, pediu à mãe que a ajudasse a transmitir uma mensagem ao Presidente da República de Portugal. Na sua ingenuidade de criança, “o mais alto representante do Estado português” seria a única pessoa que podia fazer a diferença, “porque é ele que manda!”. Nós, adultos, sabemos que não bem é assim… Mas, vamos lá explicar isso a uma criança de cinco anos!

Conhecedores do plogging (correr, apanhar lixo, e continuar a correr) que curiosamente surgiu na Suécia, e após semanas a recolher lixo em espaços naturais próximo da sua casa com a família e alguns amigos, Wendela diz à sua mãe:

– “Isto é demasiado, não conseguimos apanhar todo o lixo sozinhos. Como presente de aniversário, desejo que a Natureza fique limpa, sem lixo para sempre! Temos de dizer isto ao Presidente e aos políticos de Portugal”.

A 5 de Junho de 2019, Dia Mundial do Ambiente, foi criada uma petição para que o nosso Presidente da República lance um apelo público no próximo dia 5 de Outubro, solicitando a todos os cidadãos residentes em Portugal que assumam um “Compromisso de Honra com o Ambiente”, não deixando qualquer rasto de lixo – nos espaços públicos, nos jardins, nos seus bairros, nas ruas, pela janela do carro, nas praias, nas florestas e na Natureza em geral.

Neste momento, a petição conta somente com cerca de cem assinaturas. Interrogo-me: será que nós, adultos que podemos assinar a petição, não preferimos um planeta Terra sem lixo?

O impacto tóxico do lixo no Ambiente, a médio e longo prazo, nos animais, nas plantas e na nossa saúde, é mais do que conhecido.

Será que têm de continuar a ser as crianças a nos abrirem os olhos para aquilo que persistimos em não querer ver? A vida no nosso Planeta está em perigo.

É tempo de agir. Antes que seja tarde.

As nossas crianças merecem um futuro. Sem lixo.

Clique aqui para ASSINAR PETIÇÃO

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