O estudo de diagnóstico de três Zonas Húmidas do Algarve, promovido pela Almargem – Associação de Defesa do Património Cultural e Ambiental do Algarve, defende a classificação das Alagoas Brancas, em Lagoa, como Área Protegida de Âmbito Local.
O mesmo estudo, que será apresentado numa sessão pública amanhã, 6 de Junho, às 10 horas, no Auditório da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Algarve (CCDR Algarve), em Faro, propõe também que uma grande parte dessa pequena zona húmida seja também classificada como sítio Ramsar, Important Bird Area (IBA) e ainda Zona de Proteção Especial (ZPE), ao abrigo da Diretiva Aves.
Quanto à criação da Área Protegida de Âmbito Local, o estudo defende que seja feita a «correspondente revisão do PDM em vigor de forma a assegurar os valores naturais da área».
Para a Zona A das Alagoas Brancas, a área mais sensível e importante, que engloba os canais de irrigação, galerias ripícolas, caniçais e juncais, assim como toda a área potencialmente alagável, são ainda propostas medidas de gestão do nível da água.

Através de um «sistema simples nos canais de drenagem», seria assim feito «o controlo da área alagável de modo a este ser otimizado para a conservação dos diferentes grupos de fauna e flora, e de modo às Alagoas Brancas poderem reter água doce durante a época seca».
Desta forma, acrescentam os autores do estudo, «poderiam ser criados vários ecossistemas dentro da zona húmida, controlando a cota, criando zonas de águas mais profundas que beneficiem anatídeos, garças e algumas limícolas pernaltas; zonas de lamas e águas pouco profundas de modo a beneficiar espécies limícolas de tarso curto e outras como o camão; É também recomendada a manutenção de zonas de seca sazonal que favorecem a ocorrência de charcos temporários mediterrânicos, habitat prioritário da Rede Natura 2000».
Outra proposta é que o acesso à zona A seja «condicionado» e «apenas permitido a trabalhos de gestão do nível das águas».
Quanto à Zona B, considerada como «zona tampão», as propostas de gestão passam pela sua requalificação «de forma a ser retirado o entulho e recuperada a flora local». Parte desse entulho foi colocada em 2017, para aterrar a zona e assim prepará-la para as construções que aí foram sendo permitidas.
No que diz respeito à visitação, propõe-se a «criação de uma ou duas estruturas de observação de avifauna, a instalar em locais estratégicos» e de forma a «causar a menor perturbação possível à fauna presente, e a criação de uma ligação pedestre entre eles».
O estudo sugere ainda «a conceção e instalação de conteúdos informativos e interpretativos, de apoio à identificação e importância das espécies presentes», «a divulgação do património natural da área de estudo como uma mais-valia, no sentido da sensibilização e educação ambiental destinada a atores locais».
O documento propõe igualmente «passagens para fauna», para «facilitar o acesso à zona húmida e evitar a mortalidade por atropelamento, nomeadamente para pequenos mamíferos, répteis ou anfíbios durante as suas 33 migrações sazonais para os locais de reprodução, deveriam ser construídas passagens sobre as estradas N124-1 e M1272».
O estudo, que apresenta a caracterização socioeconómica, geomorfológica e hidrológica da área, bem como a identificação das comunidades de flora existentes, e ainda de avifauna, artrópodes, répteis e anfíbios, realçando a sua importância no contexto ambiental, aponta também sugestões de propostas de estratégias de gestão para a sua preservação.

O estudo, resultante de uma candidatura aprovada ao Fundo Ambiental do Ministério do Ambiente e Transição Energética, foi coordenado pela Associação Almargem, com o apoio de coordenação científica da Sociedade Portuguesa para Estudo das Aves – SPEA.
Além das Alagoas Brancas, em Lagoa, foi ainda feito um diagnóstico exaustivo de outras duas zonas húmidas da região, nomeadamente a Foz do Almargem e Trafal, em Loulé, e a Lagoa dos Salgados e a Foz de Alcantarilha, em Albufeira e em Silves.
O Estudo contou com uma equipa técnica formada por especialistas independentes, bem como de entidades como o Centro de Investigação Marinha e Ambiental da Universidade do Algarve, do Tagis – Centro de Conservação das Borboletas de Portugal e do cE3c – Centre for Ecology, Evolution & Environmental Changes da Universidade de Lisboa.
Clique aqui para conhecer os estudos em pormenor.
PROGRAMA
CCDR ALGARVE – FARO | AUDITÓRIO | 6 JUNHO 2019
APRESENTAÇÃO DO ESTUDO “VALORIZAÇÃO DAS ZONAS HÚMIDAS DO ALGARVE”
10h00 – Receção dos Participantes
10h15 – Boas Vindas | Francisco Serra – Presidente da CCDR Algarve
Abertura | Anabela Santos – Vice-Presidente da Direção da Almargem
10h30 – Estudo de Valorização das Zonas Húmidas do Algarve – Filipa Mendes
(Almargem)
>Foz do Almargem e Trafal
>Lagoa dos Salgados e Foz de Alcantarilha
>Alagoas Brancas
12h00 – Mesa redonda
“Desafios no contexto territorial” – Moderadora Elisabete Rodrigues (Sul Informação)
Luís Graça, Deputado
Rogério Neto, Vereador da Câmara Municipal de Albufeira
Câmara Municipal de Lagoa (*)
Vitor Aleixo, Presidente da Câmara Municipal de Loulé
Pedro Coelho, Chefe da Divisão de Serviços Urbanos e Ambiente da Câmara Municipal de Silves
Almargem
ICNF (*)
13h00 – Encerramento
(*) a confirmar
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